QUEM SERVE, PROSSEGUE

QUEM SERVE, PROSSEGUE

"O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir". – Jesus. MARCOS, 10:45.

A Natureza, em toda parte, é um laboratório divino que elege o espírito de serviço por processo normal de evolução.

Os olhos atilados observam a cooperação e o auxílio nas mais comezinhas manifestações dos reinos Inferiores.

A cova serve à semente. A semente enriquecerá o homem.

O vento ajuda as flores, permutando-lhes os princípios de vida.

As flores produzir os frutos abençoados.

Os rios confiam-se ao mar.

O mar faz a nuvem fecundante.

Por manter a vida humana, no estágio em que se encontra, milhares de animais morrem na Terra, de hora a hora, dando carne e sangue a benefício dos homens. Infere-se de semelhante luta que o serviço é o preço da caminhada libertadora ou santificante.

A pessoa que se habitua a ser invariavelmente servida em todas as situações, não sabe agir sozinha em situação alguma. A criatura que serve pelo prazer de ser útil progride sempre e encontra mil recursos dentro de si mesma, na solução de todos os problemas.

A primeira cristaliza-se.

A segunda desenvolve-se.

Quem reclama excessivamente dos outros, por não estimar a movimentação própria na satisfação de necessidades comuns, acaba por escravizar-se aos servidores, estragando o dia quando não encontra alguém que lhe ponha a mesa.

Quem aprende a servir, contudo, sabe reduzir todos os embaraços da senda, descobrindo trilhos novos.

Aprendiz do Evangelho que não improvisa a alegria de auxiliar os semelhantes permanece muito longe do verdadeiro discipulado, porquanto companheiro fiei da Boa Nova esta informado de que Jesus veio para servir, e desvela-se, a benefício de todos, até ao fim da luta.

Se há mais alegria em dar que em receber, há mais felicidade em servir que em ser servido.

Quem serve, prossegue…

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte Viva. Cap.82. FEB).

EMERGÊNCIA PARA A CRIANÇA

EMERGÊNCIA PARA A CRIANÇA

Esse problema de emergência – o menor abandonado – deve ser atendido por todas as pessoas criteriosas, visando-se a solucioná-lo com urgência.

Enquanto não se empreenda uma campanha clarificada pelas luzes do Evangelho, com os altos objetivos de erradicar-se a indiferença da Sociedade em relação à orfandade infantil, aqui incluídos os que são de "pais vivos", a bem pouco ficam reduzidas as expressões de ventura que a maioria pretende usufruir.

A questão decorre do inditoso hábito do egoísmo que aprisiona o homem, lavrando desordenado em torno de si mesmo, em detrimento dos demais.

Buscam-se valores para garantia da família, equilíbrio da ordem e prosperidade comunal; todavia, se a criança não passar à meta urgente, os esforços relevantes que se empreendem redundarão inoperantes.

Assustadoramente se multiplicam as escolas do crime e da corrupção nos guetos da sordidez e nas vielas do vício, escorregando para as avenidas largas do conforto em multiforme agressão com que se desforçam os apaniguados do abandono, que se nutriram, a distância, com o alimento do ódio e da inveja, recolhido nos depósitos de lixo do desperdício social.

Intoxicados pelos vapores do desespero a que foram desde cedo relegados, arregimentaram os recursos da insânia para sobreviver, guindando-se às posições de desregramento em que sobrenadam, aguardando oportunidade de desforço.

Inútil apontar-se o drama trágico em que vegetam, sem que se responsabilizem todos pela transformação das causas que os geram, atendendo-os liminarmente em emergência e,em longo prazo, educando-os.

Qualquer técnica assistencial retardada resultará em perigo multiplicado.

No princípio, a sós, depois, em grupos, transformam-se em cobradores inescrupulosos, vítimas que têm sido largamente do cativeiro da miséria em que se encontram atirados.

Têm demonstrado as "máquinas administrativas" de alto porte a ineficiência dos seus métodos, quando os reunindo em depósitos com boas ou más instalações faltam os preciosos dons do amor e da paciência humana.

