AUTORIDADE

AUTORIDADE

Autoridade não é patrimônio exclusivo dos administradores, dos legisladores, dos juízes ou dos sacerdotes do mundo, como poderá parecer aos menos avisados de entendimento.

Cada criatura que detenha os tesouros da razão permanece ligada às obrigações da autoridade que, em toda a parte e em todas as circunstâncias, é mandato do Senhor.

O governante é constrangido a velar pelos governados.

O médico é responsável pelo doente.

O maior é tutor do menor.

O espírito esclarecido é devedor de luz ao ignorante que ainda se debate nas trevas.

O operário deve responder pela tarefa a que se confia.

Os pais são compelidos à orientação dos próprios filhos.

O homem que descobriu a fé renovadora deve paciência e exemplificação às consciências frias que ainda viajam no mundo, sob a neblina espessa da indiferença.

E, em torno de nossos passos, desenvolve-se a natureza, em todos os círculos de vida e amor, exigindo-nos auxílio, compreensão, carinho e assistência.

Temos autoridade sobre os animais e sobre as árvores, sobre as paisagens e sobre os acontecimentos que nos cercam e dessa autoridade daremos conta ao Poder Superior que rege o mundo e a vida.

Conhecimento é Responsabilidade.

Saber é Obrigação.

Progresso é também dívida da alma que se levanta e evolui, de vez que o plano inferior é sempre pedestal daquele que se agiganta e cresce na prosperidade material e espiritual.

Seja o Bem a Diretriz de nossa Autoridade, por onde transitemos na luta de cada dia…

Façamos de nossas horas sinais de aplicação positiva do nosso espírito aos ensinamentos do Senhor e, certo, em breve tempo, partilharemos a sublime autoridade dos verdadeiros aprendizes de Jesus, escalando em companhia deles a iluminada e gloriosa montanha da Vida Eterna.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Harmonização. Lição nº 03. São Bernardo do Campo: GEEM)

Participação dos espíritas na política

Participação dos espíritas na política

Em 3 de outubro de 1952, Eurípedes de Castro, representando a entidade União Evolucionista Cristã, se dirigiu a Pedro Leopoldo, Minas Gerais, com a missão de saber por meio de Chico Xavier a opinião de Emmanuel a respeito da participação dos espíritas na política.

Resposta de Emmanuel

“Meus amigos, muita paz. Acreditamos que a nossa função, em nos comunicar convosco, será sempre, a de cooperar, num convênio ativo de boa vontade, com os nossos irmãos encarnados, em favor da vitória do Bem.

Nesse sentido, cabe-nos louvar todas as iniciativas que guardam a felicidade coletiva por meta, uma vez que, colaborando, segundo cremos, na melhoria da unidade individual, em nossa tarefa de esclarecimento evangélico, devemos contribuir no engrandecimento do Todo.

Assim sendo, embora não seja lícito a nós outros, os Espíritos que vos precedem na grande viagem da verdade, a interferência indébita em vossas realizações na ordem política, em razão do organismo público de administração exigir a livre manifestação do homem de passagem na Crosta da Terra, admitimos que aos espíritas cristãos cabe o direito de participação nos serviços direcionais da vida pública, desde que lhes competem à frente da Doutrina, esclarecendo, pois, que só nos resta exaltar o trabalho do Bem infinito, nos variados setores em que se manifesta, com os nossos sinceros votos pelo triunfo vivo dos nossos companheiros que atualmente se consagram à plantação do Evangelho nos arraiais da política nacional.

Atentos aos compromissos de cristianização do homem, a partir de nossa própria renovação íntima, sob os padrões de Jesus, pedimos a bênção do Altíssimo para que nós todos, acima de tudo, possamos buscar o nosso dever bem cumprido.”

Extraído de:

https://radioboanova.com.br/avisaodeemmanuelsobreoespiritaeapolitica/

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Esclarecimento: Eurípedes de Castro (1920-1974). Em 3 de outubro de 1952, Eurípedes de Castro, representando a entidade União Evolucionista Cristã, se dirigiu a Pedro Leopoldo, Minas Gerais, com a missão de saber, por meio de Chico Xavier, a opinião de Emmanuel a respeito da participação dos espíritas na política. Foi deputado estadual em São Paulo; ligado a centros e integrou o Conselho Deliberativo Estadual da USE-SP.

