A profícua trajetória de Divaldo

A profícua trajetória de Divaldo

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Divaldo Pereira Franco completa 94 anos de idade em maio e prossegue em afazeres doutrinários.

Há quase sessenta anos mantemos contatos com Divaldo, que exerceu influência em nossa adolescência e juventude. Ao longo do tempo acompanhamos a trajetória de Divaldo em inúmeras e variadas ações, para nós momentos de aprendizagem. Em nossa memória desfila uma visão panorâmica de momentos que testemunhamos e o reconhecimento pelo seu labor.1

Conhecemos Divaldo por ocasião de sua palestra na XV Concentração de Mocidades Espíritas do Brasil Central e Estado de São Paulo (COMBESP), efetivada em abril de 1962, em Araçatuba (SP). Na oportunidade, ele visitou a Instituição “Nosso Lar”, na época recém fundada por familiares nossos. Nos anos imediatos, encontramo-nos na I Confraternização de Mocidades e Juventudes Espíritas do Brasil (COMJEB), realizada em abril de 1965, em Marília (SP). Deste evento temos como lembrança um livro com autógrafos dos expositores, inclusive de Divaldo. Acompanhamos outras palestras na nossa cidade e região e houve episódio marcante na 1a Confraternização de Mocidades e Juventudes Espíritas do Estado de São Paulo (COMJESP), em Ribeirão Preto, em abril de 1967, pois na condição de selecionado no concurso de oratória, na categoria de expositor, integramos a mesa de encerramento do evento e antes de palestra de Divaldo, fizemos uma saudação. No evento adquirimos o primeiro livro de autoria de Joanna de Ângelis, o Messe de amor (Ed.Sabedoria, 1964). Àquela época, já mantínhamos correspondência com Divaldo e recebíamos os folhetos impressos pela Mansão do Caminho contendo mensagens psicografadas.

A partir desse período, Divaldo foi nosso convidado e passamos a organizar os roteiros para o movimento espírita de Araçatuba e região. Durante 30 anos foi hóspede de nossa genitora e, depois de casado, em nosso lar. Numa etapa da viagem de núpcias visitamos com Célia as instituições fundadas por Divaldo em Salvador. O Centro Espírita Caminho da Redenção ainda funcionava no bairro da Calçada e a Mansão do Caminho, com os lares para crianças, no bairro de Pau da Lima. Com Célia retornamos em outras oportunidades e até nos hospedamos na Mansão. Nossos filhos cresceram acostumados com a visita do “tio” e também conheceram as obras de Divaldo em Salvador.

Em todas as visitas de Divaldo organizávamos entrevistas com os dirigentes locais, rádios, jornais e TV. Estas foram transformadas em publicações que fizemos nos jornais de Araçatuba e também em periódicos espíritas, como: O clarim, Revista internacional de espiritismo, Unificação, Anuário espírita e Presença espírita. Em 1984 ele recebeu o título de “Cidadão Araçatubense”, outorgado pela Câmara de Vereadores, contando com articulações preparatórias nossas, como presidente da UMEA. Durante a solenidade recebeu um exemplar com uma coletânea de matérias sobre sua atuação na cidade, intitulado “Divaldo em Araçatuba”.

Episódio histórico que acompanhamos desde os preparativos foi o reencontro de Divaldo com Chico Xavier, em Uberaba. Foram memoráveis reuniões, reiniciadas no Grupo Espírita da Prece, aos 14 de fevereiro de 1978. Entre outros convidados, Divaldo fez uma bela exposição e nós também fizemos uso da palavra. No momento das psicografias em público Chico Xavier recebeu página de Emmanuel e uma carta de jovem desencarnado. Divaldo recebeu uma carta assinada por Lourival Perri Chefaly, dirigida a nós e a esposa Célia, que acompanhávamos a reunião. Em 1980, juntamente com a esposa, nossa genitora e amigos, comparecemos à cerimônia em que Divaldo recebeu o título de "cidadão uberabense". Chico Xavier compareceu e usou da palavra na solenidade.

Na época, pela psicografia de Divaldo, ocorreram várias mensagens de nosso tio desencarnado, acima citado, e de Benedita Fernandes, gerando livros como Em louvor à vida (LEAL) e Benedita Fernandes. A dama da caridade (Cocriação). Com interesse pelas primeiras obras de Joanna de Ângelis, elaboramos Repositórios de sabedoria (LEAL), coletânea de pensamentos da autora espiritual, e organizada em forma de abecedário.

