Refeições e apoio espiritual em praça de Washington

Refeições e apoio espiritual em praça de Washington

Junto a uma comunidade carente na Praça McPherson, em Washington, DC (EUA), membros da Sociedade Espírita da Virgínia (Spiritist Society of Virginia- SSVA), gelando com um frio a -3o C, na passagem de novembro/dezembro, entregaram refeições, orações e apoios. Foi um momento de gentileza e fraternidade para a distribuição de mercadorias recebidas em doação.

A SSVA foi fundada por Vanessa Anseloni, que também dirige a Kardec Radio e é editora-chefe da revista The Spiritist Magazine. Esta revista foi autorizada pelo CEI, editada em inglês há 16 anos pela Sociedade Espírita da Virgínia (SSVA).

Informações:

https://www.facebook.com/vanessa.anseloni;

info@thespiritistmagazine.com

Ano Novo e as Previsões

Ano Novo e as Previsões

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Em toda passagem de ano, são comuns as ideias sobre previsões e expectativas.

Em artigo que publicamos na Revista Internacional de Espiritismo (1), expusemos as motivações para escrevermos sobre o tema.

Com algumas adequações, eis sinteticamente o raciocínio desenvolvido no artigo citado. De início, torna-se importante recorrermos à Obra da Codificação. Em A Gênese, há trechos marcantes do Codificador: “O resultado final de um acontecimento pode, pois, ser certo, já que está nos desígnios Deus. Mas, como frequentemente, os detalhes e o modo de execução são subordinados às circunstâncias e ao livre-arbítrio dos homens; os caminhos e os meios podem ser eventuais. Os Espíritos podem nos alertar sobre o conjunto, se for útil que sejamos prevenidos. Mas para precisar o lugar e a data, eles deveriam conhecer previamente a decisão que tal ou qual indivíduo tomará.” Inclusive Kardec comenta sobre “a forma misteriosa e cabalística da qual Nostradamus nos oferece o exemplo mais completo dá-lhe certo prestígio aos olhos do homem comum, que lhe atribui tanto mais valor quanto mais sejam incompreensíveis.”

Em outra parte, Kardec lembra que “a humanidade contemporânea tem também seus profetas; mais de um escritor, poeta, literato, historiador ou filósofo pressentiu, em seus escritos, a marcha futura dos acontecimentos que se veem realizar atualmente. […] Mas, frequentemente também, ela é o resultado de uma clarividência especial…” Sobre o futuro, o Codificador também alerta que “a fraternidade será a pedra angular da nova ordem social, mas não há fraternidade real, sólida e efetiva sem estar apoiada sobre uma base inabalável. Essa base é a fé; não a fé em tais ou quais dogmas particulares que mudam com o tempo e os povos e que se apedrejam mutuamente…”

Portanto, Kardec pondera que “a época atual é a da transição: os elementos das duas gerações se embaralham. Colocados no ponto intermediário, presenciamos a partida de uma e a chegada da outra, a cada qual se distingue no mundo pelas características que lhe são próprias.” Na sequência, tece considerações sobre a “nova geração marchará para a realização de todas as ideias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento ao qual tenha chegado. […] A nova geração, devendo fundar a era do progresso moral, distingue-se por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, somadas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas. É o sinal incontestável de um certo grau de adiantamento anterior.”

Interessante notar que Kardec dá mais importância às transformações morais e espirituais do que às alterações físicas cíclicas de nosso orbe. Em histórica obra elaborada antes da eclosão – A caminho da luz -, da 2ª Guerra Mundial, Emmanuel discorre sobre o porvir, de uma forma bem geral, analisando no capítulo “A América e o futuro” alguns aspectos como: “Em torno dos seus celeiros econômicos, reunir-se-ão as experiências europeias, aproveitando o esforço penoso dos que tombaram na obra da civilização do Ocidente para a edificação do homem espiritual, que há de sobrepor-se ao homem físico do planeta, no pleno conhecimento dos grandes problemas do ser e do destino. […] Nos campos exuberantes do continente americano estão plantadas as sementes de luz da árvore maravilhosa da civilização do futuro.” E surgem algumas anotações sérias sobre o futuro da Humanidade: “Mas é chegado o tempo de um reajustamento de todos os valores humanos. Se as dolorosas expiações coletivas preludiam a época dos últimos ”ais” do Apocalipse, a espiritualidade tem de penetrar as realizações do homem físico, conduzindo-as para o bem de toda a Humanidade. […] O cajado do pastor conduzirá o sofrimento na tarefa penosa da escolha e a dor se incumbirá do trabalho que os homens não aceitaram por amor. Uma tempestade de amarguras varrerá toda a Terra. […] Condenada pelas sentenças irrevogáveis de seus erros sociais e políticos, a superioridade europeia desaparecerá para sempre, como o Império Romano, entregando à América o fruto das suas experiências, com vistas à civilização do porvir. Vive-se agora, na Terra, um crepúsculo, ao qual sucederá profunda noite; e ao século XX compete a missão do desfecho desses acontecimentos espantosos.”