Seguindo adiante

Seguindo adiante

Por mais se te fale de calamidades e crises, não permitas que o desânimo te alugue o coração para os comícios da rebeldia. Investir os valores do tempo em palavras de pessimismo é o mesmo que injetar venenoso entorpecente no espírito de quem ouve.

Somos todos na Terra criaturas em crescimento espiritual, dentro da perenidade da vida.

De quantas experiências precisou o homem para alcançar determinadas realizações do progresso exterior?

Quantas esperanças frustradas e quantas existências desfeitas para que a indústria seja hoje o grande facilitário do trabalho, para que a mente humana aprenda a raciocinar?

Efetivamente, observas pelos olhos da imprensa escrita e radiotelevisada as imensas lutas que se desenrolam de povo a povo.

Dramatizam-se delitos, patenteia-se o recrudescimento da crueldade que transparece do comportamento das criaturas, especialmente daquelas a quem o abuso dos tóxicos desfigurou o pensamento.

Multiplicam-se os processos da delinquência, vaticinam-se desastres, mas raros são aqueles que anotam o progresso constante das ciências psicológicas, curando a loucura e salvando vidas, o trabalho indescritível dos que combatem o emprego inadequado dos alucinógenos, o esforço gigantesco de quantos se empenham a cercear a violência e a presença da Divina Sabedoria, conservando a Terra por nave prodigiosa, evoluindo em rumo certo.

Haja o que houver, trabalha na edificação do bem e segue adiante.

Reflete na semente, vencendo os obstáculos do solo para desabrochar com a finalidade de servir.

Medita na árvore podada, melhorando a produção que lhe é própria.

Dor, na maioria das vezes, é o tributo que se paga ao aperfeiçoamento espiritual.

Problema é desafio indispensável ao aprimoramento do raciocínio.

Dificuldade mede eficiência.

Ofensa avalia compreensão.

A própria morte é nova forma de vida.

Por mais te requisitem a presença na retaguarda, presta à retaguarda o auxílio que se te faça possível, mas segue para a frente.

Não descreias do bem.

O mal é sempre desequilíbrio e todo desequilíbrio reclama reajuste.

Ainda mesmo te encontres em tamanho labirinto e que a vida te pareça extensa noite, recorda que as estrelas reinam sobre as trevas e que, por mais espessas se mostrem as sombras noturnas, determinam as Leis de Deus que amanhã seja novo dia.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Inspiração. São Bernardo do Campo: GEEM)

O exemplo da fonte

O exemplo da fonte

Um estudante da sabedoria, rogando ao seu instrutor lhe explicasse qual a melhor maneira de livrar-se do mal, foi por ele conduzido a uma fonte que deslizava, calma e cristalina, e, seguindo lhe o curso, observou:

- Veja o exemplo da fonte, que auxilia a todos, sem perguntar, e que nunca se detém até alcançar a grande comunhão com o oceano. Junto dela crescem as plantas de toda a sorte, e em suas águas dessedentam-se animais de todos os tipos e feitios.

Enquanto caminhavam, um pequeno atirou duas pedras a corrente e as águas as engoliram em silêncio, prosseguindo para diante. – Reparou? – disse o mentor amigo – a fonte não se insurgiu contra as pedradas.

Recebeu-as com paciência e seguiu trabalhando.

Mais à frente, viram grosso canal de esgoto arremessando detritos no corpo alvo das águas, mas a corrente absorvia o lodo escuro, sem reclamações, e avançava sempre.

O professor comentou para o aprendiz:

- A fonte não se revolta contra a lama que lhe atiram a face. Recolhe-a sem gritos e transforma-a em benefícios para a terra necessitada de adubo.

Adiante ainda, notaram que, enquanto andorinhas se banhavam, lépidas, feios sapos penetravam também a corrente e pareciam felizes em alegres mergulhos.

As águas amparavam a todos sem a mínima queixa.

O bondoso mentor indicou o lindo quadro ao discípulo e terminou:

- Assinalemos o exemplo da fonte e aprenderemos a libertar-nos de qualquer cativeiro, porque, em verdade, só aqueles que marcham para diante, com o trabalho que Deus lhes confia, sem se ligarem às sugestões do mal, conseguem vencer dignamente na vida, garantindo, em favor de todos, as alegrias do Bem Eterno.