Ninguém educa, senão mediante as emoções idealistas. Podem-se transmitir conhecimentos, técnicas de higiene e de alimentação, recursos profissionais e disciplina, no entanto, se tais labores não se fizeram acompanhar dos santos óleos, da compreensão fraternal e da bondade cristã à semelhança de vernizes externos, não suportam a canícula das paixões, a umidade da solidão, a ferrugem da inquietude íntima.

Casais sem filhos, rebelados pela impossibilidade da procriação, em regime punitivo, em face dos passados ultrajes praticados, não se resolvem adotar outra carne que abençoaria suas existências, mantendo os conjugues em clima de edificante e mútua realização.

Pessoas solitárias, aquinhoadas com fartas moedas, são escravizadas a "animais de estimação" aos quais aplicam somas elevadas e negam-se à contribuição por uma vida infantil em estiolamento, que poderia transformar-se no farol para lhes iluminar a pesada noite de velhice que os colherá, amarguradas.

Ociosos de todos os matizes, que se autoaniquilam, cultivando enfermidades imaginárias ou em viagens extravagantes quão inócuas, para lhes preencher o vazio da vida fútil, desdenham a oportunidade de recebê-los, na condição de afetos espontâneos, para serem por eles defrontados na condição de salteadores ousados.

Aos educadores com "horas vazias", caberia preenchê-las através de uma contribuição pedagógica, em campos de depósitos ou exíguas salas, convertidas em santuário escolar, assegurando autoconfiança, amizade, segurança íntima.

O conflito existente desaparecerá quando o dominador liberte o escravo da ignorância, a estroinice produza pães e a soberba se faça solidariedade.

Dando-se a mão a um petiz, sem dúvida, pode-se alçá-lo à idade madura, a fim de fazê-lo progredir e marchar firme.

Todo investimento – e ninguém se pode eximir do dever de ajudar – aplicado no rumo do menor em abandono é de alta valorização, porquanto os seus juros demandam a eternidade.

Quando se atende a um órfão, assegura-se um lugar para um homem no futuro. Mas quando se permite que ele rasteje nos lôbregos sítios em que sobrevive, por culpa de todos, arma-se um bandido para a intranquilidade geral.

Negativos os métodos policiais coercitivos, infelizes os ajuntamentos em reformatórios e as punições exorbitantes pela pancadaria desenfreada e o sadismo contumaz. Tais produzem esquizoides violentos, alienados em degeneração apressada, animais em fúria contida, aguardando ensejo…

O amor, porém, aliado aos recursos educativos por todos os meios hábeis, cuidará desses sêmens da humanidade e fará que se floresçam, na Terra, os jardins de paz, com abençoados frutos de felicidade a que todos almejamos".

Benedita Fernandes

(Página recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, em Araçatuba-SP, em 24/4/1973, na residência dos pais de Cesar Perri. Divulgada pela União Municipal Espírita de Araçatuba, 1973. Incluída no livro Sementes de Vida Eterna, psicografia de Divaldo Pereira Franco, Livraria Espírita Alvorada; Carvalho, Antonio Cesar Perri. Benedita Fernandes. A dama da caridade. Ed. Cocriação)

Em família

Em família

A família consanguínea é lavoura de luz da alma, dentro da qual triunfam somente aqueles que se revestem de paciência, renúncia e boa vontade.

De quando a quando, o amor nos congrega, em pleno campo da vida, regenerando-nos a sementeira do destino.

Geralmente, não se reúnem a nós os companheiros que já demandaram a esfera superior dignamente aureolados por vencedores, e sim afeiçoados menos estimáveis de outras épocas, para restaurarmos o tecido da fraternidade, indispensável ao agasalho de nossa alma, na jornada para os cimos da vida.

Muitas vezes, na condição de pais e filhos, cônjuges ou parentes, não passamos de devedores em resgate de antigos compromissos.

Se és pai, não abandones teu filho aos processos da natureza animal, qual se fora menos digno de atenção que a hortaliça de tua casa.

A criança é um “trato de terra espiritual” que devolverá o que aprende, invariavelmente, de acordo com a sementeira recebida.

