Mantendo a serenidade

Mantendo a serenidade

Consideremos que existem atitudes e assuntos que preservam o equilíbrio e a serenidade do grupo de criaturas a que pertençamos na Terra, como já se dispõe no mundo de vacinas diversas que fazem a defesa da saúde humana.

Sabemos que nada sucede sem permissão da Divina Providência, mas todos somos chamados a cooperar com a Providência Divina que nos consente a liberdade de atuar nos acontecimentos do cotidiano, em nossa condição de espíritos responsáveis.

Saibamos arredar da nossa influência pessoal o que seja claramente desnecessário à sustentação da paz no campo dos outros.

Se ouviu algum apontamento desagradável, ao redor de pessoa determinada, assume a função de extintor do comentário infeliz, porque a transmissão de conhecimento desse naipe não tem qualquer significação construtiva.

Diante de um amigo, que se queixa desse ou daquele parente, não comuniques ao parente acusado o desabafo havido, porque apenas agravarias uma guerra familiar que adia indefinidamente a comunhão daqueles que nascem nos mesmos laços de consanguinidade para o aprendizado da união fraternal.

Não dramatizes os próprios problemas, para não difundir impressões exageradas de temas negativos, capazes de prejudicar a muita gente.

Abstém-te de vaticinar calamidades que provavelmente jamais aconteçam. Protege-te contra o veneno dos boatos, aprendendo a ouvi-los e esquecê-los.

Se tiveres algum pressentimento ou algum sonho, vislumbrando ocorrências infelizes, silencia e ora pela paz dos que estejam incluídos em tuas impressões, porque a Espiritualidade Maior te permite esses informes imprecisos para que ajudes a atenuar o mal ou extingui-lo e não para que lhe favoreças a expansão.

Recorda: em muitos lances difíceis da vida, a serenidade dos outros depende exclusivamente de nós.

Emmanuel.

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Calma. Lição nº 28. São Bernardo do Campo: GEEM)

Perante Allan Kardec

Perante Allan Kardec

Disse o Cristo: Há muitas moradas na casa do Pai.

Sem Allan Kardec não perceberíamos que o Mestre relaciona os mundos que enxameiam na imensidade cósmica, a valerem por escolas de experiência, nos objetivos da ascensão espiritual.

Disse o Cristo: Necessário é nascer de novo.

Sem Allan Kardec, não saberíamos que o Sublime Instrutor não se refere à mudança íntima da criatura, nos grandes momentos da curta existência física, e sim à lei da reencarnação.

Disse o Cristo: Se a tua mão te escandalizar, corta-a; ser-te-á melhor entrar na vida aleijado que, tendo duas mãos, ires para o inferno.

Sem Allan Kardec, não concluiríamos que o Excelso Orientador se reporta às grandes resoluções da alma culpada, antes do renascimento no berço humano, com vistas à regeneração necessária, de modo a não tombar no sofrimento maior, em regiões inferiores ao planeta terrestre.

Disse o Cristo: Quem vier a mim e não deixar pai e mãe, filhos e irmãos, não pode ser meu discípulo.

Sem Allan Kardec, não reconheceríamos que o Divino Benfeitor não nos solicita a deserção dos compromissos para com os entes amados, e sim nos convida a renunciar ao prazer de sermos entendidos e seguidos por eles, de imediato, sustentando, ainda, a obrigação de compreendê-los e ser-vi-los por nossa vez.

Disse o Cristo: Perdoai não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.

Sem Allan Kardec, não aprenderíamos que o Mestre não nos inclina à falsa superioridade daqueles que anelam o reino dos céus tão somente para si próprios, e sim nos faz sentir que o perdão é dever puro e simples, a fim de não cairmos indefinidamente nas grilhetas do mal.

Disse o Cristo: Conhecereis a Verdade e a Verdade vos fará livres.

Sem Allan Kardec, desconheceríamos que o raciocínio não pode ser alienado em assuntos da fé e que a religião deve ser sentida e praticada, estudada e pesquisada, para que não venhamos a converter o Evangelho em museu de fanatismo e superstição.

Cristo revela.

Kardec descortina.