Meimei

(Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Ideias e ilustrações. Cap. 21. FEB)

ESPIRITISMO E LIBERDADE

ESPIRITISMO E LIBERDADE

 

É indispensável que o Espiritismo, na função de Consolador Prometido pelo Cristo de Deus, veio aos homens, sobretudo, para liberá-los da treva de espírito.

Que emancipação, porém, será essa?

Surpreenderíamos, acaso, a Nova Revelação procedendo à maneira de um louco que dinamitasse um cais antigo, à frente do mar, sem edificar, antes, um cais novo que o substituísse?

Claro que os princípios espíritas acatam os diques de natureza moral construídos pelas tradições nobres do mundo, destinados à segurança da alma, conquanto lhes observe a vulnerabilidade do fundo, vulnerabilidade essa sempre suscetível de favorecer os mais fortes contra os mais fracos e de apoiar os astutos em pre juízo dos simples de coração; embora isso, levantam barreiras de proteção muito mais sólidas, a benefício das criaturas, porquanto nos esculpem no próprio ser a responsabilidade de sentir e pensar, falar e agir, diante da vida.

Ninguém se iluda quanto à independência instalada pela Doutrina Espírita, nos recessos de cada um de nós, sempre que nos creiamos no falso direito de praticar inconveniências em regime de impunidade.

Muito mais que os preconceitos e tabus, instituídos pelos homens, como frágeis recursos de preservação dos valores espirituais na Terra, o Espiritismo Cristão nos entrega dispositivos muito mais seguros e sensatos, na garantia da própria defesa, de vez que não nos acena com céus ou infernos exteriores, mas, ao revés disso, nos faz reconhecer que o céu ou o inferno são criações nossas funcionando indiscutivelmente em nós mesmos.

Enfim, para não nos alongarmos em teorização excessiva, observemos tão – somente que o espírita é livre, não para realizar indiscriminadamente tudo quanto deseje, e sim para fazer aquilo que deve.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Doutrina de luz. São Bernardo do Campo: GEEM)

PAZ DE ESPÍRITO

PAZ DE ESPÍRITO

Temos hoje, em toda parte da terra, um problema essencial a resolver, a aquisição da paz de espírito, em que se desenvolvem todas as raízes da solução aos demais problemas que sitiam a alma.

Que diretrizes, porém, adotar na obtenção de semelhante conquista?

Usar a força, impor condições, armar circunstâncias?

Não desconhecemos, no entanto, que a tensão apenas consegue impedir o fluxo das energias criadoras que dimanam das áreas ocultas do espírito, agravando conflitos e mascarando as realidades profundas de nossa vida íntima, habitualmente imanifestas.

A paz de espírito, ao contrário, exclui a precipitação e a inquietude, para deter-se e consolidar-se na serenidade e no entendimento.

Para adquiri-la, por isso mesmo, urge entregar as nossas síndromes de ansiedade e de angústia à providência invisível que nos apóia.

As ciências psicológicas da atualidade nomeiam esse recurso como sendo "o poder criativo e atuante do inconsciente", mas, simplificando conceitos, a fim de adaptá-los ao clima de nossa fé, chamamos-lhe "o poder onisciente de Deus em nós".

Render-nos aos desígnios de Deus, e confiar a Deus as questões que nos surjam intrincadas no cotidiano, é a norma exata da tranqüilidade suscetível de garantir-nos equilíbrio no mundo interno para o rendimento ideal da vida.

Colocar à conta de Deus a parte obscura de nossa caminhada evolutiva, mas sem desprezar a parte do dever que nos compete.

Trabalhar e esperar, realizando o melhor que pudermos.

Fé e serviço, calma sem ócio.

Pensemos nisso e alijemos o fardo dos agentes destrutivos de ódio, ressentimento, culpa, condenação, crítica ou amargura que costumamos arrastar no barro da hostilidade com que tratamos a vida, tanta vez arruinando tempo e saúde, oportunidade e interesses.

Fundamentemos a nossa paz de espírito numa conclusão clara e simples: "Deus que nos tem sustentado, até agora, nos sustentará também de agora em diante."