As anotações de Emmanuel são, no geral, coerentes com textos evangélicos: “No mundo tereis grandes tribulações, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João, 16,33). O versículo seguinte, no entendimento espírita, pode ser interpretado como intensos intercâmbios com o “céu aberto”, ou seja, manifestações de ordem espiritual: “Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (João, 1, 51).

A essa altura, são cabíveis as advertências registradas no Novo Testamento com relação aos “falsos profetas”. Entre outras: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas,… Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? […] Portanto, pelos seus frutos os conhecereis (Mateus, 7, 15, 20).

As interpretações deturpadoras e alarmantes de profecias e previsões de domínio público e ainda outras que são atribuídas a médiuns já desencarnados muitas vezes causam inseguranças e temores. Isso sem se discutir a questão doutrinária e a coerência do perfil e das obras públicas dos eventuais envolvidos.

Sobre isso, Emmanuel analisa em tom esclarecedor: “[…] em sobrevindo a divisão das angústias da cruz, muitos aprendizes fogem receando o sofrimento e revelando-se indignos da escolha. Os que assim procedem, categorizam-se à conta de loucos, porquanto, subtrair-se à colaboração com o Cristo, é menosprezar um direito sagrado.” Em entrevista concedida a Fernando Worm (Janela para a vida) Chico Xavier atribui a Emmanuel a resposta a questão sobre o futuro da humanidade daqui um milênio: “Com a cooperação do homem, a Divina Providência, no curso de um milênio, pode esculpir primores indefiníveis de paz e amor, progresso e união para a Humanidade”.

E, finalmente, para os novos crentes na “parusia” – que ainda aguardam um retorno do Cristo -, Emmanuel anotou de forma clara: “Os homens esperam por Jesus e Jesus espera igualmente pelos homens.”

Nessas rápidas pinceladas sobre o polêmico tema profecias, entendemos que merece ser estudado e analisado com base nas Obras Básicas da Codificação e aquelas que são coerentes e complementares às mesmas. Há necessidade de bom senso e fundamentação em conhecimentos científicos atuais e, no nosso caso, fidelidade às obras de Allan Kardec. O pouco estudado livro A Gênese, deve merecer mais atenção na seara espírita!: “O progresso da Humanidade tem seu princípio na aplicação da lei de justiça, de amor e de caridade, lei que se funda na certeza do futuro” – Allan Kardec (LE, Conclusão IV).

Referência:

1) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Base para interpretação das profecias. Revista Internacional de Espiritismo. Ano XCIV. N. 7. Agosto de 2019. p. 370-372.

Carta de Ano Novo

Carta de Ano Novo

Ano Novo é também renovação de nossa oportunidade de aprender, trabalhar e servir.

O tempo, como paternal amigo, como que se reencarna no corpo do calendário, descerrando-nos horizontes mais claros para a necessária ascensão.

Lembra-te de que o ano em retorno é novo dia a convocar-te para execução de velhas promessas, que ainda não tiveste a coragem de cumprir.

Se tens inimigo, faze das horas renascer-te o caminho da reconciliação.

Se foste ofendido, perdoa, a fim de que o amor te clareie a estrada para frente.

Se descansaste em demasia, volve ao arado de tuas obrigações e planta o bem com destemor para a colheita do porvir.

Se a tristeza te requisita, esquece-a e procura a alegria serena da consciência feliz no dever bem cumprido.

Novo Ano! Novo Dia!

Sorri para os que te feriram e busca harmonia com aqueles que te não entenderam até agora.

Recorda que há mais ignorância que maldade, em torno de teu destino.

Não maldigas, nem condenes.

Auxilia a acender alguma luz para quem passa ao teu lado, na inquietude da escuridão.

