O médium Arigó em “Predestinado” e nos livros
Antonio Cesar Perri de Carvalho
Desde o dia 1o setembro vários cinemas do país estão exibindo o filme “Predestinado. Arigó e o espírito dr. Fritz”.
O filme focaliza o médium conhecido como Arigó – José Pedro de Freitas (1921-1971) -, um homem simples que com a esposa Arlete, morava em Congonhas do Campo, Minas Gerais.
Arigó se notabilizou como médium, realizando cirurgias espirituais e tratamentos com atuação do espírito dr. Fritz. Durante a década de 1950, época em que havia grande preconceito contra os médiuns e o Espiritismo, Arigó tornou-se um símbolo de esperança através de suas cirurgias e curas espirituais. Sua atuação prosseguiu durante os anos 1960, tendo desencarnado em acidente automobilístico em janeiro de 1971.
O filme deu foco nas ações mediúnicas e seus resultados positivos, as perseguições e condenações contra Arigó e o interesse popular que o médium suscitava.
O ator Dalton Mello faz o papel de Arigó e a atriz Juliana Paes, encenou a esposa do médium Arlete. Com 110 minutos de duração o filme foi dirigido por Gustavo Fernández e conta com a distribuição de Imagem Filmes.
Assistimos ao filme no início de sua exibição em São Paulo.
O enredo e as cenas cinematográficas provocaram-nos recordações dos tempos de nossa juventude, contemporâneo do fenômeno Arigó, quando acompanhamos os impactos e as polêmicas sobre o médium cirurgião na imprensa leiga e espírita e pelos livros, envolvendo jornalistas e pesquisadores. Após sua desencarnação prosseguiram as repercussões.
Naquela época escrevíamos sobre o médium no jornalzinho “Mocidade”, da Instituição Nosso Lar), em “colunas espíritas” de jornais de Araçatuba e, logo depois enviando matérias e notícias para as edições da Casa Editora O Clarim.
Recordamos que o presidente Juscelino Kubitschek chegou a procurar e era simpático ao médium e inclusive o indultou de uma condenação do ano de 1958.
A visita e os estudos do médico, com patente militar e parapsicólogo americano Henry Karel Puharic (1918-1995), conhecido pelo apelido Andrija, com equipe de especialistas envolvidos com pesquisas de médiuns, foram muito significativos e bem divulgados na época.
As análises e publicações de Jorge Rizzini e Herculano Pires foram marcantes, inclusive se antepondo às tendenciosas elocubrações do padre Quevedo, que se apresentava como parapsicólogo. Foi muito significativa a edição em 1963 do livro Arigó: vida, mediunidade e martírio, de autoria de Herculano Pires.
No histórico programa Pinga-Fogo, na TV Tupi de São Paulo, em julho de 1971, atendendo a uma pergunta, Chico Xavier comentou: “Conheci pessoalmente José Arigó durante três anos de convivência muito estreita, de 1954 a 1956. Sempre me pareceu um apóstolo legitimo da nossa causa espírita e, sobretudo, da mediunidade a serviço do bem, um pai de família exemplar, um amigo de todos os sofredores. Depois da nossa mudança para Uberaba, em 1959, perdemos contato mais direto com Arigó.”
O jornalista americano John G. Fuller (1913-1990), interessado em fenômenos paranormais, lançou em 1974 o livro Surgeon of the Rusty Knife, no Brasil editado com o título Arigó: O Cirurgião da Faca Enferrujada.
O jornalista e pesquisador britânico Guy Lyon Playfair (1935-2018) viveu no Brasil, no Rio de Janeiro e São Paulo, onde trabalhou como repórter e tradutor para diversas revistas americanas, britânicas e brasileiras. Em São Paulo, interessou-se pelas pesquisas de fenômenos mediúnicos e reencarnação, junto ao pesquisador Hernani Guimarães Andrade. Seus contatos com Arigó e Chico Xavier, estão relatados no seu livro The Flying Cow (1975), traduzido para o português e publicado com o título A Força Desconhecida. Chegamos a visitar Playfair em sua residência em Londres quando lançava um livro sobre Chico Xavier.
Nossa expectativa é que o filme contribua para o resgate histórico do marcante vulto da história do Espiritismo, estimule o interesse pelos fatos mediúnicos, e, inclusive pelos livros citados, disponíveis no mercado livreiro.