Fábrica de inverdades

Fábrica de inverdades

Antonio Cesar Perri de Carvalho

A internet abriu um mundo de imensas perspectivas dinamizando a comunicação.

No período da pandemia intensificaram-se as lives e os grupos de WhatsApp.

Concomitantemente aos benefícios gerados pela facilidade, rapidez e abrangência de comunicação, há muitos problemas.

Entre as questões preocupantes aparece a proliferação de informações relacionadas com mensagens espirituais de origem e de objetivos duvidosos.

Comumente recebemos mensagens gravadas ou escritas com abordagens sobre temas conflituosos da atualidade e algumas até com alusão específica a vultos da história e do presente do cenário político do país.

Aí se incluem deturpações, interpretações estranhas e até inverdades sobre propaladas falas e ações atribuídas a Chico Xavier.

É lamentável que, principalmente, alguns grupos de WhatsApp, com nítido interesse político-partidário disseminem inverdades nas áreas espiritual e espírita.

Nota-se um estímulo ao ambiente de radicalismos e até de ódios, procurando envolver-se setores e pensamentos ligados a religiões. No bojo dessas condições são produzidas ou alimentadas falas que favorecem inimizades.

Seriam enquadráveis no dizer tradicional, de falso profetismo, e, na atualidade, como fake news.

Um cuidado para se evitar intrigas e maledicências, relacionadas com as pessoas com quem não há afinidade e ocorrem animosidades, é a adoção do recurso de análise conhecido como as “as três peneiras”, atribuída a Sócrates: verdade, bondade e necessidade. Trata-se de uma reflexão sobre o que falar, como falar e quando falar. Essa proposta é citada em uma curta mensagem do espírito Irmão X intitulada “Os três crivos”, referindo-se à “lição de Sócrates, em questões de maledicência” (FCX. Aulas da Vida. IDEAL).

Há recursos espíritas para análise e avaliação de mensagens e textos.

Na análise de mensagens espirituais, Kardec empregou como base os princípios básicos, exarados em O livro dos espíritos para avaliar o conteúdo, a pertinência da forma e a autenticidade das informações espirituais.

A respeito dos cuidados com as mensagens espirituais, em O livro dos médiuns Kardec desenvolve vários capítulos, como: Das contradições e mistificações, Do charlatanismo e do embuste, Dissertações espíritas, e, neste último, até transcreve algumas mensagens que considerou como apócrifas (Cap. 27, 28 e 32). Kardec alerta: “Cumpre não esqueçamos que, entre os Espíritos, há, como entre os homens, falsos sábios e semi-sábios, orgulhosos, presunçosos e sistemáticos”.

A experiência vivenciada por Allan Kardec representa importante subsídio para as análises e avaliações das informações espirituais que circulam a mancheias pelas redes sociais.

Em síntese, há necessidade de se selecionar fontes de informações e empregar-se a razão, o bom senso e o conhecimento doutrinário para a filtragem de conteúdos que circulam pela internet.