As expectativas de Novo Ano

     As expectativas de Novo Ano

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Tradicionalmente, todas mudanças significativas no calendário ensejam expectativas, esperanças e também houve contextos de medo.

Haja vista as mudanças de milênios, séculos e anos, ao longo de nossa Civilização. Geralmente, ocorrem mesclas de informações que envolvem o Apocalipse de João, interpretações astrológicas, predições várias e até algumas informações espirituais.

Em nossa vivência, ficou muito marcada no início dos anos 1970 a música “A era de Aquário”, parte do musical americano “Hair”, e que foi extremamente reproduzida por diversos cantores. A canção foi composta com base na crença astrológica de que o mundo, ao entrar na “Aquário”, presumivelmente no final do século XX, iria experimentar uma época de amor, paz, democracia e humanidade, ao contrário da “Era de Peixes”.

No final da década de 1990, surgiram inúmeras previsões e expectativas e até daqueles que esperavam o “fim do mundo”. Aliás, sabe-se que essas crenças também proliferaram na passagem do 1o para o 2o milênio.

Há algum tempo fala-se e escreve-se sobre a “transição”. Racionalmente, indagamos: nosso Sistema Solar, a Terra, o organismo humano e a sociedade, em algum momento deixaram de estar em transição?

Mas, considerando a chamada transição de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração, torna-se oportuna a leitura atenta do capítulo XVIII de A Gênese, onde Allan Kardec trata das “As predições segundo o Espiritismo” e “Os tempos são chegados”, e alerta: “Até o presente, a humanidade tem realizado progressos incontestáveis. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam sido alcançados, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material. Ainda lhes falta um imenso progresso a realizar: o de fazerem reinar entre eles a caridade, a fraternidade e a solidariedade, para assegurar o bem-estar moral.”(1) Em comentários sobre a nova geração deve ficar claro que esta não ficaria circunscrita ao ambiente espírita e faz a relação entre transição e nova geração.

Estes temas deveriam ser estudados pelos espíritas até para se evitar interpretações superficiais e até estranhas com relação ao período em que vivemos.

O notável filósofo Herculano Pires, expôs sobre o tema em programas radiofônicos, agora transcritos para livros. Entre outros registros, destacamos: “Sabemos que a promessa do novo céu e a nova terra aparece no Apocalipse de São João, […] caminhamos para uma nova civilização. […] estamos nas proximidades de uma nova transformação.” E cita a civilização tecnológica que vivemos e o início dos voos espaciais. Comenta o anúncio por João dos novos tempos e considera que ocorrerão muitas transformações. Herculano Pires também responde sobre as dificuldades: “Não podemos escapar a essas coisas porque a natureza do mundo em que vivemos, a Terra, é precisamente essa: um mundo de provas e expiações”.(2)

No histórico 1o programa “Pinga-Fogo” de julho de 1971, Chico Xavier respondeu sobre o tema na antiga TV Tupi: “Nós nos encontramos no limiar de uma era extraordinária, se nos mostrarmos capacitados coletivamente a recebê-la com a dignidade devida. […] Mas isso terá um preço. Terá o preço da paz. Se nós pudermos nos suportarmos uns aos outros, quando não pudermos amar uns aos outros, segundo os preceitos de Jesus, até que essa era prevaleça… provavelmente no próximo milênio, não sabemos se no princípio, se nos meados ou se no fim”.(3) O próximo milênio que Chico se referia nos idos de 1971, era o atual 3o milênio.

A chamada “transição” é um processo de transformação que não tem data fixa de início e nem prazo para se completar.

No dealbar de novo ano, é importante o esforço da esperança e do otimismo.

A propósito lembramos de texto de Emmanuel:

“…seja de que espécie for a provação que te amargue as horas, continua trabalhando na sustentação do bem geral, porquanto se te ajustas ao privilégio de servir, seja qual seja a prova em que te encontras, reconhecerás, para logo, que o amor é um sol a brilhar para todos e que ninguém existe sem esperança e sem Deus.”(4)

Referências:

1) Kardec, Allan. (Trad. Ribeiro Guillon). A gênese. Cap. XVIII. Brasília: FEB.

2) Pires, José Herculano Pires; Garcia, Wilson (Org.). No limiar amanhã. Conversa sobre a Bíblia. Livro 2. Cap. Novo céu e nova terra. São Paulo: Paideia.

3) Xavier, Francisco Cândido; Gomes, Saulo (Org.). Pinga-fogo com Chico Xavier. Item Advento de uma nova era. Catanduva: Intervidas.

4) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Mãos Unidas. Cap. Esperança sempre. Araras: IDE.