Não duvides

Não duvides


“… O que duvida é semelhante à onda do mar, que é
levada pelo vento e lançada de uma para outra parte.”
– Tiago. (Tiago, 1:6.)


Em teus atos de fé e esperança, não permitas que a dúvida se interponha, como sombra, entre a tua necessidade e o poder do Senhor.
A força coagulante de teus pensamentos, nas realizações que empreendes, procede de ti mesmo, das entranhas de tua alma, porque somente aquele que confia consegue perseverar no levantamento dos degraus que o conduzirão à altura que deseja atingir.
A dúvida, no plano externo, pode auxiliar a experimentação, nesse ou naquele setor do progresso material, mas a hesitação no mundo íntimo é o dissolvente de nossas melhores energias.
Quem duvida de si próprio, perturba o auxílio divino em si mesmo.
Ninguém pode ajudar àquele que se desajuda.
Compreendendo o impositivo de confiança que deve nortearnos para a frente, insistamos no bem, procurando-o com todas as possibilidades ao nosso alcance.
Abandonemos a pressa e olvidemos o desânimo.
Não importa que a nossa conquista surja triunfante hoje ou amanhã. Vale trabalhar e fazer o melhor que pudermos, aqui e agora, porque a vida se incumbe de trazer-nos aquilo que buscamos.
Avançar sem vacilações, amando, aprendendo e servindo infatigavelmente – eis a fórmula de caminhar com êxito, ao encontro de nossa vitória. E, nessa peregrinação incansável, não nos esqueçamos de que a dúvida será sempre o frio do derrotismo a inclinar-nos para a negação e para a morte.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. Cap. 165. FEB)

EDUCAÇÃO ESPÍRITA

EDUCAÇÃO ESPÍRITA

A educação tem regime de urgência. Na tarefa da educação devem ser investidos os melhores recursos de que se pode dispor, a fim de que se colimem os objetivos elevados em prol de uma sociedade mais justa, portanto, mais feliz.

Na sua condição de animal social, o homem não prescinde de hábitos convencionalmente equilibrados, mediante os quais, pelo conhecimento intelectual, doma as suas más inclinações, submetendo os instintos agressivos que respondem pela violência e arbitrariedades outras.

Na gênese dos muitos males que assolam a vida, na Terra, encontramos a indisciplina, que deflui da falta de educação, como a responsável.

Mesmo nos animais destituídos de razão, os condicionamentos fomentadores de hábitos logram resultados surpreendentes, na área da domesticação.

Criaturas portadoras de deficiências, de limitações físicas e mentais não ficam infensas ao processo educativo que lhes aguça percepções, amplia capacidades e recursos de comunicação, superando, e, não raro, alcançando altos índices de ajustamento que as projetam acima da média das pessoas consideradas normais.

A reencarnação, em si mesma, é um mecanismo de educação, de que se utilizam as leis da Vida, de modo a conjurar males e imperfeições que escravizam o Espírito às faixas primárias da evolução de onde procede.

Renascendo sob a injunção das consequências do uso que tenha dado às funções orgânicas, psíquicas e morais — na provação optativa ou na expiação inevitável — aprende a valorizar os recursos de que se vê privado por impositivo reparador ou desenvolve as possibilidades em germe, transformando-as em conquistas que se lhe incorporam à vida.

Serão os processos educativos que encontre, durante o trânsito reencarnacionista, que o auxiliarão a completar com êxito ou desventura o superior cometimento. Sem nos reportarmos aos fatores psicossociais e genéticos desencadeadores da delinquência, bem como aos de ordem sócio-econômica, a negligência a respeito da educação responde por males e problemas, perfeitamente evitáveis, quando considerada.

Nesse contexto deve ser situada a criança — complexo humano suscetível de aprimoramento — que numa sociedade digna tem direito aos processos relevantes da educação, a fim de que venha a cumprir com a destinação para a qual renasceu, que é o seu progresso intelecto-moral. Desejando homens nobres, no futuro, deve-se educar a criança desde hoje. Educar é fomentar a vida sob qualquer aspecto em que se apresente.

A abrangência do verbo educar envolve o compromisso espiritual de criar, desenvolver e estimular os valores transcendentes do ser, não se atendo, apenas, a qualquer programática exclusivista, cuja óptica distorcida limita o vasto campo das suas realizações.

Por isso, o Espiritismo é uma Doutrina essencialmente educativa, plasmadora de funções e aquisições de sabor eterno, porque penetra nas causas geradoras dos fenômenos humanos, solucionando os problemas vigentes onde quer que se manifestem.