Diante, assim, do Três de Outubro, que nos recorda o natalício do Codificador, enderecemos a ele, onde estiver, o nosso preito de reconhecimento e de amor, porquanto todos encontramos em Allan Kardec o inolvidável paladino de nossa libertação.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cãndido. Espíritos diversos. Irmãos Unidos. Cap. Perante Allan Kardec. São Bernardo do Campo: GEEM)

NOS CAMINHOS DA FÉ

NOS CAMINHOS DA FÉ

"Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos Céus". – Jesus (Mateus, 10:32)

No mundo, de modo geral, habituamo-nos a julgar que os testemunhos de fé prevalecem tão-só nos momentos de angústia superlativa, quando o sofrimento nos transforma em alvo de atenções públicas.

Evidentemente, na Terra, as crises de aflição alcançam a todos, cada qual no tempo devido, segundo as lutas regeneradoras que se nos façam necessárias, no curso das quais estamos impelidos a entregar todas as energias de nosso espírito nos atos de fé.

Entretanto, é preciso ponderar que somos incessantemente chamados a prestar o depoimento de confiança em Jesus, através de reduzidas parcelas de bondade e tolerância, compreensão e paciência diante das ocorrências desagradáveis do cotidiano, tais quais sejam: a referência desprimorosa; o olhar de suspeição; o pedido justo recusado; o beliscão da crítica; a desatenção e o desrespeito; o desajuste orgânico; o prejuízo inesperado; a transação infeliz; o desafio da discórdia. Impõe-se-nos a obrigação de confessar-nos seguidores de Cristo, por intermédio de definições verbais claras e sinceras, mas somos igualmente convidados a fazê-lo, na superação dos aborrecimentos comuns, porquanto só atravessando as diminutas contrariedades do dia-a-dia, como grandes ocasiões de revelar confiança em Jesus, é que aprenderemos a suportar as grandes provações como se fossem pequenas.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Segue-me. Cap. 60. Matão: O Clarim).

Discípulos

Discípulos

“E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo.” – Jesus. (Lucas, 14:27.)

Os círculos cristãos de todos os matizes permanecem repletos de estudantes que se classificam no discipulado de Jesus, com inexcedível entusiasmo verbal, como se a ligação legítima com o Mestre estivesse circunscrita a problema de palavras.

Na realidade, porém, o Evangelho não deixa dúvidas a esse respeito.

A vida de cada criatura consciente é um conjunto de deveres para consigo mesmo, para com a família de corações que se agrupam em torno dos seus sentimentos e para com a Humanidade inteira.

E não é tão fácil desempenhar todas essas obrigações com aprovação plena das diretrizes evangélicas. Imprescindível se faz eliminar as arestas do próprio temperamento, garantindo o equilíbrio que nos é particular, contribuir com eficiência em favor de quantos nos cercam o caminho, dando a cada um o que lhe pertence, e servir à comunidade, de cujo quadro fazemos parte.

Sem que nos retifiquemos, não corrigiremos o roteiro em que marchamos.

Árvores tortas não projetam imagens irrepreensíveis.

Se buscamos a sublimação com o Cristo, ouçamos os ensinamentos divinos.

Para sermos discípulos dele é necessário nos disponhamos com firmeza a conduzir a cruz de nossos testemunhos de assimilação do bem, acompanhando-lhe os passos.

Aprendizes existem que levam consigo o madeiro das provas salvadoras, mas não seguem o Senhor por se confiarem à revolta através do endurecimento e da fuga.

Outros aparecem, seguindo o Mestre nas frases bem-feitas, mas não carregam a cruz que lhes toca, abandonando-a à porta de vizinhos e companheiros.

Dever e renovação.

Serviço e aprimoramento.

Ação e progresso.

Responsabilidade e crescimento espiritual.

Aceitação dos impositivos do bem e obediência aos padrões do Senhor.

Somente depois de semelhantes aquisições é que atingiremos a verdadeira comunhão com o Divino Mestre.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. 58. Cap. FEB)

A ALEGRIA NO DEVER

A ALEGRIA NO DEVER

Quando Jesus estava entre nós, recebeu certo dia a visita do apóstolo João, muito jovem ainda, que lhe disse estar incumbido, por seu pai Zebedeu, de fazer uma viagem a povoado próximo.

Era, porém, um dia de passeio ao monte e o moço achava-se muito triste.

O Divino Amigo, contudo, exortou-o a cumprir o dever.

Seu pai precisava do serviço e não seria justo prejudicá-lo. João ouviu o conselho e não vacilou.

O serviço exigiu-lhe quatro dias, mas foi realizado com êxito.

Os interesses do lar foram beneficiados, mas Zebedeu, o honesto e operoso ancião, afligiu-se muito porque o rapaz regressara de semblante contrafeito.

