Assunto de guerra

Assunto de guerra

Os Emissários da Sabedoria Divina, junto dos homens, para estabelecerem facilidade e proteção, conforto e segurança à existência terrestre, em nome de Deus, inspiraram a inteligência humana, induzindo-a à criação de inventos e descobertas. E os homens, em resposta a semelhantes doações, usaram-nas, em muitos casos, de modo contraproducente, segundo o próprio livre-arbítrio que lhes é peculiar.

Concedeu-se aos homens a dinamite para a remoção de pedreiras é obstáculos, de modo a facilitar as vias de comunicação entre as criaturas. Os homens cientificaram-se, quanto ao poder explosivo da dinamite e fabricaram a bomba arrasaquarteirão, aniquilando milhões de vidas.

Deu-se aos homens o trator para estimular o progresso da agricultura. Os homens observaram a força das máquinas pesadas e construíram o tanque de guerra para matar.

Ofertou-se aos homens o avião para que pudessem facilmente vencer distância e tempo, a benefício dos seus próprios interesses. Os homens anotaram as originalidades do avião e fizeram os bombardeiros que exterminam populações indefesas.

Presenteou-se aos homens com a rádio-televisão, a fim de incrementarem a cultura e a fraternidade entre os povos. Os homens, em maioria, estudaram a rádio-televisão e criaram sistemas e códigos para a garantia da espionagem e formularam esquemas artísticos que induzem a mente infanto-juvenil à criminalidade.

Concederam-se aos homens os medicamentos da paz e do socorro capazes de assegurar a anestesia em apoio aos enfermos. Os homens, em grande parte, passaram a pesquisar os sedativos misericordiosos e fizeram os tóxicos que atualmente no mundo ampliam consideravelmente os índices da loucura e da delinquência.

Presenteou-se aos homens com a desintegração atômica, em apoio da indústria e da civilização. Os homens reconheceram o imenso potencial de energias que se lhes confiavam às mãos e estruturaram novas armas de alto poder destrutivo.

À vista disso, enquanto muitos diplomatas e orientadores da concórdia discutem as possibilidades de uma nova guerra no Ocidente, qualquer irmão desinformado quanto aos problemas internacionais, poderá concluir de quem será a culpa.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Confia e segue. Cap. 20. São Bernardo do Campo: GEEM. 1984)

AÇOITANDO O AR

AÇOITANDO O AR

“Eu por minha parte assim corro, não como na incerteza; de tal modo combato, não como açoitado o ar.” – Paulo. ( I CORÍNTIOS, 9:26.)

Definindo o trabalho intenso que lhe era peculiar na extensão do Evangelho, disse o apóstolo Paulo com inegável acerto: “Eu por minha parte assim corro, não como na incerteza; de tal modo combato, não como açoitado o ar”.

Hoje como ontem, milhares de aprendizes da Boa Nova gastam-se inutilmente, através da vida agitada, asseverando-se em atividade do Mestre, quando apenas simbolizam números vazios nos quadros da precipitação.

Possuem planos admiráveis que nunca realizam.

Comentam, apressados, os méritos do amor, guardando lamentável indiferença para com determinados familiares que o Senhor lhes confia.

Exaltam a tolerância, como fator de equilíbrio no sustento da paz, contudo se queixam amargamente do chefe que lhes preside o serviço ou do subordinado que lhes empresta concurso.

Recebem os problemas que o mundo lhes oferece, buscando o escape mental.

Expressam-se, acalorados, em questões de fé, alimentando dúvidas íntimas quanto à imortalidade da alma.

Exigem a regeneração plena dos outros, sem cogitar de reajustamento a si mesmos.

Clamam, acusam, projetam, discutem, correm, sonham…

Mas, visitados pela crise que afere em cada Espírito os valores que acumulou em si próprio, diante da vida eterna, vacilam, desencantados, nas sombras da incerteza, e, quando chamados pela morte do corpo à grande renovação, reconhecem, aflitos, que em verdade estiveram na carne combatendo improficuamente, como quem passa na Terra açoitando o ar.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Palavras de vida eterna. Cap. 26. Uberaba: CEC)

Sigamos a paz

Sigamos a paz

“Busque a paz e siga-a.” – Pedro (1ª Epístola de Pedro, 3:11).

Há muita gente que busca a paz; raras pessoas, porém, tentam segui-la.