Não te desanimes, nem te desconsoles.

Cultiva o bom ânimo com os que te visitam, dominados pelo frio do desencanto ou da indiferença.

Não te esqueças de que Jesus jamais se desespera conosco e, como que oculto ao nosso lado, paciente e bondoso, repete-nos de hora a hora: – Ama e auxilia sempre.

Ajuda aos outros, amparando a ti mesmo, porque se o dia volta amanhã, eu estou contigo, esperando pela doce alegria da porta aberta de teu coração.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Vida e Caminho. Cap. 17. São Bernardo do Campo: GEEM)

CONFRATERNIZAÇÃO DE FINAL DE ANO NO CCDPE – SÃO PAULO

CONFRATERNIZAÇÃO DE FINAL DE ANO NO CCDPE – SÃO PAULO

No dia 14 dezembro houve almoço de confraternização na sede do CCDPE em São Paulo. Reunião fraterna que reuniu dirigentes, como a presidente Júlia Nezu, Pedro Nakano mostrando o acervo, vários colaboradores e participantes das diversas atividades presenciais e virtuais, inclusive de outras cidades. Equipe esmerada com o cardápio, alguns preparados no local. O Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo funciona na Alameda dos Guaiases, no bairro Planalto Paulista/Indianópolis, em São Paulo. Informações: www.ccdpe.org.br

Penas futuras e “bater na face direita”

Penas futuras e “bater na face direita”

Na manhã do dia 15 de dezembro, na reunião pública domingueira da Instituição Nosso Lar (Araçatuba), Vanderlei Galdino de Araújo, seguindo “O Livro dos Espíritos”, expôs sobre as questões “penas e gozos futuros”; Paulo Sérgio Perri de Carvalho, com base em “O Evangelho segundo o Espiritismo” abordou o tema “se alguém vos bater na face direita…” A reunião também é transmitida pela internet pela Instituição e pela Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes.

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“Pelo começo” em foco desde há cinco décadas

“Pelo começo” em foco desde há cinco décadas

O Blog Bruno Tavares, de Recife, entrevistou Cesar Perri (São Paulo) sobre seus registros e experiências com a Campanha Comece pelo Começo, desde a época do lançamento pela USE-SP. Programa transmitido na noite do dia 14 de dezembro. Mensalmente esse Blog entrevista Perri sobre seu livro "Pelos caminhos da vida, memórias e reflexões", editado pela Cocriação (Whatzapp 18-99709-4684), que contém registros e relatos históricos do movimento espírita nacional e internacional.

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PERANTE JESUS

PERANTE JESUS

“E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens.” — Paulo. (COLOSSENSES, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 23.)

A compreensão do serviço do Cristo, entre as criaturas humanas, alcançará mais tarde a precisa amplitude, para a glorificação d'Aquele que nos segue de perto, desde o primeiro dia, esclarecendo-nos o caminho com a divina luz.

Se cada homem culto indagasse de si mesmo, quanto ao fundamento essencial de suas atividades na Terra, encontraria sempre, no santuário interior, vastos horizontes para ilações de valor infinito.

Para quem trabalhou no século?

A quem ofereceu o fruto dos labores de cada dia?

Não desejamos menoscabar a posição respeitável das pátrias, das organizações, da família e da personalidade; todavia, não podemos desconhecer-lhes a expressão de relatividade no tempo.

No transcurso dos anos, as fronteiras se modificam, as leis evolucionam, o grupo doméstico se renova e o homem se eleva para destinos sempre mais altos.

Tudo o que representa esforço da criatura foi realização de si mesma, no quadro de trabalhos permanentes do Cristo.

O que temos efetuado nos séculos constitui benefício ou ofensa a nós mesmos, na obra que pertence ao Senhor e não a nós outros.

Legisladores e governados passam no tempo, com a bagagem que lhes é própria, e Jesus permanece a fim de ajuizar da vantagem ou desvantagem da colaboração de cada um no serviço divino da evolução e do aprimoramento.

Administração e obediência, responsabilidades de traçar e seguir são apenas subdivisões da mordomia conferida pelo Senhor aos tutelados.

O trabalho digno é a oportunidade santa. Dentro dos círculos do serviço, a atitude assumida pelo homem honrar-lhe-á ou desonrar-lhe-á a personalidade eterna, perante Jesus-Cristo.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 57. FEB)

Cristo, cristianização e nós

Cristo, cristianização e nós

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Os finais de ano são assinalados pelas comemorações relacionadas com o nascimento de Jesus. Essas evocações merecem reflexões sobre a significação espiritual da efeméride no contexto da sociedade com base na literatura espírita.