Dessa forma, a educação espírita, de profundidade, portanto, não se limita à contribuição de recursos intelectuais, artísticos e convencionais, senão, à equação dos desafios evolutivos, preparando o indivíduo para tentames sempre mais elevados e grandiosos.

Não se há por que descurar o dever da educação de todos os homens, especial e principalmente da criança e do jovem. Realmente educados, o que equivale dizer, esclarecidos e preparados para a vida, teremos homens sadios, livres dos atavismos perniciosos e em condições de enfrentar os insucessos, pressões e tentações lamentáveis, com o equilíbrio que discerne o que deve, daquilo que lhe não é lícito fazer, ao mesmo tempo avançando sem trauma nem frustração diante dos comportamentos alucinados.

A educação é compromisso de todo dia e instante, em razão da sua complexidade.

A educação espírita — que se baseia no “amor” e na “instrução”, que. iluminam a consciência e libertam o ser das injunções perniciosas — tem como instrumento o exemplo do educador que deve pautar a conduta pelo que ensina, superando-se em atos, de modo que as sementes de que se vale, de superior qualidade, manifestem-se em forma de paz e realização nele próprio.

Allan Kardec, como Jesus, foi educador, ensinando e vivendo as lições de que se fez intermediário com elevada abnegação e estima pela criatura, em consequência, pela Humanidade. Parafraseando Jesus, que disse: “Somente pelo amor será salvo o homem,” permitimo-nos afirmar que somente pela educação espírita serão salvos o amor e o homem.

Benedita Fernandes

(Franco, Divaldo Pereira. Espíritos diversos. Antologia Espiritual. Salvador: LEAL. 1993)

Sigamos a paz

Sigamos a paz

“Busque a paz e siga-a.” – Pedro. (1ª Epístola de Pedro, 3:11.)

Há muita gente que busca a paz; raras pessoas, porém, tentam segui-la.

Companheiros existem que desejam a tranqüilidade por todos os meios e suspiram por ela, situando-a em diversas posições da vida; contudo, expulsam-na de si mesmos, tão logo lhes confere o Senhor as dádivas solicitadas.

Esse pede a fortuna material, acreditando seja a portadora da paz ambicionada, todavia, com o aparecimento do dinheiro farto, tortura-se em mil problemas, por não saber distribuir, ajudar, administrar e gastar com simplicidade.

Outro roga a bênção do casamento, mas, quando o Céu lha concede, não sabe ser irmão da companheira que o Pai lhe confiou, perdendo-se através das exasperações de toda sorte.

Outro, ainda, reclama títulos especiais de confiança em expressivas tarefas de utilidade pública, mas, em se vendo honrado com a popularidade e com a expectativa de muitos, repele as bênçãos do trabalho e recua espavorido.

Paz não é indolência do corpo.

É saúde e alegria do espírito. Se é verdade que toda criatura a busca, a seu modo, é imperioso reconhecer, no entanto, que a paz legítima resulta do equilíbrio entre os nossos desejos e os propósitos do Senhor, na posição em que nos encontramos.

Recebido o trabalho que a Confiança Celeste nos permite efetuar, é imprescindível saibamos usar a oportunidade em favor de nossa elevação e aprimoramento.

Disse Pedro – “Busque a paz e siga-a.”

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. Cap. 79. FEB)

CRUZADA DE AMOR

CRUZADA DE AMOR

Os altos índices de atual delinquência infantojuvenil, cada dia mais afligentes, atestam o malogro da cultura, diante do problema-desafio, que se converte em látego, vigorosamente aplicado na criatura humana.

O menor carente, que assume um comportamento antissocial, é a pungente vítima dos desequilíbrios que sacodem as estruturas da comunidade terrestre.

Os estudos sinceros que pesquisam as causas da criança em abandono, não se deveriam deter apenas nos fatores socioeconômicos, sociopolíticos, encarregados dos despovoamentos dos campos e a consequente densificação massificadora dos centros urbanos; os subempregos e biscates; as favelas promíscuas e insalubres; a ignorância; o sexo sem responsabilidade, senão, também o desamor que grassa em toda parte, tornando as criaturas indiferentes aos problemas e necessidades mais primárias e mais urgentes do seu próximo.

Este drama não é apenas de um povo, senão da maior parte dos países que constituem a Humanidade. Não é uma resultante exclusiva da miséria econômica, desde que o menor em desvalinho moral é encontrado nas chamadas sociedades abastadas, apresentando as chagas decorrentes da situação em que se encontram. Certamente, a questão requer mais profundo exame, e que se encontrem as soluções adequadas.

Todavia, enquanto não se podem aplicar os recursos especializados, deve-se tentar a experiência do amor, considerando-se a grave ocorrência como de todos, conforme o é, antes que somente dos administradores e governos.

