A opção do perdão
Antonio Cesar Perri de Carvalho
O capítulo X de “O Evangelho segundo o Espiritismo” – Bem-aventurados os que são misericordiosos… -, apresenta análises de Kardec sobre versículos do Novo Testamento relacionados com o perdão.
Entre outras há a transcrição: “Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados” (Mateus 6, 14 e 15).
Kardec comenta que em algumas “circunstâncias, é impossível uma reconciliação sincera de parte a parte. Não, não há aí generosidade; há apenas uma forma de satisfazer ao orgulho. Em toda contenda, aquele que se mostra mais conciliador, que demonstra mais desinteresse, caridade e verdadeira grandeza da alma granjeará sempre a simpatia das pessoas imparciais”.
Nas instruções espirituais, Kardec inclui mensagem do espírito Paulo, apóstolo: “o perdão verdadeiro, o perdão cristão é aquele que lança um véu sobre o passado; esse o único que vos será levado em conta, visto que Deus não se satisfaz com as aparências. Ele sonda o recesso do coração e os mais secretos pensamentos. Ninguém se lhe impõe por meio de vãs palavras e de simulacros. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é peculiar às grandes almas; o rancor é sempre sinal de baixeza e de inferioridade. Não olvideis que o verdadeiro perdão se reconhece muito mais pelos atos do que pelas palavras” (Lyon,1861).
O interessante é que Paulo, encarnado, anotou na 2a Epístola aos Coríntios (2, 10): “E a quem perdoardes alguma coisa, também eu; porque, o que eu também perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o fiz na presença de Cristo; para que não sejamos vencidos…”
Paulo de Tarso faz seu depoimento “eu também perdoei” e para essa atitude recorre à fundamentação na absorção dos ensinos de Jesus.
Em realidade, nas condições complexas do mundo em que vivemos, o perdão é uma prática difícil.
Todavia, nos textos evangélicos, há continuadas palavras, parábolas e exemplos de Jesus propondo a prática do perdão.
Aliás na oração do “Pai nosso” que ele ensinou no Sermão da Montanha, há o trecho que é um compromisso de quem a profere: “Perdoa as nossas dívidas, como perdoamos aos que nos devem. Perdoa as nossas ofensas, como perdoamos aos que nos ofenderam…”
As reflexões para se pensar na opção de perdão, encontram oportunos comentários de autoria de Emmanuel:
“Imaginemos, por um minuto, que mundo maravilhoso seria a Terra, se todos perdoassem!… […] Se todos perdoarmos, reformaremos a vida na Terra, apagando de todos os idiomas a palavra “ressentimento”, para convivermos, uns com os outros, acreditando realmente que somos irmãos diante de Deus. Quando todos aprendermos a perdoar, o amor entoará hosanas, de polo a polo da Terra, e então o Reino de Deus fulgirá em nós e junto de nós para sempre”.1
Referência:
1) Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Passos da vida. Cap. Se todos perdoassem. Araras: IDE.