Em suma, recordemos o texto evangélico que nos adverte sensatamente: "Se Deus é por nós, quem poderia ser contra!"

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido.Pelo Espírito Emmanuel. Alma e Coração. Lição nº 37. São Paulo: Ed.Pensamento)

Mensagem de união

Mensagem de união

“Filhos, o Senhor nos abençoe.

Solidários, seremos união.

Separados uns dos outros, seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.

Distanciados entre nós, continuaremos à procura do trabalho com que já nos encontramos honrados com a Providência Divina.

Crede! A humildade e a paciência no mecanismo de nosso relacionamento são as energias de entrosagem de que não podemos prescindir, na execução de nossos compromissos.

Roguemos, pois, a Deus a força indispensável para nos sustentar fiéis aos nossos compromissos de união em torno do Evangelho de Cristo, a fim de concretizar-lhe os princípios de amor e luz.

Mantenhamos unidos, em Jesus, para edificar e acender Kardec no caminho de nossas vidas, porque unicamente assim, agindo com a fraternidade e progredindo com o discernimento, é que conseguiremos obter os valores que nos erguerão na existência em degraus libertadores de paz e ascensão.

Bezerra de Menezes"

(Originalmente publicada em: Unificação. USE. Ano XXVII. No. 309. São Paulo. Novembro-dezembro de 1980; extraido de: Carvalho, Antonio Cesar Perri. União dos espíritas. Para onde vamos? 1.ed. Capivari: EME. 2018. 144p).

BONS ESPÍRITOS

BONS ESPÍRITOS

Reunião Pública de 11.07.1960. Questão nº 267. Parágrafos 1º, 2º e 3º.

Quando em dificuldade, assinalas, contente, a mão que te oferta auxílio espontâneo.

Se sofres, adquires ânimo novo, perante alguém que te reanima.

Doente, sabes ser reconhecido a quem te socorre.

Em erro, apresentas-te renovado, diante daquele que te apóia o reajuste, sem recorrer à condenação.

Solitário, encontras a presença do amor no companheiro que te dirige a boa palavra.

Sabes que te enganas muitas vezes, apesar do teu devotamento à verdade, e que, em muitas circunstâncias, pareces abraçar a ingratidão e a agressividade, não obstante o propósito de honrar a justiça, e, por esse motivo, dignificas todos aqueles que te estendam bondade e compreensão.

Respeitas quem te não dá prejuízo.

Admiras quem não te fere as convicções.

Estimas a quem te ajuda sem perguntar.

Abençoas a quem não te cria problemas.

Agradeces a quem te aprecia a nobre intenção.

Em suma, recolhes reconforto e felicidade junto de todo aquele que te aceita como és, amparando-te as necessidades sem exigir-te certificados de perfeição e exames de consciência.

Pelo auxílio que recebes, conheces, perfeitamente, o auxílio que podes prestar. Identificarás, assim, facilmente, a condição do Amigo Desencarnado.

Se ele deseja comunicar-te o bem a que aspira, em favor de si mesmo, não permitirá que faças ao próximo aquilo que não queres te seja feito.

O Bom Espírito, por isso, não é somente aquele que te faz bem, mas, acima de tudo, o que te ensina a fazer bem aos outros para que sejas igualmente um Espírito Bom.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Seara dos Médiuns. Cap. 51. FEB)

PERANTE A CODIFICAÇÃO KARDEQUIANA

PERANTE A CODIFICAÇÃO KARDEQUIANA

A Codificação Kardequiana orienta o homem para o “construir-se”, de dentro para fora.

Com semelhante afirmativa numerosas legendas repontam do plano individual, ampliando os distritos do mundo interior para a reestruturação da personalidade, ante o continuísmo da vida.

