A partida de Suzi – família e espiritualidade
Antonio Cesar Perri de Carvalho
Partiu para a espiritualidade Suzete Marinelli Chefaly, conhecida como Suzi, viúva de Lourival Perri Chefaly (conhecido pelo diminutivo Lôlo).
Suzi nasceu em Araçatuba (02/04/1934), filha de Gertrudes Perri Marinelli e Albino Marinelli. Neste lar vivia a irmã de Suzi, Letícia, e nossa genitora Bebé, sobrinha deste casal, e por eles criada após a desencarnação de nossa avó Antonieta.
Na terra natal Suzi concluiu o magistério (curso Normal), estudou piano inicialmente com a imigrante russa Camila Tomashinski; também o idioma italiano; foi “princesa da primavera” nos tradicionais bailes do Araçatuba Clube; uma das primeiras mulheres da cidade que obteve a carteira de motorista; em São Paulo concluiu sua formação como pianista.
Casou-se com o primo Lourival (irmão de Bebé) no final de 1955 e viveram na cidade do Rio de Janeiro. Tiveram os filhos Cristine, Heloíse, Glauco e Ernesto; três netos e três bisnetos. Lourival era médico atuando como pediatra e finalmente cancerologista. Sempre manteve clínica particular e foi médico do Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. Teve intensa atuação na Campanha Nacional de Combate ao Câncer e foi presidente do Centro de Estudos do I.N.C. Juntamente com Suzi atuavam no Lyons Club-Gávea, onde ele proferia palestras educativas sobre saúde, e, intensamente na Igreja Episcopal (Anglicana) de Botafogo. Muitas vezes, durante nossas estadas no lar do casal, acompanhávamos as tarefas de nosso tio como médico, em hospitais e no seu consultório particular; em palestras que proferia; em congressos médicos; e em cultos na Igreja Episcopal de Botafogo.
O casal tornou-se espírita na época que Lourival foi acometido da mesma enfermidade que era o foco de suas atividades profissionais.
Durante fases do tratamento da insidiosa enfermidade de Lourival, acompanhamos os tios Lôlo e Suzi durante um longo período de tratamento cirúrgico realizado em Manchester (Inglaterra), em 1971. Ele desencarnou em 20 de fevereiro de 1976, na cidade do Rio de Janeiro. Como espíritas, frequentaram a Seara dos Servos de Deus, em Copacabana e depois no bairro Botafogo, que era dirigida pela médium Dolores Bacelar que, inclusive, recebia mensagens de Benedita Fernandes.
O casal manteve intercâmbio e receberam apoio de muitos dirigentes e médiuns do Rio de Janeiro, como Altivo Pamphiro, do Centro “Léon Denis”. Na época, colocamos nosso tio em contato com Divaldo Pereira Franco e estiveram juntos em atividades do orador no Rio de Janeiro e em Araçatuba, em nosso lar e de nossa genitora. Nosso tio conheceu Chico Xavier em viagem que o levamos a Uberaba, sendo alvo de muita atenção por parte do médium, e depois de lembranças em todas as vezes que retornávamos à cidade. No final de 1974, Lourival estava adoentado em seu apartamento no Rio de Janeiro e surpreendentemente recebeu a visita de Chico Xavier, estando presentes os irmãos Bebé, Rolandinho e Walter.
Desde a infância sentíamos uma grande afinidade com os tios e claramente aurimos influências benfazejas dos mesmos, visitando-os com constância ao longo dos anos e passando rotineiramente as férias em suas residências no Rio de Janeiro e no Rio das Ostras. Em função da admiração e gratidão pelo tio organizamos o livro Em louvor à vida, lançado em 1987 (Ed. LEAL), contendo textos dele como encarnado e como desencarnado, estas pela psicografia de Divaldo Pereira Franco.
No campo familiar, após a viuvez Suzi adotou renúncias para melhor apoiar os filhos; até o final da existência foi referência e apoio a eles, netos, bisnetos e a toda a grande família. Vários familiares compareceram ao almoço de confraternização pelo seu 90o aniversário, em abril de 2024. Suzi desencarnou na cidade do Rio de Janeiro, aos 90 anos de idade, no dia 21/01/2025.
Seu filho Ernesto publicou alguns comentários no seu Facebook, como: “É Velha Suzi, estamos vivendo misto de visões, devaneios, ilusões, de certo, fruto do ansioso receio do desconhecido real mas também do agradecimento em vida por tudo que nos foi ofertado: nascimento, o peito, os ensinos, os valores e a honradez de herdar os filhos menores de idade e passados quase 50 anos do retorno do Velho Lôlo e ainda vê-la lutar contra a vida orgânica no querer carregar e proteger seus filhos no colo e não soltar as mãos. Quanta luta silenciosa e quantos ensinamentos ofertados. Tenho certeza da recepção festiva, calorosa e vitoriosa, de um espírito especial que nos criou e protegeu além de suas dores e forças. Que nos unamos em seguir a jornada no quinhão que nos cabe, sendo talvez, uma pequena fração do que nos deixou de legado. Vamos à Luta, a luta de uma vida plantada por Lôlo e regada por Suzi. O sino soou e que Deus nos dê calma, sabedoria e luz para continuar pelas trilhas do legado. Se curtam muito Velho Lôlo e Velha Suzi, até breve…” (https://www.facebook.com/ernesto.perri.3; 24/02/2025).
De nossa parte, Suzi fez parte integrante de nossa existência, desde a infância que vivemos no lar movimentado ao toque italiano dos tios-avós/reais avós em Araçatuba, as continuadas viagens em visita aos tios, a estadia com eles na Inglaterra e visita a alguns países da Europa, padrinhos de meu casamento com Célia, no passado as trocas de cartas, e até o final com os telefonemas semanais. Originalmente nossa prima, depois também tia, mas, na realidade, uma afinidade tão grande semelhante a um calor materno. A esposa Célia e os nossos filhos sempre tiveram um carinho especial por ela.
A nossa homenagem e a certeza dos louros espirituais!
Bibliografia:
- Carvalho, Antonio Cesar Perri. Em louvor à vida. 2.ed. Salvador: Ed. LEA. 2016. 152p.
- Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Cap. 1.10. Araçatuba: Cocriação. 2021.