Nova tradução do Novo Testamento contribui para estudos

Os estudiosos do Evangelho dispõem agora de uma tradução que não é vinculada a interpretações de uma religião. Com apresentação, tradução e notas de Frederico Lourenço – tradutor premiado que já verteu obras clássicas do grego para o português -, traduziu a Bíblia direta do grego, isenta de interpretações religiosas, com interesse “histórico-linguístico, e não teológico”. Frederico Lourenço é professor de Estudos Clássicos, Grego e Literatura Grega da Universidade de Coimbra (Portugal).

Em Portugal está disponível toda sua obra completa, e agora, chega às livrarias brasileiras, pela Editora Companhia das Letras, o primeiro volume, contendo os quatro Evangelhos.

O leitor conta com preciosas informações históricas e comparativas desde a Apresentação. O tradutor também fornece ricas contribuições nos capítulos iniciais “Introdução aos quatro Evangelhos” e “O grego dos Evangelhos e a presente tradução”. Apresenta ainda Notas Introdutórias aos textos de cada um dos quatro evangelistas.

Junto aos textos dos evangelistas há uma grande quantidade de notas de rodapé trazendo contribuições para a melhor compreensão dos versículos.

Ao final da obra de 412 páginas, o tradutor Lourenço inclui um “Quadro alfabético-temático dos quatro Evangelhos” e depois apresenta a Bibliografia utilizada para seu trabalho de tradução e de estudos históricos e linguísticos.

A nova tradução do Novo Testamento contribui com subsídios bem fundamentados e extremamente valiosos para os estudiosos dos textos dos Evangelhos.

Dados da ficha catalográfica:

Bíblia, volume I: Novo Testamento: os quatro Evangelhos / tradução do grego, apresentação e notas por Frederico Lourenço. 1a. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

Vida e mediunidade em Jales e Fernandópolis

 

No dia 23 de setembro ocorreu Seminário "Pesquisas atuais sobre mediunidade" desenvolvido pelo dr. Sérgio Thiesen (do Rio de Janeiro), com o apoio da USE de Fernandópolis, na Associação Espírita Beneficente Pátria do Evangelho em Fernandópolis (SP). Na cidade de Jales, no dia 24 de setembro, este expositor convidado desenvolveu o Simpósio Saúde e e Espiritualidade, com o tema "A fluidoterapia como instrumento de cura das doenças do corpo e da mente". Os eventos estavam na programação do "Setembro Amarelo", de Valorização da Vida. Houve transmissão ao vivo pela web TV Rede Amigo Espírita. O expositor Thiesen também proferiu palestras em Nova Fronteira, no dia 22; em Santa Fé do Sul (dia 24) e no G.U.E. Caminho da Esperança, em Jales (dia 25).

Prevenção do suicídio na USE-SP


Na manhã do dia 23 de setembro houve um Encontro Estadual Paulista da Área de Atendimento Espiritual no Centro Espírita, na sede da USE, em São Paulo. O tema tratado foi “O suicídio na visão espírita”, com participações de: Mauro Santos e Fernando de Oliveira Porto, ambos diretores da Área; Luiz Cláudio da Silva, da Campanha do Evangelho no Lar; e também com participação especial dos diretores dos Departamentos de Mocidades, Gustavo Ferreira Bento, e da Infância (Ana Luísa Boiago). 

Gestão de Centros em Sergipe

A Federação Espírita do Estado de Sergipe deu início a um curso "Gestão de Centro Espírita", no dia 24 de setembro e terá prosseguimento no dia 30 de setembro. Tem como facilitador Júlio César F.Góes, ex-presidente desta Federação. O trabalho de seminários e cursos presenciais e à distância sobre Gestão de Centros Espíritas foi iniciado em 2003 e prosseguiram até 2015, com atuação da extinta secretaria geral do CFN da FEB.

Prevenção do suicídio junto a jovens no Amapá

O suicídio é a terceira causa que mais mata jovens no Brasil, perdendo somente para drogas e acidente de trânsito, segundo o Ministério da Saúde.