Toda e qualquer aplicação em favor da criança carente faz-se em investimento de multiplicadas bênçãos. Inutilmente se tomarão medidas saneadoras contra a violência e a agressividade sem que se incorra em infelizes atitudes idênticas, nada se conseguindo em relação ao futuro que se delineia sombrio.

A terapêutica deverá ser preventiva, impedindo-se o contágio pelo crime, antes da punição irada contra quem se apresente visceralmente enfermo.

A obra não pode ser realizada sob a comoção dos torpes acontecimentos que enxameiamnos periódicos sensacionalistas e se multiplicam nas ruas e domicílios do mundo.

Antes, examinada com os sentimentos da piedade fraternal e da solidariedade, que todos nós devemos uns aos outros e que é um grave compromisso para com as gerações novas. A superabundância de uns, que se responsabiliza pela miséria de muitos, não deve esperar que as suas vítimas se rebelem, tomando, com a fúria do ódio, o que lhes é devido.

Pelo natural impositivo do amor, cuidar para que não se derruam, nas suas bases, os patrimônios culturais, éticos e sociais louváveis da atualidade, adquiridos a penates (*), no suceder demorado dos milênios vencidos.

O mais valioso empreendimento humano é o amor, e a mais elevada conquista da vida é o homem, no seu processo de engrandecimento, na direção da vida.

Em cada delinquente de agora, encontra-se o desesperado menor que foi relegado ontem à própria sorte.

Façamos a nossa parte, por menor que pareça, iniciando esta cruzada de amor, que vem sendo postergada, e que não realizada, levar-nos-á aos roteiros do sofrimento e da soledade, por incúria e insensatez.

Hoje brilha a luz da famosa oportunidade que se transformará em abençoado sol do amanhã, a fim de que as trevas do mal se afastem, em definitivo, da Terra, havendo claridade de paz, nas mentes e nos corações.

Benedita Fernandes

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, em Araçatuba (SP), no dia 20/11/1979, na residência do casal Perri. Divulgada pela União Municipal Espírita de Araçatuba por ocasião "1.° Encontro de Delegados de Polícia Espíritas do Estado de São Paulo", em Araçatuba, de 23/5/1980. Incluída no livro: Carvalho, Antonio Cesar Perri. Benedita Fernandes. A dama da caridade. Araçatuba: Cocriação.

REGOZIJEMO-NOS SEMPRE

Regozijemo-nos sempre

“Regozijai-vos sempre” – Paulo. (1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:16.)

O texto evangélico não nos exorta ao júbilo somente nos dias em que nos sintamos pessoalmente felizes.

Assevera com simplicidade – “regozijai-vos sempre.”

Nada existe no mundo que não possa transformar-se em respeitável motivo de trabalho, alegria e santificação.

E a própria Natureza, cada dia, exibe expressivos ensinamentos nesse particular.

Depois da tempestade que arranca raízes, mutila árvores, destrói ninhos e enlameia estradas, a sementeira reaparece, o tronco deita vergônteas novas, as aves refazem os lares suspensos e o caminho se coroa de sol.

Somente o homem, herói da inteligência, guarda consigo a carantonha do pessimismo, por tempo indeterminado, qual se fora gênio irado e desiludido, interessado em destruir o que lhe não pertence.

Ausência continuada de esperanças e de alegria na alma significa evolução deficitária.

Por toda parte, há convites à edificação e ao aprimoramento, desafiando-nos à ação no engrandecimento comum.

Ninguém é tão infeliz que não possa produzir alguns pensamentos de bondade, nem tão pobre que não possa distribuir alguns sorrisos e boas palavras com os seus companheiros na luta cotidiana.

Tristeza de todo instante é ferrugem nas engrenagens da alma.

Lamentação contumaz é ociosidade ou resistência destrutiva.

É necessário acordar o coração e atender dignamente à parte que nos compete no drama evolutivo da vida, sem ódio, sem queixa, sem desânimo.

A experiência é o que é.

Nossos companheiros são o que são.

Cada qual de nós recebe o quinhão de luta imprescindível ao aprendizado que devemos realizar.

Ninguém está deserdado de oportunidades, em favor da sua melhoria.

A grande questão é obedecer a Deus, amando-O, e servir ao próximo de boa-vontade.

Quem solucionou semelhante problema, dentro de si mesmo, sabe que todas as criaturas e situações da senda são mensagens vivas em que podemos recolher as bênçãos do amor e da sabedoria, se aceitamos a lição que o Senhor nos oferece.