Desde os momentos preparatórios a esse nascimento, incluindo o “século de Augusto” e o momento da “maioridade terrestre”1 -, a condescendência do contemporâneo imperador Tibério com relação ao “profeta” que surgia, o profundo impacto da força espiritual da missão do Cristo, e, na sequência, a consolidação com a renúncia e extrema dedicação de heroicos discípulos. Os revezes e perseguições atrozes estabelecidos em algumas etapas do Império Romano acabaram por fortalecer a têmpera de notáveis cristãos e de favorecer a difusão do cristianismo.2

Passados dois mil anos, os enganos cometidos geraram muitas resistências a segmentos cristãos em vários países. Porém, apesar de várias deturpações, a mensagem de Cristo sobreviveu, e, em nossos dias, há o esforço para se restabelecer a essência de seus ensinamentos e de se valorizar a simplicidade do cristianismo primitivo. É a proposta de implantação e difusão da mensagem do “Consolador Prometido” pelo Mestre. O Espírito da Verdade destaca que “no cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram.”3

A propósito, Léon Denis comenta: “quaisquer que sejam os erros ou as faltas dos que se acobertam com o nome de Jesus e sua doutrina, o pensamento do Cristo em nós não desperta senão um sentimento de profundo respeito e de sincera admiração” e destaca: "só há um Deus – diz S. Paulo e um só mediador entre Deus e os homens, que é Jesus-Cristo, homem."4

As dificuldades atuais para a marcha das propostas de Jesus são assinaladas pelo filósofo Herculano Pires ao se referir a questionamentos vigentes no meio da intelectualidade. Considera que “há um abismo entre o Cristo e o cristianismo”, levando em consideração a obra O cristianismo de Cristo e o dos seus vigários, dos anos 1920, de autoria do Padre Alta (pseudônimo do padre francês Mélinge). Herculano ressalta: “o cristianismo, que pelo poder do seu conteúdo moral e espiritual, já podia nos ter dado um mundo melhor, foi frustrado na sua intenção pelo apego dos homens ao maravilhoso, ao fantástico, e pela indiferença preguiçosa dos comodistas, que só pensaram em se acomodar e tirar proveito das situações criadas. Jesus não foi um alucinado, como o diagnosticou Binét Sanglé, nem um Deus, como querem ainda hoje os religiosos ingênuos, mas um homem, encarnação de um espírito superior, que se encarnou num momento decisivo da evolução humana, a fim de dar a sua contribuição para o progresso da Terra” […] o chamado Cristianismo Oficial, como disse Stanley Jones[*], está mais distante do Cristo do que o chamado cristianismo marginal dos nossos dias”.5

Obra publicada postumamente reúne excelentes estudos de Herculano Pires6, com base em gravações de programas radiofônicos, tendo como foco a visão do evangelho “em espírito e verdade”, referindo-se aos princípios e cuidados no movimento espírita, há a ponderação: "o que nos deve interessar não é nossa opinião nisso ou naquilo, mas sim a firmeza com que pudermos seguir os princípios da doutrina espírita. E esses princípios estão firmados, como nós sabemos na codificação de Allan Kardec. E estes princípios, por sua vez, têm a sua base mais profunda, as suas raízes mais penetrantes nos próprios evangelhos de Jesus."6

No contexto da atualidade, com vistas ao objetivo de revigorar o cristianismo com base na mensagem da Boa Nova torna-se cabível o comentário espiritual inserto em O evangelho segundo o espiritismo: “[…] A história da cristandade fala de mártires que se encaminhavam alegres para o suplício. Hoje, na vossa sociedade, para serdes cristãos, não se vos faz mister nem o holocausto do martírio, nem o sacrifício da vida, mas única e exclusivamente o sacrifício do vosso egoísmo, do vosso orgulho e da vossa vaidade. Triunfareis, se a caridade vos inspirar e vos sustentar a fé.”3

A visão espírita é desenvolvida por Cairbar Schutel: “o cristianismo, sob os ditames de Jesus, é uma Religião Viva, representada por um corpo de espíritos que se acham a ele subordinados e que dirigem e animam o cristianismo. O estudo do cristianismo, digno de toda a atenção e observação, está intimamente ligado ao estudo da alma, do espírito. […] o espiritismo é o espírito do cristianismo.”7

