Trabalho e Evolução Espiritual
Aylton Paiva
“O trabalho é lei da natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos.” (Questão 674 de O livro dos espíritos).
Para a Filosofia Espírita trabalho não é apenas uma atividade que se exerce para ganhar dinheiro e aumentar os gozos que a vida material pode oferecer.
Na questão 675, da citada obra, os Mentores Espirituais informam: “…o Espírito trabalha, assim como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho” (grifo nosso). Portanto o trabalho se impõe ao ser humano por ser consequência da sua própria natureza corpórea. Ele pode ser um instrumento de expiação, mas essencialmente é um meio de desenvolvimento da inteligência e da moral. Vivendo neste mundo material, para satisfazer suas necessidades básicas: alimentação, segurança e bem-estar, o homem tem que trabalhar, o que impulsiona ao progresso intelectual.
Assim, o trabalho é importante meio de participação no mundo em que se vive, e, especificamente, na sociedade que se faz parte. Ao trabalhar o homem cria e, consequentemente, torna-se um agente altivo do Supremo Criador; revela-se um cocriador dentro da vida. Independentemente da sua natureza, o trabalho traz em si mesmo a dignidade que deve ser respeitada, jamais servindo de motivo à humilhação ou exploração. É como pessoa e Espírito imortal que o ser humano está sujeito ao trabalho. Este deve servir para que ele se desenvolva intelectual e moralmente e, consequentemente, desenvolver a sociedade.
Essa é a visão espírita do trabalho é, também, a visão cristã. Constitui postulado da Doutrina Social Espírita e da Doutrina Social Cristã.
Conclui-se, pois, que o trabalho é para o homem e não o homem para o trabalho, afastando assim, moralmente, toda forma de exploração do ser pelo trabalho para satisfazer o interesse econômico. A pessoa jamais poderá ser reduzida a “instrumento de trabalho”.
A civilização cria muitos tipos de trabalho, nenhum dele, porém, poderá servir como meio de exploração do homem com o objetivo do lucro, nem ferir sua dignidade como ser humano. Quando isso acontece, surge a pobreza e a marginalização, evidenciando flagrante injustiça social.
A dimensão social e espiritual do homem não pode ser inibida quando ele estiver trabalhando.
O trabalho é seu instrumento de progresso social, intelectual e espiritual é necessário componente na sua dinâmica evolutiva.
Referências bibliográficas:
1. Allan Kardec. Tradução Guillon Ribeiro. O livro dos espíritos. 87 ª edição. 3ª Parte – cap. III – Da lei do trabalho. Ed. FEB.
2. Aylton Paiva. Espiritismo e Política: contribuições para a evolução do ser e da sociedade. Cap. 3. O trabalho segundo o Espiritismo, Ed. FEB.
Transcrito de: Boletim de Notícias do Movimento Espírita (Ismael Gobbo). 06 de janeiro de 2025.