Companheiros existem que desejam a tranqüilidade por todos os meios e suspiram por ela, situando-a em diversas posições da vida; contudo, expulsam-na de si mesmos, tão logo lhes confere o Senhor as dádivas solicitadas.

Esse pede a fortuna material, acreditando seja a portadora da paz ambicionada, todavia, com o aparecimento do dinheiro farto, tortura-se em mil problemas, por não saber distribuir, ajudar, administrar e gastar com simplicidade.

Outro roga a bênção do casamento, mas, quando o Céu lha concede, não sabe ser irmão da companheira que o Pai lhe confiou, perdendo-se através das exasperações de toda sorte.

Outro, ainda, reclama títulos especiais de confiança em expressivas tarefas de utilidade pública, mas, em se vendo honrado com a popularidade e com a expectativa de muitos, repele as bênçãos do trabalho e recua espavorido.

Paz não é indolência do corpo.

É saúde e alegria do espírito.

Se é verdade que toda criatura a busca, a seu modo, é imperioso reconhecer, no entanto, que a paz legítima resulta do equilíbrio entre os nossos desejos e os propósitos do Senhor, na posição em que nos encontramos.

Recebido o trabalho que a Confiança Celeste nos permite efetuar, é imprescindível saibamos usar a oportunidade em favor de nossa elevação e aprimoramento.

Disse Pedro – “Busque a paz e siga-a";

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. Cap. 79. Brasília: FEB).

SUPORTEMOS

SUPORTEMOS

"Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita…" (Tiago 1:4)

Detém-te um minuto no torvelinho das preocupações costumeiras e repara que deves o próprio equilíbrio à Paciência divina, a sustentar-nos em cada instante da vida, através de mil modos.

Muita gente, talvez, em te fitando na ternura do recém -nato, duvidasse da tua capacidade de sobreviver para a existência terrestre, mas Deus teve paciência contigo e conferiu-te o devotamento materno que te ajudou a ativar as energias do próprio corpo.

Entendidos em psicologia, em te anotando a intempestividade infantil, provavelmente desconfiaram da tua possibilidade de alfabetização, mas Deus teve paciência contigo e concedeu-te a heróica ternura de professores abnegados que te abriram novos horizontes no campo da educação.

E a paciência do Senhor, cada dia, permite, generosa, que tales plantas inermes, que te assenhoreis do suor e do sangue dos animais, que te apropries das forças da Natureza e que te valhas, indiscriminadamente, do concurso dos semelhantes para que te alimentes e mediques, restaures e instruas.

Lembra-te dessa Paciência Perfeita que te beneficia, e cultiva paciência para com os outros.

O companheiro cuja aspereza te ofende e o aprendiz cuja insipiência te irrita são irmãos que te rogam cooperação, e entendimento, e quantos te caluniem ou apedrejem são doentes que te pedem simpatia e consolo… as para que colabores e compreendas, harmonizes e reconfortes é necessário que a tolerância construtiva te alente os passos.

À frente dos óbices de todo gênero, guarda a paciência que ajuda, e, diante dos ataques de toda ordem, cultiva a paciência que esquece.

Escuda-te, pois, na paciência para com todos, sem jamais te esqueceres de que a alegria dos homens é a Paciência de Deus.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Palavras de vida eterna. Cap.55. Uberaba: CEC)

SE ASPIRAS A SERVIR

SE ASPIRAS A SERVIR


“Aprendi a contentar-me com o que tenho.” – Paulo
(FILIPENSES, 4:11.)

Afirmas-te no veemente propósito de servir; entretanto, para isso, apresenta cláusulas
diversas.
Dispões de recursos próprios, conquanto humildes, para as tarefas do socorro material;
contudo, esperas pelo dinheiro dos outros.
Tens contigo vastas possibilidades para alfabetizar os necessitados de instrução, mas
esperas um título oficial que talvez nunca chegue.
Mostras pés e braços livres que te garantem o auxílio aos irmãos em prova; entretanto,
esperas acompanhantes que provavelmente jamais se decidam ao concurso fraterno.
Relacionas talentos múltiplos, a fim de cumprires abençoada missão de amor puro entre
os homens; todavia, esperas em família pelo companheiro ideal.
Se acordaste para a cooperação com Jesus, recorda a afirmativa de Paulo: “Aprendi a
contentar-me com o que tenho”.
Quando o apóstolo escreveu essa confissão, estava preso em Roma.
Em torno dele, o ambiente doloroso do cárcere. Guardiães desalmados, companheiros
infelizes, pragas e palavrões. Nem sempre pão à mesa, nem sempre água pura, nem
sempre consolação, nem sempre voz amiga…
No entanto, ao invés de desanimar, o pioneiro do Evangelho cede vida e força,
serenidade e bom ânimo de si próprio.
Se aspiras a servir aos outros, servindo a ti mesmo, no reino do Espírito, não percas
tempo na expectativa inútil, pois todo aquele que sente, e age com o Cristo, vive satisfeito
e procura melhorar-se, melhorando a vida com aquilo que tem.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Palavras de vida eterna. Cap. 85. Uberaba: CEC)

