Partida de Francisco – exemplo de simplicidade e solidariedade
Antonio Cesar Perri de Carvalho
A desencarnação do papa Francisco, aos 88 anos, no dia 21 de abril gera evidentes situações de comoção e de muito respeito pelo seu vulto.
Como observador externo do catolicismo, nutrimos interesse e consideração por Francisco, pelas transformações já impressas no Vaticano e nas ações do movimento católico.
A nosso ver, parece-nos um autêntico concretizador de premissas aprovadas no histórico Concílio Vaticano II, um continuador do papa reformista João XXIII.
A sugestiva escolha do nome, em homenagem a Francisco de Assis, assinala a inspiração para a simplicidade, humildade e dedicação ao próximo.
O cardeal de Buenos Aires, Jorge Mário Bergoglio, desde a sua apresentação pública após a eleição como papa, quando pediu ao povo que orassem por ele, e durante seu pontificado com continuados exemplos de espontaneidade, simplicidade, preocupação com o próximo, repetidas exortações pela paz, fraternidade e esperança, assinalaram profundas marcas de renovações.
Nesse perfil renovador ficou clara a orientação para que a Igreja saísse para fora, com ênfase nas ações junto à comunidade e o respeito à diversidade. No encontro com as realidades e as pessoas, o papa Francisco encarna o humanismo em sua acepção mais humanizadora. Há um livro de título inspirador, que reúne biografia e propostas desse Papa: Novo Humanismo: Paradigmas civilizatórios para o século XXI.
Favoreceu-se o incremento das chamadas ações interreligiosas.
No período em exercemos a presidência da Federação Espírita Brasileira, em Brasília, representamos essa instituição em diversas reuniões interreligiosas sobre questões ligadas à assistência e promoção social e, inclusive, uma delas na sede da FEB, em fevereiro de 2014, com a presença do secretário geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil1, bispo Leonardo Ulrich Steiner, que na oportunidade teceu considerações elogiosas às mudanças impressas pelo papa Francisco. Esse bispo depois foi nomeado por Francisco cardeal e arcebispo de Manaus.
Na cidade de São Paulo, temos conhecimento de continuadas reuniões e atividades interreligiosas, várias com a presença do Cardeal de São Paulo.
Em algumas reuniões com a presença da presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, Júlia Nezu. Atuação constante e marcante nesses eventos interreligiosos é o dirigente e expositor espírita Afonso Moreira Junior. Inclusive, este companheiro mantém o programa "Conviver", transmitido semanalmente pela TV Mundo Maior e Rádio Boa Nova, onde o foco é mostrar a importância do diálogo interreligioso na construção de uma sociedade mais tolerante e pacífica, com estímulo à coexistência em harmonia.
Em julho de 2024, participamos de evento promovido por programas de Pós-Graduação em Ciência da Religião da PUC/SP e de Sociologia da UFSCar, na Catedral Anglicana de São Paulo, oportunidade em que o padre representando uma Pastoral de São Paulo, teceu considerações sobre o significado daquele encontro, valorizando as ações de João XXIII, continuadas pelo papa Francisco.2
Na consulta aos textos do Programa “Pinga Fogo”, com Chico Xavier, pela antiga TV Tupi de São Paulo (1971) há registros de respostas do médium a João de Scantiburgo e Reali Júnior, demonstrando respeito à Igreja Católica e destacando o trabalho social que esta vinha executando.3
Nessas rápidas considerações apresentamos uma visão superficial e geral de um espectador externo que sentiu transformações nas relações interreligiosas.
No contexto amplo, oferecido pela mídia nesses 12 anos de pontificado, avulta a figura nobre, simples, fraterna e de grande coragem desse valoroso vulto do século XXI.
Referências:
1) FEB: Reunião do Coletivo Inter-religioso. Reformador. Março de 2014. P. 184.
2) Site do GEECX (copie e cole): https://grupochicoxavier.com.br/cristianismo-brasileiro-contemporaneo-em-evento-e-livro/
3) Gomes, Saulo (Org.). Pinga-Fogo com Chico Xavier. Cap. 26-28. Catanduva: Intervidas.2010.