Na obra Emmanuel, o autor espiritual, numa apreciação geral, analisa que “a Civilização Ocidental está em crise; os observadores e os sociólogos trazem, para o amontoado de várias considerações, o resultado dos seus estudos. Alguns proclamam que toda civilização tem a fragilidade de uma vida; outros aventam hipóteses mais ou menos aceitáveis, e alguns apeiam para a cristianização dos espíritos. Estes últimos estão acertados em seus pareceres”.8 Em outra obra psicografada por Chico Xavier, esse espírito anota claramente: “a realidade é que a civilização ocidental não chegou a se cristianizar”.2 Assim, recomenda de forma objetiva: “que é preciso cristianizar a humanidade é afirmação que não padece dúvida; entretanto, cristianizar, na Doutrina Espírita, é raciocinar com a verdade e construir com o bem de todos, para que, em nome de Jesus, não venhamos a fazer sobre a Terra mais um sistema de fanatismo e de negação.”2

Ainda há algumas expectativas da parusia. Cristo é esperado por muitos para “a salvação dos homens” … A ideia mágica de salvação, sedimentada por religiões tradicionais alimenta o pensamento de boa parte da população. O espiritismo é muito claro ao esclarecer os mecanismos de educação e evolução espiritual assentados a partir do esforço pessoal de superações de dificuldades e aprimoramento com base na adoção da moral ensinada por Jesus. Ao interpretar o versículo “E disse-lhe o Senhor em visão: – Ananias! E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor!” (Atos 9, 10), Emmanuel esclarece: “os homens esperam por Jesus e Jesus espera igualmente pelos homens. Ninguém acredite que o mundo se redima sem almas redimidas”. No final de suas considerações, o autor espiritual objetivamente destaca: “onde estiver um seguidor do Evangelho aí se encontra um mensageiro do Amigo Celestial para a obra incessante do bem. Cristianismo significa Cristo e nós.”9

No contexto atual são evidentes os embates teológicos e sociais no seio das grandes e tradicionais religiões cristãs. Ao se analisar os entrechoques da sociedade contemporânea, torna-se oportuno trazer à tona o entendimento do mecanismo das reencarnações para uma melhor compreensão de muitas turbulências. Depois de quase dois mil anos da origem do cristianismo, podem estar de volta espíritos – quais seres antigos que reaparecem – que vivenciaram etapas ou situações as mais diversas nas lutas vinculadas a conceitos e práticas de religião.

De nossa parte, dispomos de valiosos subsídios oferecidos pela literatura espírita, e, recomendamos a releitura e estudo dessas obras referenciadas, absolutamente coerentes sobre a responsabilidade que temos em mãos, no sentido de valorizar o ensino moral de Jesus. Em épocas identificadas como "sinais dos tempos", são indispensáveis as definições e as lutas interiores e de relações interpessoais assentadas nos parâmetros do bem e da paz.

Referências:

1) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Cristianismo nos séculos iniciais. Aspectos históricos e visão espírita. Matão: O Clarim. 2018. 286p.

2) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. A caminho da luz. Cap. 12. Brasília: FEB. 2013.

3) Kardec, Allan. Trad. Ribeiro, Guillon. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. VI, item 5; Cap. XI, item 8. Brasília: FEB. 2013.

4) Denis, Léon. Trad. Cirne, Leopoldo. Cristianismo e espiritismo. Brasília: FEB. 2013. 336p.

5) Pires, José Herculano. Revisão do cristianismo. São Paulo: Paideia. 1977. 110p.

6) Pires, José Herculano. Org. Arribas, Célia. O evangelho de Jesus em espírito e verdade. 1.ed. Cap. 6 e 9. São Paulo: Editora Paidéia. 2016.

7) Schutel, Cairbar. O espírito do cristianismo. Matão: O Clarim. 2018. 284p.

8) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Emmanuel. 28.ed. Cap. 2.5 e 4.1. Brasília: FEB. 2013.

9) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. Cap. 17. Rio de Janeiro: FEB. 2005.

Transcrito de artigo do autor: Revista internacional de espiritismo. Ano 99. N.11. Dezembro de 2024. P. 542-543.

[*] Teólogo americano, vinculado ao movimento metodista, atuou no Século XX.