 

BENEFICÊNCIA E PACIÊNCIA

BENEFICÊNCIA E PACIÊNCIA

“A caridade é paciente e benigna…” – Paulo (I CORÍNTIOS, 13:4.)

Beneficência, sim, para com todos:

Prato dividido.

Veste aos nus.

Remédio aos doentes.

Asilo aos que vagueiam sem teto.

Proteção à criança sem teto.

Auxílio ao ancião em desvalimento.

Socorro às viúvas.

Refúgio aos indigentes.

Consolo aos tristes.

Entretanto, é preciso estender a bondade igualmente noutros setores:

Compreensão em família.

Trabalho sem queixa.

Cooperação sem atrito.

Pagamento sem choro.

Atenção a quem fale, ainda mesmo sem qualquer propósito edificante.

Respeito aos problemas dos outros.

Serenidade às provocações.

Tolerância para com as idéias alheias.

Gentileza na rua.

A beneficência pode efetuar prodígios, levantando a generosidade e conquistando a gratidão; contudo, em nome da caridade, toda beneficência, para completar-se, não pode viver sem a paciência.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Palavras de vida eterna. Cap.94. Uberaba: CEC)

 

CHAMAMENTO DIVINO

CHAMAMENTO DIVINO

"… Disse ao servo: sai depressa pelas ruas e bairros da cidade e traze aqui os pobres, os aleijados, mancos e cegos.” – Lucas, 14:21.

Muita gente alega incapacidade de colaborar nos serviços do bem, sob a égide do Cristo, relacionando impedimentos morais.

Há quem se diga errado em excesso; há quem se afirme sob fardos de remorsos e culpas; há quem se declare portador de graves defeitos, e quem assevere haver sofrido lamentáveis acidentes da alma…

Entretanto, a palavra de Jesus se dirige a todos, sem qualquer exceção.

Pobres de virtude, aleijados do sentimento, coxos do raciocínio e cegos do conhecimento superior são chamados à edificação da era nova.

Isso porque, em Jesus, tudo é novo para que a vida se renove.

Espíritos viciados, inibidos, desorientados e ignorantes de ontem, ao toque do Evangelho, fazem-se hoje cooperadores da Grande Causa, esquecendo ilusões, desfazendo cárceres mentais, suprimindo desequilíbrios e dissipando velhas sombras.

Se a realidade espiritual te busca, ofertando-te serviço no levantamento das boas obras, não te detenhas, apresentando deformidades e frustrações.

No clima da Boa Nova, todos nós encontramos recursos de cura e reabilitação, reerguimento e consolo.

Para isso, basta sejamos sinceros, diante da nossa própria necessidade de corrigenda, com o espírito espontaneamente consagrado ao privilégio de trabalhar e servir.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Palavras de vida eterna. Cap. 127. Uberaba: CEC).

COMPAIXÃO EM FAMÍLIA

COMPAIXÃO EM FAMÍLIA

"Mas se alguém não tem cuidado dos seus e, principalmente dos da sua família, negou a fé …" Paulo. (I Timóteo, 5:8. )

São muitos assim,

Descarregam primorosa mensagem nas assembléias, exortando o povo à compaixão; bordam conceitos e citações, a fim de que a brandura seja lembrada; Entretanto, no instituto doméstico, são carrascos de sorriso na boca.

Traçam páginas de subido valor, em honra da virtude, comovendo multidões; mas não gravam a mínima gentileza nos corações que os cercam entre as paredes familiares.

Promovem subscrições de auxílio público, em socorro das vítimas de calamidades ocorridas em outros continentes, transformando-se em titulares da grande benemerência; contudo, negam simples olhar de carinho ao servidor que lhes pões a mesa.

Incitam a comunidade aos rasgos de heroísmo econômico, no levantamento de albergues e hospitais, disputando créditos publicitários em torno do próprio nome; entretanto, não hesitam exportar, no rumo do asilo, o avô menos feliz que a provação expões à caducidade.