O Mestre notou-lhe o semblante sombrio e, convidando-o a entendimento particular, observou:

– João, cumpriste o prometido?

– Sim — respondeu o apóstolo.

— Atendeste à Vontade de Deus, auxiliando teu pai?

— Sim — tornou o jovem, visivelmente contrariado —, acredito haver efetuado todas as minhas obrigações.

Jesus, entretanto, acentuou, sorrindo calmo:

– Então, ainda falta um dever a cumprir — o dever de permaneceres alegre por haveres correspondido à confiança do Céu.

O companheiro da Boa Nova meditou sobre a lição e fez-se contente.

A tranqüilidade voltou ao coração e à fisionomia do velho Zebedeu e João compreendeu que, no cumprimento dà Vontade de Deus, não podemos e nem devemos entristecer ninguém.

Meimei

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Meimei. Pai nosso. Cap. 19. FEB)

NAS TRILHAS DA FÉ

NAS TRILHAS DA FÉ

“Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa…” – Pedro (II Pedro, 1:1)

Em muitas ocasiões, admitimos erroneamente que os grandes vultos do Cristianismo terão obtido privilégios nas Leis Divinas; entretanto, basta a reflexão nas realidades do Evangelho, para que nos capacitemos da sem-razão de semelhante conceito.

Simão Pedro nos fala da fé “igualmente preciosa” e raros vultos da história do Cristo poderão competir com ele em matéria de renovação pessoal.

Era ele pescador de vida humilde, homem quase iletrado, comprometido em obrigações de família, habitante de aldeola paupérrima, seguidos do Evangelho submetido a tentações e vacilações que, por algumas vezes, o fizeram cair; entretanto, guindou-se à posição de apóstolo da causa mais alta da Humanidade, ampliou seus conhecimentos, adquiriu importância fazendo-se condutor e irmão da comunidade, liderou a idéia cristã, nas metrópoles do teu tempo e, de cada vez que se viu incurso em erro, procurou corrigir-se e seguir adiante, no desempenho das obrigações que lhe eram atribuídas.

Realmente, não possuímos qualquer justificativa para isentar-nos do serviço de auto-educação, à frente do Cristo, sob a alegação de que não recolhemos recursos imprescindíveis à solução dos problemas do próprio burilamento para a vitória espiritual.

Pedro, com a autoridade do exemplo, afirma-nos que, diante da providência Divina, todos nós obtivemos valores iguais para as realizações da mesma fé.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Palavras de vida eterna. Cap. 154. Uberaba: CEC)

Estendamos o bem

Estendamos o bem

“Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem”. – Paulo. (Romanos, 12:21.)

Repara que, em plena casa da Natureza, todos os elementos, em face do mal, oferecem o melhor que possuem para o reajustamento da harmonia e para a vitória do bem.

Quando o temporal parece haver destruído toda a paisagem, congregam-se as forças divinas da vida para a obra do refazimento.

O Sol envia luz sobre o lamaçal, curando as chagas do chão.

O vento acaricia o arvoredo e enxuga-lhe os ramos.

O cântico das aves substitui a voz do trovão.

A planície recebe a enxurrada, sem revoltar-se, e converte-a em adubo precioso.

O ar que suporta o peso das nuvens e o choque da faísca destruidora, torna à leveza e à suavidade.

A árvore de frondes quebradas ou feridas regenera-se, em silêncio, a fim de produzir novas flores e novos frutos.

A terra, nossa mãe comum, sofre a chuva de granizos e o banho de lodo, periodicamente, mas nem por isso deixa de engrandecer o bem cada vez mais.

Por que conservaremos, por nossa vez, o fel e o azedume do mal, na intimidade do coração?

Aprendamos a receber a visita da adversidade, educando-lhe as energias para proveito da vida.

A ignorância é apenas uma grande noite que cederá lugar ao sol da sabedoria.

Usa o tesouro de teu amor, em todas as direções, e estendamos o bem por toda parte.

A fonte, quando tocada de lama, jamais se dá por vencida. Acolhe os detritos no próprio seio e, continuando a fluir, transforma-os em bênçãos, no curso de suas águas que prosseguem correndo, com brandura e humildade, para benefício de todos.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. Cap. 35. FEB)

RENOVEMO-NOS

RENOVEMO-NOS

"Se alguém está em Cristo, nova criatura é" – Paulo. (Coríntios, 5:17)

Quanta gente fala em Cristo, sem buscar-lhe a companhia!