Nesse sentido, pois, não nos esqueçamos de que Paulo, o intimorato batalhador do Evangelho, sob tormentas de preocupações, encontrou recurso em si mesmo para dizer aos irmãos de luta: – “Regozijai-vos sempre.”

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. Cap. 102. FEB)

Reparemos nossas mãos

Reparemos nossas mãos

“… Mostrou-lhes as suas mãos…” – (João, 20:20.)

Reaparecendo aos discípulos, depois da morte, eis que Jesus, ao se identificar, lhes deixa ver o corpo ferido, mostrando-lhes destacadamente as mãos…

As mãos que haviam restituído a visão aos cegos, levantado paralíticos, curado enfermos e abençoado velhinhos e crianças, traziam as marcas do sacrifício.

Traspassadas pelos cravos da cruz, lembravam-lhe a suprema renúncia.

As mãos do Divino Trabalhador não recolheram do mundo apenas calos do esforço intensivo na charrua do bem.

Receberam feridas sanguinolentas e dolorosas…

O ensinamento recorda-nos a atividade das mãos em todos os recantos do Globo.

O coração inspira.

O cérebro pensa.

As mãos realizam.

Em toda parte, agita-se a vida humana pelas mãos que comandam e obedecem.

Mãos que dirigem, que constroem, que semeiam, que afagam, que ajudam e que ensinam…

E mãos que matam, que ferem, que apedrejam, que batem, que incendeiam, que amaldiçoam …

Todos possuímos nas mãos antenas vivas por onde se nos exterioriza a vida espiritual.

Reflete, pois, sobre o que fazes, cada dia.

Não olvides que, além da morte, nossas mãos exibem os sinais da nossa passagem pela Terra.

As do Cristo, o Eterno Benfeitor, revelavam as chagas obtidas na divina lavoura do amor.

As tuas, amanhã, igualmente falarão de ti, no mundo espiritual, onde, interrompida a experiência terrestre, cada criatura arrecada as bênçãos ou as lições da vida, de acordo com as próprias obras.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. cap. 179. FEB)

Renova-te sempre

Renova-te sempre

“Ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova, dia a dia.” – Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 4:16.)

Cada dia tem a sua lição.

Cada experiência deixa o valor que lhe corresponde.

Cada problema obedece a determinado objetivo.

Há criaturas que, torturadas por temores contraproducentes, proclamam a inconformação que as possui à frente da enfermidade ou da pobreza, da desilusão ou da velhice.

Não faltam, no quadro da luta cotidiana, os que fogem espetacularmente dos deveres que lhes cabem, procurando, na desistência do bom combate e no gradual acordo com a morte, a paz que não podem encontrar.

Lembra-te de que as civilizações se sucedem no mundo, há milhares de anos, e que os homens, por mais felizes e por mais poderosos, foram constrangidos à perda do veículo de carne para acerto de contas morais com a eternidade.

Ainda que a prova te pareça invencível ou que a dor se te afigure insuperável, não te retires da posição de lidador, em que a Providência Divina te colocou.

Recorda que amanhã o dia voltará ao teu campo de trabalho.

Permanece firme, no teu setor de serviço, educando o pensamento na aceitação da Vontade de Deus.

A moléstia pode ser uma intimação transitória e salutar da Justiça Celeste.

A escassez de recursos terrestres é sempre um obstáculo educativo.

O desapontamento recebido com fervorosa coragem é trabalho de seleção do Senhor, em nosso benefício.

A senectude do corpo físico é fixação da sabedoria para a felicidade eterna.

Sê otimista e diligente no bem, entre a confiança e a alegria, porque, enquanto o envoltório de carne se corrompe pouco a pouco, a alma imperecível se renova, de momento a momento, para a vida imortal.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. Cap. 141. FEB)

Que fazemos do Mestre?

Que fazemos do Mestre?

“Que farei então de Jesus, chamado o Cristo?” – Pilatos. (Mateus, 27:22.)

Nos círculos do Cristianismo, a pergunta de Pilatos reveste-se de singular importância.

Que fazem os homens do Mestre Divino, no campo das lições diárias?

Os ociosos tentam convertê-lo em oráculo que lhes satisfaça as aspirações de menor esforço.

Os vaidosos procuram transformá-lo em galeria de exibição, através da qual façam mostruário permanente de personalismo inferior.

Os insensatos chamam-no indebitamente à aprovação dos desvarios a que se entregam, a distância do trabalho digno.

Grandes fileiras seguem-lhe os passos, qual a multidão que o acompanhava, no monte, apenas interessada na multiplicação de pães para o estômago.

Outros se acercam dEle, buscando atormentá-lo, à maneira dos fariseus arguciosos, rogando “sinais do céu”.