No período de nossa presidência da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, foi efetivada uma entrevista com Divaldo na sede da USE-SP e que gerou o livro Diálogo com dirigentes e trabalhadores espíritas, edição ampliada de uma publicação anterior que continha uma entrevista com o expositor. O orador foi o convidado especial para o lançamento nacional da Campanha “Viver em Família”, promovido pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, em janeiro de 1994, em evento da USE-SP em São Paulo. A síntese das palestras dos vários convidados originou o livro Laços de família (USE-SP).

Também tivemos atuação em entrevistas com Divaldo promovidas pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, atendendo a pergunta nossa em Conversa fraterna (FEB, 2000), e, na obra Em nome do amor: a mediunidade com Jesus (FEB), com entrevista que coordenamos em 2011. Inúmeras atividades com a atuação de Divaldo contaram com nossa presença em várias regiões do país e em diversos países, em ações da FEB e do Conselho Espírita Internacional.

Entre esses, nos dias 12 a 14 de agosto de 2005 Divaldo foi o orador principal no evento “Dimensão espiritual da Nova Era”, comemoração do Centenário do jornal O clarim, em Matão. Nestor João Masotti e representou a Federação Espírita Brasileira e nós o Conselho Espírita Internacional.

Como presidente interino e efetivo da FEB recepcionamos Divaldo em reuniões do Conselho Federativo Nacional e palestras públicas promovidas, na sede em Brasília e na Sede Histórica, no Rio de Janeiro. Em reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB, em novembro de 2014, na nossa gestão como presidente da instituição, foram concretizadas várias atividades com Divaldo. Com o convidado, houve a promoção do “Movimento Você e Paz”, em solenidade no plenário da Câmara dos Deputados e palestra no anfiteatro da FEB. Na oportunidade ele ofertou à FEB, por nosso intermédio como presidente, o troféu “Você e a Paz”. Nos mesmos dias foi inaugurada uma Exposição sobre a Mansão do Caminho e a obra de Divaldo no Espaço Cultural na sede FEB em Brasília.

Em seguida, em outra etapa de nossos compromissos, contamos com apoio de Divaldo e vários contatos como em Congressos na Bahia e da USE-SP. Foram significativos os eventos na capital paulista: o Movimento Você e a Paz, no Parque do Ibirapuera; a homenagem a Divaldo na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; e, assistimos ao filme “Divaldo – O Mensageiro da Paz”.

Como geralmente acontece com líderes sempre há tentativas de serem controlados e surgirem “porta vozes”. Ao longo do tempo houve o esforço de Divaldo e nosso para se manterem abertos os canais diretos de comunicação. O intercâmbio epistolar em papel e digital é imenso!

Em meio a percalços de saúde de Divaldo, prosseguiram as correspondências eletrônicas, sempre afável com nossa família: “Cesar, meu irmão querido: muita paz. Acabo de ler o seu maravilhoso trabalho sobre nossa longa e abençoada convivência. Não pude deixar de chorar. […] sobrevivemos e continuamos”. Sobre sua saúde: “Você tem-me sido o irmão de todas horas, sempre fiel e honorável, a quem muito agradeço”. […] “Cesar, meu irmão espiritual. Estou muito melhor e livre das hérnias. Carinho à amada família”. Depois desses trechos de 2020, no presente ano: “Estou eufórico e corro a parabenizar o Flávio pela publicação da sua nova obra de fôlego”, e, nos enviou uma gravação dele alusiva ao Centenário do Espiritismo em Araçatuba, efeméride de 21 de abril de 2021. E vimos em publicação no Facebook o cidadão grato no dia de sua vacinação contra a Covid-19.

A convivência com Divaldo desde Araçatuba e em inúmeros locais foram momentos significativos, boas recordações, inspiradores para a divulgação do Espiritismo e para estímulo ao bem e à paz!

Em que pesem os limites de enfermidades e da própria idade Divaldo prossegue incansável, vencendo desafios e mantendo seu compromisso de difusão da mensagem espírita.

Fonte:

1) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. [no prelo].

(O autor foi presidente da FEB, da USE-SP e membro da Comissão Executiva do CEI).

De:

Revista internacional de espiritismo. Maio de 2021. Ano XCVI. N.4. P.195-197.