Há quem lhe recite as lições com maravilhoso poder mnemônico sem lhe haver soletrado jamais qualquer ensinamento na linguagem da ação.

Há quem se reporte ao Evangelho, anos a fio, sem procurar-lhe a inspiração em momento algum.

Muitos dizem – "Quero Jesus!" – mas não o aceitam.

O problema do cristão todavia, não é apenas suspirar pelo Senhor.

É permanecer com Ele, assimilando-lhe a palavra e seguindo-lhe o exemplo.

Não apenas crença, mas comunhão.

Se pretendes quebrar as algemas que te agrilhoam à sombra, não bastará te rotules com esse ou aquele título no campo das afirmações exteriores.

É imprescindível te transformes por dentro, fazendo luz para o cérebro e luz para o coração.

Para isso, se procuras com a Boa Nova o caminho da própria felicidade, lembra-te de que é preciso estar nossa alma em Jesus, para renovar-se com segurança.

Aprendamos a ver com o entendimento do Senhor, a ouvir com a sublime compreensão que lhe assinalou a passagem no mundo, a trilhar a senda humana com o sentimento que lhe marcou as atitudes e a usar as mãos no Sumo Bem como as utilizou o Divino Mestre e, certamente, ainda hoje, seremos nova criatura, ajudando a Terra pela qualidade de nossa vida, e edificando em nós mesmos a excelsitude do Céu.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Segue-me. Cap.Renovemo-nos. Matão: O Clarim)

No futuro

No futuro

“E não mais ensinará cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: – Conhece o Senhor! Porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior.” Paulo (Hebreus, 8:11)

Quando o homem gravar na própria alma parágrafos luminosos da Divina Lei,

O companheiro não repreenderá o companheiro,

O irmão não denunciará outro irmão.

O cárcere cerrará suas portas,

Os tribunais quedarão em silêncio.

Canhões serão convertidos em arados,

Homens de armas volverão à sementeira do solo.

O ódio será expulso do mundo,

As baionetas repousarão,

As máquinas não vomitarão chamas para o incêndio e para a morte,

Mas cuidarão pacificamente do progresso planetário.

A justiça será ultrapassada pelo amor.

Os filhos da fé não somente serão justos,

Mas bons, profundamente bons.

A  prece constituir-se-á de alegria e louvor

E as casas de oração estarão consagradas ao trabalho sublime da fraternidade suprema.

A pregação da Lei Viverá nos atos e pensamentos de todos,

Porque o Cordeiro de Deus Terá transformado o coração de cada homem

Em tabernáculo de luz eterna,

Em que o seu Reino Divino

Resplandecerá para sempre.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão Nosso. Cap. 41. FEB)

A retribuição

A retribuição

“Pedro disse-lhe: e nós que deixamos tudo e te seguimos, que receberemos?” – (Mateus, 19:27.)

A pergunta do apóstolo exprime a atitude de muitos corações nos templos religiosos.

Consagra-se o homem a determinado círculo de fé e clama, de imediato: – “Que receberei?”

A resposta, porém, se derrama silenciosa, através da própria vida.

Que recebe o grão maduro, após a colheita?

O triturador que o ajuda a purificar-se.

Que prêmio se reserva à farinha alva e nobre?

O fermento que a transforma para a utilidade geral.

Que privilégio caracteriza o pão, depois do forno?

A graça de servir.

Não se formam cristãos para adornos vivos do mundo e sim para a ação regeneradora e santificante da existência.

Outrora, os servidores da realeza humana recebiam o espólio dos vencidos e, com eles, se rodeavam de gratificações de natureza física, com as quais abreviavam a própria morte.

Em Cristo, contudo, o quadro é diverso.

Vencemos, em companhia dele, para nos fazermos irmãos de quantos nos partilham a experiência, guardando a obrigação de ampará-los e ser-lhes úteis.

Simão Pedro, que desejou saber qual lhe seria a recompensa pela adesão à Boa Nova, viu, de perto, a necessidade da renúncia.

Quanto mais se lhe acendrou a fé, maiores testemunhos de amor à Humanidade lhe foram requeridos.

Quanto mais conhecimento adquiriu, a mais ampla caridade foi constrangido, até o sacrifício extremo.

Se deixaste, pois, por devoção a Jesus, os laços que te prendiam às zonas inferiores da vida, recorda que, por felicidade tua, recebeste do Céu a honra de ajudar, a prerrogativa de entender e a glória de servir.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. Cap. 22. FEB)