Não seremos nós quem lhes vá censurar semelhante procedimento.

Toda migalha de amor está registrada na lei, em favor de quem a emite.

Mais vale fazer bem aos que vivem longe, que não fazer bem algum.

Ajudemos, sim, ajudemos aos outros, quanto nos seja possível; entretanto, sejamos igualmente bons para com aqueles que respiram em nosso hálito. Devedores de muitos séculos, temos em casa, no trabalho, no caminho, no ideal ou na parentela, as nossas principais testemunhas de quitação.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Palavras de vida eterna. Cap. 107. Uberaba: CEC)

JESUS, KARDEC E NÓS

JESUS, KARDEC E NÓS

E – Cap. XVII – Item 8 (*)

Se Jesus considerasse a si mesmo puro demais, a ponto de não tolerar o contato das fraquezas humanas; se acreditasse que tudo deve correr por conta de Deus; se nos admitisse irremediavelmente perdidos na rebeldia e na delinqüência; se condicionasse o desempenho do seu apostolado ao apoio dos homens mais cultos; se aguardasse encosto dinheiroso e valimento político a fim de realizar a sua obra ou se recuasse, diante do sacrifício, decerto não conheceríamos a luz do Evangelho, que nos descerra o caminho à emancipação espiritual.

°°°

Se Allan Kardec superestimasse a elevada posição que lhe era devida na aristocracia da inteligência, colocando honras e títulos merecidos, acima das próprias convicções; se permanecesse na expectativa da adesão de personalidade ilustres à mensagem de que se fazia portador; se esperasse cobertura financeira para atirar-se à tarefa; se avaliasse as suas dificuldades de educador, com escasso tempo para esposar compromissos diferentes do magistério ou se retrocedesse, perante as calúnias e injúrias que lhe inçaram a estrada, não teríamos a codificação da doutrina Espírita, que complementa o Evangelho, integrando-nos na responsabilidade de viver.

°°°

Refletindo em Jesus e Kardec, ficamos sem compreender a nossa inconsequência, quando nos declaramos demasiadamente virtuosos, ocupados, instruídos, tímidos , incapazes ou desiludidos para atender às obrigações que nos cabem na Doutrina Espírita. Isso porque se eles – o Mestre e o Apóstolo da renovação humana – passaram entre os homens, sofrendo dilacerações e exemplificando o bem, por amor à verdade, quando nós – consciências endividadas, fugimos de aprender e servir, em proveito próprio, indiscutivelmente, estaremos sem perceber, sob a hipnose da obsessão oculta, carregando equilíbrio por fora e loucura por dentro.

Emmanuel

(*) O Evangelho segundo o Espiritismo.

(Xavier, Francisco Cândido; Vieira, Waldo. Pelos espíritos Emmanuel e André Luiz. Opinião espírita. Cap. 4. Uberaba: CEC)

NAS PALAVRAS

NAS PALAVRAS

“Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados…” (TIAGO, 5:9.)

Mergulhar o divino dom da palavra no vaso lodoso da queixa é o mesmo que inflamar preciosa lâmpada no conteúdo da lata de lixo.

Não transformes a própria frase em lama sobre chagas abertas.

Podes mobilizar a maravilha do verbo, para reajustar o bem, sem necessidade de estender o mal.

Ergue a esperança, ao pé dos que desfaleceram na luta.

Exalta a excelência do amor, perante aqueles que o ódio intoxica.

Louva as perspectivas da fé, ao lado dos que choram no desencanto.

Aponta as qualidades nobre do amigo que caiu em desvalimento.

Destaca as possibilidades de auxiliar onde os outros somente encontram motivos para censura.

Desdobra o trabalho restaurador onde o pessimismo condena.

Procura o lado melhor das situações para que o melhor seja feito.

E, quando os obstáculos morais se agigantem, como se a maldade estivesse a ponto de triunfar em definitivo, se não podes algo dizer em louvor da bondade, cala-te e ora.

Pensa no bem, quando não puderes falar nele.

A semente muda, renova a terra.

A gota silenciosa de sedativo, asserena o corpo martirizado.

Nunca te queixes dos outros, mesmo porque, em nos queixando de alguém, é preciso consultar o próprio íntimo para saber se em algum lugar desse alguém não estaríamos fazendo isso ou aquilo de maneira pior.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Palavras de vida eterna. Cap. 96. Uberaba: CEC).