Se és filho, não desprezes teus pais, relegando-os ao esquecimento e subestimando-lhes os corações, como se estivessem em desacordo com os teus ideais de elevação e nobreza, porque também, um dia precisarás da alheia compreensão para que se te aperfeiçoe na individualidade a região presentemente menos burilada e menos atendida.

A criatura no acaso da existência é o espelho do teu próprio futuro na Terra.

Aprende a usar a bondade, em doses intensivas, ajustando-a ao entendimento e à vigilância para que a tua experiência em família não desapareça no tempo, sem proveito para o caminho a trilhar.

Quem não auxilia a alguns, não se acha habilitado ao socorro de muitos.

Quem não tolera o pequeno desgosto doméstico, sabendo sacrificar-se com espontaneidade e alegria, a benefício do companheiro de tarefa ou de lar, debalde se erguerá por salvador de criaturas e situações que ele mesmo desconhece.

Cultiva o trabalho constante, o silêncio oportuno, a generosidade sadia e conquistarás o respeito dos outros, sem o qual ninguém consegue ausentar-se do mundo em paz consigo mesmo.

Se não praticas no grupo familiar ou no esforço isolado a comunhão com Jesus, não te demores a buscar-lhe a vizinhança, a inspiração e a diretriz.

Não percas o tesouro das horas em reclamações improfícuas ou destrutivas.

Procura entender e auxiliar a todos em casa, para que todos em casa te entendam e auxiliem na luta cotidiana, tanto quanto lhes seja possível.

O lar é o porto de onde a alma se retira para o mar alto do mundo, e quem não transporta no coração o lastro da experiência dificilmente escapará ao naufrágio parcial ou total.

Procura a paz com os outros ou a sós.

Recorda que todo dia é dia de começar.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Família. Lição nº 01. São Paulo: CEU)

Semeadores

Semeadores

“Eis que o semeador saiu a semear.” – Jesus. (Mateus, 13:3.)

Todo ensinamento do Divino Mestre é profundo e sublime na menor expressão.

Quando se dispõe a contar a parábola do semeador, começa com ensinamento de inestimável importância que vale relembrar.

Não nos fala que o semeador deva agir, através do contrato com terceiras pessoas, e sim que ele mesmo saiu a semear.

Transferindo a imagem para o solo do espírito, em que tantos imperativos de renovação convidam os obreiros da boa-vontade à santificante lavoura da elevação, somos levados a reconhecer que o servidor do Evangelho é compelido a sair de si próprio, a fim de beneficiar corações alheios.

É necessário desintegrar o velho cárcere do “ponto de vista” para nos devotarmos ao serviço do próximo.

Aprendendo a ciência de nos retirarmos da escura cadeia do “eu”, excursionaremos através do grande continente denominado “interesse geral”.

E, na infinita extensão dele, encontraremos a “terra das almas”, sufocada de espinheiros, ralada de pobreza, revestida de pedras ou intoxicada de pântanos, oferecendo-nos a divina oportunidade de agir a benefício de todos.

Foi nesse roteiro que o Divino Semeador pautou o ministério da luz, iniciando a celeste missão do auxílio entre humildes tratadores de animais e continuando-a através dos amigos de Nazaré e dos doutores de Jerusalém, dos fariseus palavrosos e dos pescadores simples, dos justos e dos injustos, ricos e pobres, doentes do corpo e da alma, velhos e jovens, mulheres e crianças.

Segundo observamos, o semeador do Céu ausentou-se da grandeza a que se acolhe e veio até nós, espalhando as claridades da Revelação e aumentando-nos a visão e o discernimento.

Humilhou-se para que nos exaltássemos e confundiu-se com a sombra a fim de que a nossa luz pudesse brilhar, embora lhe fosse fácil fazer-se substituído por milhões de mensageiros, se desejasse.

Afastemo-nos, pois, das nossas inibições e aprendamos com o Cristo a “sair para semear”.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. Cap. 64. FEB)

Sois a luz

Sois a luz

“Vós sois a luz do mundo.” – Jesus. (Mateus, 5:14.)