Para tratar o tema, o Ministério Público envolveu as promotorias de Saúde, dos Direitos Constitucionais, da Educação, Juizado Especial e do Núcleo de Investigação, e conta com a parceria do Centro de Valorização da Vida (CVV) e da Federação Espírita Amapaense (Feap). Felipe Menezes (foto), vice-presidente da Federação Amapaense e vinculado ao Ministério Público tem atuado nessa Campanha.

“Nosso público são alunos do ensino médio. Nossa intenção é que os professores consigam identificar as mudanças nos jovens que possa impedir que eles tomem atitudes irreversíveis. As pessoas têm que entender que se trata do bem-estar do adolescente, é questão de saúde, por isso envolvemos vários órgãos nessa discussão”, explica a promotora de Saúde Fábia Souza.

A Campanha foi focalizada na TV de Macapá: https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/escolas-do-ap-aderem-a-campanha-para-identificar-comportamentos-que-podem-levar-ao-suicidio.ghtml

RETIFICAR

Corrige amando para que a chama de teu auxílio não se apague ao golpe rijo do desespero.

Não prescindirás da bondade e da tolerância na retificação dos elementos mais simples.

O próprio ato de remendar a peça de roupa humilde, recuperada para servir-te, reclama desvelo justo.

Lembra-te de que o cirurgião recorre à anestesia para atender ao órgão doente e recorda que o artista trabalhando a pedra obscura, não a golpeia sem amor, a fim de que o buril, manejado com sabedoria e ternura, dela arranque a obra-prima que lhe expressará o sonho de perfeição e beleza.

Se realmente amas aquele que a sombra afeia e desfigura, não cobri-lo-ás de impropérios e maldições, porquanto, condenar quem já é de si mesmo desorientado e infeliz é o mesmo que precipitar o viajante inseguro no abismo das trevas ou acelerar a agonia do enfermo, arrojando-o ao visco da morte.

Não basta sentir o veneno do mal e perceber-lhe a influência.

É imprescindível descobrir o antídoto do bem para administrá-lo, sem alarme, na hora certa.

Diante dos corações que reconheces transviados em pedregoso caminho, estende em silêncio os braços amigos para que a fraternidade exalte o ministério da salvação, sem os remoques da crueldade que apenas conseguem piorar as moléstias do espírito, assim como a imprudência do enfermeiro alarga a ferida que as suas mãos se propunham a curar.

Guarda a certeza de que à frente do nevoeiro não vale gritar para que a sombra de extinga.

É necessário o socorro da paciência com a firme disposição de acender nova luz.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Intervalos. Lição nº 25. Matão: O Clarim.)

O relógio do Apocalipse

Almir Del Prette – São Carlos/SEOB

Em 1947, um grupo de cientistas reunidos na Universidade de Chicago tomou a decisão de criar uma estratégia para avisar a humanidade sobre o risco de uma guerra nuclear com resultados nefastos para toda a humanidade. Alguns desses cientistas haviam participado do Manhattan Project. Uma espécie de força tarefa incumbida de desenvolver as primeiras armas nucleares, ainda durante a segunda guerra mundial. Todos os cientistas, os chefes militares e uma boa parcela da humanidade sabiam que os artefatos bélicos, recém-desenvolvidos iriam, pouco a pouco, se espalhar por várias nações. O domínio do átomo estava, pelo menos teoricamente, disponível e a construção de artefatos explosivos de grande poder destrutivo era previsível para breve.

A primeira questão que esse grupo se colocou, foi a de que uma estratégia de alerta quanto aos riscos de uma guerra nuclear deveria ser anunciada com urgência. Após muitas reuniões e trocas de informações, o grupo se decidiu pelo uso de uma alegoria, que pudesse funcionar como um aviso, um recurso de alerta da nefasta previsão: o relógio. O relógio há muito tempo é conhecido e usado pela humanidade e poderia ser essa alegoria, tomando-se como ponto central de referência, a “meia noite”, que representa a ausência da claridade do sol. O ponteiro maior seria um indicador de “valor para a meia noite”. O deslocamento (aproximação ou distanciamento), da meia noite, depende dos esforços de amor à paz ou à guerra que os povos cultivam.

