REFUGIADOS
Em Doutrina Espírita falas de calamidades e tempos difíceis, simbolizando a própria situação como sendo a de alguém que se vê ante o rigor da tempestade.
E, ao mesmo tempo, regozijas-te com a fé, a cujo clarão te iluminas, à feição da pessoa que se reconhece sob teto seguro.
Não te esqueças, assim, dos companheiros expostos à intempérie, que te batem às portas do coração.
Chegam de todas as procedências.
Trilharam caminhos ásperos à procura de entendimento.
Alcançam-te as “áreas de trabalho, buscando apoio que os livre da insegurança.
Muitos deles mostram os pés sangrando a recordarem os espinheiros em que se enrodilharam pelo cansaço extremo;
outros trazem as mãos calejadas no esforço com que se escoraram em pedras rudes por agentes de salvação;
outros ainda se envolvem no frio do pessimismo, haurido ao contato de almas imaturas que lhes responderam aos testemunhos de afeto a golpes de incompreensão;
muitos exibem chagas de sofrimento a remanescerem das lutas travadas consigo mesmos, para não se marginalizarem na delinqüência;
surgem outros muitos revelando inibições complexas que adquiriram no trato com as desilusões que lhes abafaram as esperanças e outros muitos ainda carregam o cérebro dementado pela angústia cristalizada no espírito ante a força das provas a que se viram sujeitos.
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Se a luz da Doutrina Espírita já te alcançou a existência, não desprezes e nem reproves os irmãos que te abordam o campo de ideal e de ação, entremostrando sinais e feridas, lembrando os caminhos obscuros em que transitaram.
Recorda que o Cristo nos chamou para auxiliar.
Acolhe-os como puderes e faze-lhes o bem que possas.
São refugiados em tua construção de fé sem serem ainda viajores de espírito perfeito.
Qual nos ocorre, erigem-se por agora à posição de criaturas em evolução, entre erro e acerto, sombra e luz.
E se alguém te recriminar porque lhes estendas braços fraternos, insiste no bem e estende o bem, recordando as palavras do próprio Cristo quando asseverou não ter vindo à Terra para curar os sãos.
Emmanuel
(Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Caminhos de volta. Cap. Renovação em toda parte. São Bernardo do Campo: GEEM. 1975).