Quando o Cristo designou os seus discípulos, como sendo a luz do mundo, assinalou-lhes tremenda responsabilidade na Terra.

A missão da luz é clarear caminhos, varrer sombras e salvar vidas, missão essa que se desenvolve, invariavelmente, à custa do combustível que lhe serve de base.

A chama da candeia gasta o óleo do pavio. A iluminação elétrica consome a força da usina.

E a claridade, seja do Sol ou do candelabro, é sempre mensagem de segurança e discernimento, reconforto e alegria, tranqüilizando aqueles em torno dos quais resplandece.

Se nos compenetramos, pois, da lição do Cristo, interessados em acompanhá-lo, é indispensável a nossa disposição de doar as nossas forças na atividade incessante do bem, para que a Boa Nova brilhe na senda de redenção para todos.

Cristão sem espírito de sacrifício é lâmpada morta no santuário do Evangelho.

Busquemos o Senhor, oferecendo aos outros o melhor de nós mesmos.

Sigamo-lo, auxiliando indistintamente.

Não nos detenhamos em conflitos ou perquirições sem proveito.

“Vós sois a luz do mundo” – exortou-nos o Mestre – e a luz não argumenta, mas sim esclarece e socorre, ajuda e ilumina.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espíritoo Emmanuel. Fonte viva. Cap. 105. FEB)

BÊNÇÃO DE DEUS

BÊNÇÃO DE DEUS

“Assim toda árvore boa produz bons frutos…” Jesus (Mateus, 7:17)

                          “Venho, meus irmãos e meus amigos, trazer-vos o meu óbulo, a fim de vos ajudar a avançar, desassombradamente, pela senda do aperfeiçoamento em que entrastes. Nós nos devemos uns aos outros; somente pela união sincera e fraternal entre os Espíritos e os encarnados será possível a regeneração”. Cap. XVI, 14.

Muitas vezes, criticamos o dinheiro, malsinando-lhe a existência, no entanto, é licito observá-lo através da justiça.

O dinheiro não compra a harmonia, contudo, nas mãos da caridade, restaura o equilíbrio do pai de família, onerado em dívidas escabrosas.

Não compra o sol, mas nas mãos da caridade, obtém o cobertor, destinado a aquecer o corpo enregelado dos que tremem de frio.

Não compra a saúde, entretanto, nas mãos da caridade, assegura proteção ao enfermo desamparado.

Não compra a visão, todavia, nas mãos da caridade, oferece óculos aos olhos deficientes do trabalhador de parcos recursos.

Não compra a euforia, contudo, nas mãos da caridade, improvisa a refeição, devida aos companheiros que enlanguescem de fome.

Não compra a luz espiritual, mas, nas mãos da caridade, propaga a página edificante que reajusta o pensamento a tresmalhar-se nas sombras.

Não compra a fé, entretanto, nas mãos da caridade, ergue a esperança, junto de corações tombados em sofrimento e penúria.

Não compra a alegria, no entanto, nas mãos da caridade, garante a consolação para aqueles que choram, suspirando por migalha de reconforto.

Dinheiro em si e por si é moeda seca ou papel insensível que, nas garras da sovinice ou da crueldade é capaz de criar o infortúnio ou acobertar o vício.

Mas o dinheiro do trabalho e da honestidade, da paz e da beneficência, que pode ser creditado no banco da consciência tranquila, toda vez que surja unido ao serviço e à caridade, será sempre Bênção de Deus, fazendo prodígios.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido .Pelo espírito Emmanuel. Livro da Esperança. Lição nº 48. Uberaba: CEC).

Solidão

Solidão

“O presidente, porém, disse: – mas, que mal fez ele? E eles mais clamavam, dizendo: – seja crucificado.” – (Mateus, 27:23.)

À medida que te elevas, monte acima, no desempenho do próprio dever, experimentas a solidão dos cimos e incomensurável tristeza te constringe a alma sensível. Onde se encontram os que sorriram contigo no parque primaveril da primeira mocidade?

Onde pousam os corações que te buscavam o aconchego nas horas de fantasia?