Acontecimentos envolvendo nações com posse de armamentos nucleares sinalizam, para o grupo de cientistas, um aumento na probabilidade de conflito de grandes proporções. Quais acontecimentos seriam estes? Podemos supor alguns, por exemplo, um acidente marítimo entre embarcações militares de dois países não alinhados; discurso de algum governante que possa ser considerado ameaçador por outra nação; exercícios militares entendidos como provocação, testes de foguetes destinados a carregar ogivas nucleares etc. Diante desses e outros acontecimentos, o grupo analisa as probabilidades de desdobramentos e faz uma estimativa, movendo o ponteiro em direção à meia noite. Esse esquema não se movimenta com base na certeza, porém faz estimativas probabilísticas, com base nas histórias dos países envolvidos, na concentração do poder em poucas lideranças e na personalidade dos líderes.

Esse relógio, idealizado na década de 1950, recebeu diferentes denominações, tais como: “Apocalipse”, “Juízo final”, “Relógio do fim dos tempos”. Entretanto, ele deve ser entendido em um sentido metafórico que registra um alerta às Nações Unidas e a humanidade. Qual o efeito desse alerta? É difícil de avaliar, contudo aqueles que se empenham nesse empreendimento, o fazem de maneira séria e merecem nosso respeito.

Os momentos em que o ponteiro foi posicionado mais próximo da meia noite podem, agora, ser avaliados, como um risco real? Sim! A primeira vez que isso aconteceu foi em 1953, quando Estados Unidos e a União Soviética fizeram testes em seus países com bombas de hidrogênio. Nessa ocasião, os testes eram seguidos de bravatas de ambos os lados e os ponteiros passaram para 23h58m. Depois disso, ocorreu a chamada distensão e tivemos o relógio marcando 23h43, ou seja, a 17 minutos do ponto crucial.

Considerando guerras atuais periféricas, que distanciam alguns aliados de outros e, considerando, de um lado a presença militar ostensiva de  uma nação com extraordinária capacidade bélica no pacífico e, por outro,  uma espécie de delírio de poder, de uma nação que vem fazendo experiências com ogivas nucleares, a linha do tempo parece indicar aproximação da meia noite. Tal situação chama a atenção da ONU e de lideranças pacifistas, que se esforçam em busca da paz. O que cada pessoa pode fazer? Pouco, considerando nosso poder individual limitado. Bastante, enquanto membros de uma enorme parcela da humanidade que deseja a paz e crê em Deus.

Entre diversas estratégias da ONU, uma delas volta-se para a disseminação da paz entre todos, por meio de lideranças populares autênticas. Essas lideranças não são membros de partidos ou grupos políticos. Elas têm uma comunicação direta com o povo, trabalhando pela paz, sem buscar retorno político direto ou indireto. Essas pessoas foram denominadas de embaixadores da paz. São pacificadores de verdade, como por exemplo, Divaldo Pereira Franco. O embaixador da paz que se esforça no desenvolvimento do amor é aquele que Jesus denominou pacificador. Nem todo indivíduo pacífico é um pacificador. Contudo, todo pacificador é um amante da paz.

Jesus, o governador da nossa humanidade, há cerca de 2000 anos expôs que a paz não será obtida de maneira permanente por meio de tratados e demonstração de força, com a geração do medo.  Disse o Mestre: “Minha paz vos dou, mas não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”(Jo, 14:27. E, no Sermão das Bem-Aventuranças, novamente se refere à paz, especificando bem-aventurança aos pacificadores (Mt, 5:9) que serão chamados filhos de Deus.