Numerosas pessoas visitam-no, imitando o gesto de Jairo, suplicando bênçãos, crendo e descrendo ao mesmo tempo.

Diversos aprendizes ouvem-lhe os ensinamentos, ao modo de Judas, examinando o melhor caminho de estabelecerem a própria dominação.

Vários corações observam-no, com simpatia, mas, na primeira oportunidade, indagam, como a esposa de Zebedeu, sobre a distribuição dos lugares celestes.

Outros muitos o acompanham, estrada a fora, iguais a inúmeros admiradores de Galiléia, que lhe estimavam os benefícios e as consolações, detestando-lhe as verdades cristalinas.

Alguns imitam os beneficiários da Judéia, a levantarem mãospostas no instante das vantagens e a fugirem, espavoridos, do sacrifício e do testemunho.

Grande maioria procede à moda de Pilatos que pergunta solenemente quanto ao que fará de Jesus e acaba crucificando-o, com despreocupação do dever e da responsabilidade.

Poucos imitam Simão Pedro que, após a iluminação no Pentecostes, segue-o sem condições até à morte.

Raros copiam Paulo de Tarso que se ergue, na estrada do erro, colocando-se a caminho da redenção, através de impedimentos e pedradas, até ao fim da luta. Não basta fazer do Cristo Jesus o benfeitor que cura e protege.

É indispensável transformá-lo em padrão permanente da vida, por exemplo e modelo de cada dia.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 100. FEB)

PADECER

PADECER

“Nada temas das coisas que hás de padecer.” — (APOCALIPSE, capítulo 2, versículo 10.)

Uma das maiores preocupações do Cristo foi alijar os fantasmas do medo das estradas dos discípulos.

A aquisição da fé não constitui fenômeno comum nas sendas da vida.

Traduz confiança plena.

Afinal, que significará “padecer”?

O sofrimento de muitos homens, na essência, é muito semelhante ao do menino que perdeu seus brinquedos.

Numerosas criaturas sentem-se eminentemente sofredoras, por não lhes ser possível a prática do mal; revoltam-se outras porque Deus não lhes atendeu aos caprichos perniciosos.

A fim de prestar a devida cooperação ao Evangelho, é justo nos incorporemos à caravana fiel que se pôs a caminho do encontro com Jesus, compreendendo que o amigo leal é o que não procura contender e está sempre disposto à execução das boas tarefas.

Participar do espírito de serviço evangélico épartilhar das decisões do Mestre, cumprindo os desígnios divinos do Pai que está nos Céus.

Não temamos, pois, o que possamos vir a sofrer. Deus é o Pai magnânimo e justo.

Um pai não distribui padecimentos.

Dá corrigendas e toda corrigenda aperfeiçoa.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Caminho, verdade e vida. Cap. 26. FEB)

Vê e segue

Vê e segue

“Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo.” – (João, 9:25.)

Apesar de o trabalho renovador do Evangelho, nos círculos da consolação e da pregação, desdobrar-se, diante das massas, semeando milagres de reconforto na alma do povo, o serviço sutil e quase desconhecido do aproveitamento da Boa Nova é sempre individual e intransferível.

Os aprendizes da vida cristã, na atividade vulgar do caminho, desfrutam do conceito de normalidade, mas se não gozam de vantagens observáveis no imediatismo da experiência humana, quais sejam as da consolação, do estímulo ou da prosperidade material, de maneira a gravarem o ensinamento vivo de Jesus, nas próprias vidas, passam à categoria de pessoas estranhas, muita vez ante os próprios companheiros de ministério.

Chegado a semelhante posição, e se sabe aproveitar a sublime oportunidade pela submissão e diligência, o discípulo experimenta completa transposição de plano.

Modifica a tabela de valores que o rodeiam.

Sabe onde se ocultam os fundamentos eternos.

Descortina esferas novas de luta, através da visão interior que outros não compreendem.

Descobre diferentes motivos de elevação, por intermédio do sacrifício pessoal, e identifica fontes mais altas de incentivo ao esforço próprio.

Em vista disso, freqüentemente provoca discussões acesas, com respeito à atitude que adota à frente de Jesus.

Por ver, com mais clareza, as instruções reveladas pelo Mestre, é tido à conta de fanático ou retrógrado, idiota ou louco.

Se, porém, procuras efetivamente a redenção com o Senhor, prossegue seguro de ti mesmo; repara, sem aflição e sem desâ- nimo, as contendas que a ação genuína de Jesus em ti recebe de corações incompreensivos e estacionários, repete as palavras do cego que alcançou a visão e segue para diante.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. Cap. 95. FEB)