Antonio Cesar Perri de Carvalho
A 1ª. Epístola aos Coríntios é considerada a quarta carta de Paulo e foi escrita entre os anos 52/55 d.C. quando ele se encontrava em Éfeso.1,2,3 Consta que a primeira carta (I Cor., 5:9) teria se perdido2, o que levou à elaboração desta 1ª. Epístola aos Coríntios. O autor aborda várias questões éticas e práticas, como as ligadas à conduta ética na vida diária da população daquela cidade e que estariam sendo incorporadas na agremiação cristã nascente, e, interferências de uma variedade de crenças e práticas aberrantes.2
Daí a razão do estudioso Champlin1 registrar que seria a “história de uma querela” e citar a situação dos “ataques dos legalistas, dos falsos mestres e dos detratores do apóstolo Paulo, que ameaçavam destruir não somente a obra realizada ali por Paulo, mas também a sua reputação e autoridade como apóstolo do Cristo.” Nos cultos de Corinto claramente surgiam facções, “cada uma das quais com o seu suposto líder ou herói, como Paulo, Pedro, Apolo e Jesus Cristo”1 e havia a influência dos que exaltavam dons espirituais miraculosos. Paulo destaca a fidelidade ao Cristo e incita à união.
Entre os vários temas abordados por Paulo, destacamos um trecho relacionado com a conduta e sempre lembrado e citado na seara espírita.
“Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam.” (I Cor., 10:23)
Paulo inicia por citar o chavão da época, em Corinto: “todas as coisas são lícitas”, todavia aponta para o fato de que muitas não teriam conteúdo moral e não seriam edificantes. A colocação de Paulo se adequa perfeitamente ao mundo de nossos dias quando há predominância de ambientes de liberdade de pensamento, de contextos legais e dos meios de comunicação. A mensagem essencial da Boa Nova fortalece princípios e o cultivo de virtudes.
O versículo de Paulo é importante no contexto da Doutrina Espírita com o conceito do livre-arbítrio, dentro dos parâmetros conceitos que emanam do conhecimento de vida imortal e de reencarnação, e, dos compromissos do ser espiritual consigo mesmo e com a sociedade.
Ou seja, muito diferente das posturas do passado de proibições e condenações, a edificação ocorre com base no conhecimento e na conscientização espiritual.
Sobre o tema, entre outros comentários em diversas obras, destacamos de Emmanuel:
“Em ação espírita evangélica é preciso saber, antes de tudo, que nos achamos na edificação do Reino de Deus, a começar do burilamento de nós mesmos”.4
Bibliografia:
1. Champlin, Russel Norman, O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo. Vol. 4. Introdução, Cap.12 e 13. São Paulo: Hagnos, 2014.
2. Ryrie, Charles C. A Bíblia de Estudo Anotada/Expandida. Trad. Klassin, Susana. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2007.
3. Walker, Peter. Pelos caminhos do apóstolo Paulo. Trad. Mariz, Andréa. Introdução e Cap. 9. São Paulo: Ed.Rosari. 2009.
4. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Bênção de paz. Cap. 42 e 47. São Bernardo do Campo: Ed. GEEM. 2010.
(Trecho parcial e adaptado do artigo do mesmo autor: 1a Epístola aos Coríntios – edificação, dons espirituais e amor. Revista Internacional de Espiritismo. Ano XC. N.7. Edição de agosto de 2015) |