Onde se acolhem quantos te partilhavam o pão e o sonho, nas aventuras ridentes do início?

Certo, ficaram… Ficaram no vale, voejando em círculo estreito, à maneira das borboletas douradas, que se esfacelam ao primeiro contacto da menor chama de luz que se lhes descortine à frente.

Em torno de ti, a claridade, mas também o silêncio…

Dentro de ti, a felicidade de saber, mas igualmente a dor de não seres compreendido…

Tua voz grita sem eco e o teu anseio se alonga em vão. Entretanto, se realmente sobes, que ouvidos te poderiam escutar a grande distância e que coração faminto de calor do vale se abalançaria a entender, de pronto, os teus ideais de altura?

Choras, indagas e sofres…

Contudo, que espécie de renascimento não será doloroso?

A ave, para libertar-se, destrói o berço da casca em que se formou, e a semente, para produzir, sofre a dilaceração na cova desconhecida.

A solidão com o serviço aos semelhantes gera a grandeza.

A rocha que sustenta a planície costuma viver isolada e o Sol que alimenta o mundo inteiro brilha sozinho.

Não te canses de aprender a ciência da elevação.

Lembra-te do Senhor, que escalou o Calvário, de cruz aos ombros feridos.

Ninguém o seguiu na morte afrontosa, à exceção de dois malfeitores, constrangidos à punição, em obediência à justiça.

Recorda-te dele e segue…

Não relaciones os bens que já espalhaste.

Confia no Infinito Bem que te aguarda.

Não esperes pelos outros, na marcha de sacrifício e engrandecimento.

E não olvides que, pelo ministério da redenção que exerceu para todas as criaturas, o Divino Amigo dos homens não somente viveu, lutou e sofreu sozinho, mas também foi perseguido e crucificado.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. Cap. 70. FEB)

Lavradores

Lavradores

“O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos.” – Paulo. (2ª Epístola a Timóteo, 2:6.)

Há lavradores de toda classe. Existem aqueles que compram o campo e exploram-no, através de rendeiros suarentos, sem nunca tocarem o solo com as próprias mãos.

Encontramos em muitos lugares os que relegam a enxada à ferrugem, cruzando os braços e imputando à chuva ou ao sol o fracasso da sementeira que não vigiam.

Somos defrontados por muitos que fiscalizam a plantação dos vizinhos, sem qualquer atenção para com os trabalhos que lhes dizem respeito.

Temos diversos que falam despropositadamente com referência a inutilidades mil, enquanto vermes destruidores aniquilam as flores frágeis.

Vemos numerosos acusando a terra como incapaz de qualquer produção, mas negando à gleba que lhes foi confiada a bênção da gota d’água e o socorro do adubo.

Observamos muitos que se dizem possuídos pela dor de cabeça, pelo resfriado ou pela indisposição e perdem a sublime oportunidade de semear.

A Natureza, no entanto, retribui a todos eles com o desengano, a dificuldade, a negação e o desapontamento.

Mas o agricultor que realmente trabalha, cedo recolhe a graça do celeiro farto.

E assim ocorre na lavoura do espírito.

Ninguém logrará o resultado excelente sem esforçar-se, conferindo à obra do bem o melhor de si mesmo.

Paulo de Tarso, escrevendo numa época de senhores e escravos, de superficialidade e favoritismo, não nos diz que o semeador distinguido por César ou mais endinheirado seria o legítimo detentor da colheita, mas asseverou, com indiscutível acerto, que o lavrador dedicado às próprias obrigações será o primeiro a beneficiar-se com as vantagens do fruto.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte Viva. Cap. 31. FEB)

Espiritismo e nós

Espiritismo e nós

“Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.” — JESUS — João, 14.15.

“O Espiritismo vem realizar, na época prevista, as promessas do Cristo. Entretanto, não o pode fazer sem destruir os abusos.” — Cap. XXIII, 17 1.

Todas as religiões garantem retiros e internatos, organizações e hierarquias para a formação de orientadores condicionados, que lhes exponham as instruções, segundo o controle que lhes parece conveniente.

A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião do esclarecimento livre.