(Extraído de Boletim digital Notícias do Movimento Espírita: http://www.noticiasespiritas.com.br/2017/SETEMBRO/12-09-2017.htm)

 

 

Suicídio evitado: Há um século

          Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da Humanidade, pois tenho fortes razões para isso…"

            Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, naquela triste manhã de abril de 1860, estava exausto, acabrunhado. 

            Fazia frio. 

            Muito embora a consolidação da Sociedade Espírita de Paris e a promissora venda de livros, escasseava o dinheiro para a obra gigantesca que os Espíritos Superiores lhe haviam colocado nas mãos. 

A pressão aumentava…

            Missivas sarcásticas avolumavam-se à mesa. 

Quando mais desalentado se mostrava, chega a paciente esposa, Madame Rivail – a doce Gabi -, a entregar-lhe certa encomenda, cuidadosamente apresentada. 

O professor abriu o embrulho, encontrando uma carta singela. E leu. 

"Sr. Allan Kardec: 

Respeitoso abraço. 

Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da Humanidade, pois tenho fortes razões para isso. 
           Sou encadernador desde a meninice, trabalhando em grande casa desta capital. 
           Há cerca de dois anos casei-me com aquela que se revelou minha companheira ideal. Nossa vida corria normalmente e tudo era alegria e esperança, quando, no início deste ano, de modo inesperado, minha Antoinette partiu desta vida, levada por sorrateira moléstia. 

Meu desespero foi indescritível e julguei-me condenado ao desamparo extremo. 
          Sem confiança em Deus, sentindo as necessidades do homem do mundo e vivendo com as dúvidas aflitivas de nosso século, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a fatalidade…

            A prova da separação vencera-me, e eu não passava, agora, de trapo humano. Faltava ao trabalho e meu chefe, reto e ríspido, ameaçava-me com a dispensa. Minhas forças fugiam. 

Namorara diversas vezes o Sena e acabei planeando o suicídio. "Seria fácil, não sei nadar" – pensava. 

Sucediam-se noites de insônia e dias de angústia. Em madrugada fria, quando as preocupações e o desânimo me dominaram mais fortemente, busquei a ponte Marie. 

Olhei em torno, contemplando a corrente… E, ao fixar a mão direita para atirar-me, toquei um objeto algo molhado que se deslocou da amurada, caindo-me aos pés. 

Surpreendido, distingui um livro que o orvalho umedecera. Tomei o volume nas mãos e, procurando a luz mortiça do poste vizinho, pude ler, logo no frontispício, entre irritado e curioso:

"Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom proveito.

– A. Laurent."

Estupefato, li a obra – "O Livro dos Espíritos" – ao qual acrescentei breve mensagem, volume esse que passo às suas mãos abnegadas, autorizando o distinto amigo a fazer dele o que lhe aprouver."

Ainda constava da mensagem agradecimentos finais, a assinatura, a data e o endereço do remetente.

O Codificador desempacotou, então, um exemplar de "O Livro dos Espíritos" ricamente encadernado, em cuja capa viu as iniciais do seu pseudônimo e na página do frontispício, levemente manchada, leu com emoção não somente a observação a que o missivista se referira, mas também outra, em letra firme:

"Salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação. – Joseph Perrier."

Após a leitura da carta providencial, o Professor Rivail experimentou nova luz a banhá-lo por dentro…

Aconchegando o livro ao peito, raciocinava, não mais em termos de desânimo ou sofrimento, mas sim na pauta de radiosa esperança. Era preciso continuar, desculpar as injúrias, abraçar o sacrifício e desconhecer as pedradas…

Diante de seu espírito turbilhonava o mundo necessitado de renovação e consolo.

Allan Kardec levantou-se da velha poltrona, abriu a janela à sua frente, contemplando a via pública, onde passavam operários e mulheres do povo, crianças e velhinhos…

O notável obreiro da Grande Revelação respirou a longos haustos, e, antes de retomar a caneta para o serviço costumeiro, levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima…"

Hilário Silva

(Xavier, Francisco Cândido; Vieira, Waldo. Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. Cap. 52, FEB)