Edificação íntima, em cujo levantamento a criatura pode concluir de maneira instintiva:

Deus é nosso Pai, mas a certeza disso não me exonera da responsabilidade de burilar-me, trabalhar e viver;

moro presentemente na Terra, com a obrigação de compartilhar-lhe o progresso;

entretanto, na essência, sou um espírito eterno, evoluindo na direção da Imortalidade; atravesso atualmente caminhos determinados pela lei da causa e efeito;

contudo, já sei que desfruto o privilégio de renovar o próprio destino pelo uso sensato da liberdade de escolha;

travo duras batalhas no campo externo, mas compreendo que a maior de todas elas é a que sustento, dia por dia, no campo íntimo, procurando a vitória sobre mim mesmo;

possuo a família do coração;

todavia em todos os seres da estrada, encontro irmãos verdadeiros, componentes da família maior a que todos pertencemos – a Humanidade;

sofro desafios e obstáculos, nas vias planetárias, porém guardo a certeza de que a alegria imperecível é a meta que me cabe atingir;

desilusões de provas me assaltam comumente a senda diária;

no entanto, reconheço que preciso aceitá-las por lições valiosas, necessárias, aliás, à minha própria formação espiritual, na academia da experiência;

o mundo por vezes passa por transições inesperadas e rudes, todavia, tenho a paz imutável, no âmago do ser;

o tempo é a minha herança incorruptível; a morte ser-me-á simplesmente estreito corredor para o outro lado da vida.

Revela-nos Jesus que o Reino de Deus está dentro de nós, e Allan Kardec complementa-lhe a obra ensinando-nos a desentranhá-lo, através de ação e discernimento, serviço e amor, a fim de que o homem sublimado consiga sublimar a Terra para que a Terra, por fora e por dentro, se incorpore, em espírito e verdade, ao Reino dos Céus.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Doutrina de luz. São Bernardo do Campo: GEEM)

Palavra

Palavra

Reunião pública de 18/4/60 – Questão nº 166

Quando te detenhas na apreciação da mediunidade falante, pensa na maravilha do verbo, recordando que todos somos médiuns da palavra.

A glote vocal pode ser comparada a harpa viva em cujas cordas a alma exprime todos os cambiantes do pensamento. E sendo o pensamento onda criadora a integrar-se com outras ondas de pensamento com as quais se harmoniza, a fala, de modo invariável, reflete o grupo moral a que pertencemos.

Veículo magnético, a palavra, dessa maneira, é sempre fator indutivo, na origem de toda realização. Com ela, propagamos as boas obras, acendemos a esperança, fortalecemos a fé, sustentamos a paz, alimentamos o vício ou nutrimos a delinqüência. E isso acontece, porque, em verdade, nunca falamos sozinhos, mas sempre retratamos as influências da sombra ou da luz que nos circulam no âmbito mental.

Toda vez que ensinamos ou conversamos, nossa boca assemelha-se a um alto-falante, em conexão com o emissor da memória, projetando na direção dos outros não apenas a resultante de nossas leituras ou de nossos conhecimentos, mas igualmente as idéias e sugestões que nos são desfechadas pelas criaturas encarnadas ou desencarnadas com as quais estejamos em sintonia.

Não menosprezes, portanto, o dom de falar que nos facilita a comunhão com os outros seres. Guarda-o na luz do respeito e da justiça, da bondade e do entendimento, sem olvidar que atitude é alavanca invisível de ligação.

Através de nossos conceitos orais, o pessimismo é porta aberta ao desânimo, o sarcasmo é corredor rasgado para a invasão do descrédito, a cólera é gatilho à violência, o azedume é clima da enfermidade e a irritação é fermento à loucura.

Desse modo, ainda que trevas e espinheiros se alonguem junto de ti, governa a própria emoção e pronuncia a palavra que instrua ou console, ajude ou santifique.

Mesmo que a provocação do mal te instigue à desordem, compelindo-te a condenar ou ferir, abençoa a vida, onde estiveres. A palavra vibra no alicerce de todos os males e de todos os bens do mundo. Falando, o professor alça a mente dos aprendizes às culminâncias da educação, e, falando, o malfeitor arroja os companheiros para o fojo do crime.

Sócrates falou e a visão filosófica foi alterada.

Jesus falou e o Evangelho surgiu.

O verbo é plasma da inteligência, fio da inspiração, óleo do trabalho e base da escritura.

Todos somos medianeiros daqueles que admiramos e daqueles que ouvimos.

Aprendamos, assim, a calar toda frase que malsine ou destrua, porque, conforme a Lei do Bem promulgada por Deus, toda palavra que obscureça ou enodoe é moeda falsa no tesouro do coração.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Seara dos médiuns. Cap. 27. FEB)