Mas se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, situarmos nossas pequeninas pessoas acima dos grandes princípios que a expressam, estaremos muito distantes dela, confundidos nos delírios do personalismo deprimente, em nome da liberdade.

Todas as religiões amontoam riquezas terrestres, através de templos suntuosos, declarando que assim procedem para render homenagem condigna à Divina Bondade. A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião do desprendimento. Entretanto, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, encarcerarmos a própria mente nas hipnoses de adoração a pessoas ou na ilusão de posses materiais passageiras, tombaremos em amargos processos de obsessão mútua, descendo à condição de vampiros intelectualizados uns dos outros, gravitando em torno de interesses sombrios e perdendo a visão dos Planos Superiores.

Todas as religiões cultivam rigoroso sentido de seita, mantendo a segregação dos profitentes. A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião da solidariedade. Contudo, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, abraçarmos aventuras e distorções, em torno do ensino espírita, ainda mesmo quando inocentes e piedosas, na conta de fraternidade, levantaremos novas inquisições do fanatismo e da violência contra nós mesmos.

Todas as religiões sustentam claustros ou discriminações, a pretexto de se resguardarem contra o vício. A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião do pensamento reto. Todavia, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, convocados a servir no mundo, desertarmos do concurso aos semelhantes, a título de suposta humildade ou por temor de preconceitos, acabaremos inúteis, nos círculos fechados da virtude de superfície.

Todas as religiões, de um modo ou de outro, alimentam representantes e ministérios remunerados. A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião da assistência gratuita. No entanto, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, fugirmos de agir, viver e aprender à custa do esforço próprio, incentivando tarefeiros pagos e cooperações financiadas, cairemos, sem perceber, nas sombras do profissionalismo religioso.

Todas as religiões são credoras de profundo respeito e de imensa gratidão pelos serviços que prestam à Humanidade. Nós, porém, os espíritas encarnados e desencarnados, não podemos esquecer que somos chamados a reviver o Cristianismo puro, a fim de que as leis do Bem Eterno funcionem na responsabilidade de cada consciência.

Exortou-nos o Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”

E prometeu: “Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres.” 

Proclamou Kardec: “Fora da caridade não há salvação.” 

E esclareceu: “Fé verdadeira é aquela que pode encarar a razão face à face.” 

Isso quer dizer que sem amor não haverá luz no caminho e que sem caridade não existirá tranquilidade para ninguém, mas estes mesmos enunciados significam igualmente que sem justiça e sem lógica, os nossos melhores sentimentos podem transfigurar-se em meros caprichos do coração.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Livro da esperança. Cap. 77. Uberaba: CEC).

ENERGIA E BRANDURA

ENERGIA E BRANDURA

Na marcha do dia-dia, urge harmonizar as manifestações de nossas qualidades com o espírito de proporção e proveito, a fim de que o extremismo não nos imponha acidentes, no trânsito de nossas tarefas e relações.

Energia na fé; não demais que tombe em fanatismo.

Brandura na bondade; não demais que entremostre relaxamento.

Energia na convicção; não demais que se transforme em teimosia.

Brandura na humildade; não demais que degenere em servilismo.

Energia na justiça; não demais que seja crueldade.

Brandura na gentileza; não demais que denuncie bajulação.

Energia na sinceridade; não demais que descambe no desrespeito.

Brandura na paz; não demais que se acomode em preguiça.

Energia na coragem; não demais que se faça temeridade.

Brandura na prudência; não demais que se recolha em comodismo.

No caminho da vida, há que aprender com a própria vida.

Vejamos o carro moderno nas viagens de hoje; nem passo a passo, porque isso seria ignorar o progresso diante do motor; nem velocidade além dos limites justos, o que seria abusar do motor para descer ao desastre e à morte prematura.

Em tudo, equilíbrio, porque, se tivermos equilíbrio, asseguraremos, em toda parte e em qualquer tempo, a presença de caridade e paciência, em nós mesmos, as duas guardiãs capazes de garantir-nos trajeto seguro e chegada feliz.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Alma e Coração. Lição nº 19. São Paulo: Pensamento).