Chico Xavier – Há 23 anos…
Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)
Há 23 anos, no dia 30 de junho de 2002 desencarnava Chico Xavier. Nesse período ocorreram várias repercussões relacionadas com a vida e obra do médium.
Há cinco palavras-chave que o caracterizam e que foram utilizadas durante as comemorações de seu Centenário de nascimento, em 2010: espírito, saber, fé, caridade e amor.
Durante estes anos, vários eventos e homenagens foram feitas ao médium , como: o nome na rodovia federal entre a divisão com o Estado de São Paulo e Uberlândia; tributo a Chico Xavier na ONU; comemorações em todo o país por ocasião do Centenário de seu nascimento no ano de 2010; filmes com seu nome e sobre suas obras com enorme frequência; homenagens no Congresso Espírita Mundial em Valencia (Espanha); homenagens no Congresso Nacional; a Medalha da Paz/Chico Xavier, do Governo do Estado de Minas Gerais; registro no Panteão da Pátria, da Liberdade e da Democracia Tancredo Neves; o título de “maior brasileiro de todos os tempos” pela TV SBT; designação de centros espíritas, praças e ruas, e, inúmeros eventos presenciais e virtuais focalizando sua vida e obra.
A marcante película “Chico Xavier – O Filme”, lançada aos 02 de abril de 2010, data em que Chico Xavier completaria 100 anos, estreou, baseado na biografia As Vidas de Chico Xavier, do jornalista Marcel Souto Maior. Dirigido e produzido pelo cineasta Daniel Filho, com roteiro de Marcos Bernstein, Chico Xavier é retratado pelos atores Matheus Costa, Ângelo Antônio e Nelson Xavier, respectivamente, em três fases de sua vida. Na época, o filme alcançou a marca de mais de 3,5 milhões de espectadores nos cinemas. Seguiram-se filmes sobre obras do espírito André Luiz e sobre cartas familiares.
No dia 14 de outubro de 2022, cinemas de várias capitais e cidades do país começaram a exibir o documentário “Chico Para Sempre”. Um longa-metragem, com 2h20 de duração, dirigido por Wagner de Assis, da Cinética e com marcante participação do jornalista e colaborador no roteiro Marcel Souto Maior, autor de biografia do médium. Atualmente, todos os filmes sobre Chico Xavier e suas obras encontram-se disponíveis na internet, nos provedores dos chamados streamings.
Há muitas homenagens e reconhecimentos significativos, mas é cabível a análise sobre como a experiência de vida e a profícua obra psicográfica de Chico Xavier vem sendo valorizados no ambiente do movimento espírita.
Parece-nos pertinente recordarmos alguns aspectos sobre as linhas de pensamento desenvolvidas nas centenas de livros do médium. O conteúdo dos livros, que se concretizaram em ações, exemplos de vida de Chico Xavier, são fontes de inspiração e de roteiro para nossas trajetórias de vida.
Desde o ano de 2005, por iniciativa do Conselho Espírita Internacional e durante os dez anos consecutivos, foram traduzidos dezenas de obras do médium para diversos idiomas. Interessante que a Revue spirite, a Revista espírita fundada por Kardec (http://www.revue-spirite.org), trimestralmente editada na França, comenta o livro Pão nosso (de Emmanuel), e durante muito tempo, analisou as cartas familiares estudadas no livro A vida triunfa (pesquisa original de Paulo Rossi Severino). Também a revista The spiritist magazine (https://www.spiritistmagazine.org/), trimestralmente editada nos Estados Unidos, em todos os números traz artigos sobre obras do médium ou psicografias vertidas para o inglês.
Independentemente de se apreciar, participar ou não das festas carnavalescas, nelas surgem manifestações que são interpretadas como reconhecimentos populares. No desfile em 2023, a escola de samba Gaviões da Fiel, de São Paulo, apresentou enredo com componentes religiosos das mais diversas crenças, destacando as mais populares. Uma delas foi o espiritismo, contando com um carro alegórico homenageando Chico Xavier.
Recentemente, Vladimir Alexei ao analisar dados do Censo do IBGE de 2022, questiona se “seria coincidência a redução de espíritas no censo após o desencarne de Chico Xavier”. Considera que “Chico Xavier não apenas era um médium missionário, como também um aglutinador capaz de agregar pessoas de diversas crenças em torno dos ensinamentos do Evangelho de Jesus à luz da Doutrina Espírita. […] Chico exalava um amor maduro. O perfume do carisma toca a face, o amor maduro do Chico penetra corações.” Assim, admite que “é preciso amadurecer o movimento de divulgação do Espiritismo de forma a conseguirmos colocar o archote para o alto e unir os pontos de luz para que haja harmonia na diversidade; respeito nas diferenças; e amor. Muito amor, que é o que o Evangelho de Jesus nos convida a sentir: o amor genuíno” (https://salakardec.blogspot.com/2025/06/seria-coincidencia-reducao-de-espiritas.html).
A nosso ver, em que pese o valor das homenagens e reconhecimentos públicos, a maior e continuada homenagem que devemos propugnar será o aproveitamento dos exemplos da experiência de vida, o profícuo e profundo conteúdo das obras psicográficas de Chico Xavier e sua fidelidade a Jesus e a Kardec.
Aos 23 anos após a partida espiritual de Chico Xavier, a nossa sugestão é que seja divulgada e valorizada a literatura psicográfica do notável médium, que foi um autêntico “divisor de águas” na trajetória do Espiritismo no Brasil.
(*) Autor do livro: Chico Xavier. O homem, a obra e as repercussões. São Paulo: USE-SP e Capivari: EME. 2019. 223p.
DE: https://grupochicoxavier.com.br/chico-xavier-ha-23-anos/