A PRIMEIRA PEDRA

Há, sim, muitos companheiros errados.

Ninguém nega.

Esse, que te protegia a confiança, desabou, à maneira de tronco pesado, sobre a plantação, ainda frágil, de tua fé.

O outro, que te parecia invulnerável no desassombro, acovardou-se e fugiu.

Conheceste os que pregavam generosidade, agarrando-se à avareza, e notaste os que falavam em virtude, a tombarem no vício.

Situavas a fonte do consolo em vários amigos, que acabaram no desespero e recolhias orientações de outros tantos, que se afundaram na corrente das sombras, quais barcos à matroca.

Em muitos casos, trocaste entusiasmo por desalento e admiração por repugnância.

Diante de semelhantes problemas, é natural te sintas entre a mágoa e a revolta.

No entanto, entra no santuário de ti mesmo procurando compreender a nossa obrigação de auxiliar e servir, e reflete nas exigências da evolução.

Coloca-te no lugar da criatura em dificuldade e enumera quantas vezes tens sido providencialmente auxiliado, para não caíres em tentação.

Medita nas horas em que os pensamentos infelizes te dominam a alma; nos momentos em que tropeças e cais; nas ocasiões em que te enganas e sofres; nos instantes em que lastimas as faltas que não desejarias cometer; e se te sentes longe da possibilidade de errar e integralmente livre de toda culpa, poderás, então, ouvir, de novo, a Lição de Jesus e atirar a primeira pedra.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Canais da Vida. Lição nº XIII. São Paulo: CEU)

VEM JESUS!

Vem Senhor, acalma o meu coração!

Vem Jesus, traz Tua paz!

Vem Senhor e aponta, de novo, o caminho da renúncia, do trabalho, do silêncio construtivo, da Luz!

Vem, Jesus, apascenta o Teu rebanho disperso e confuso, nesta Terra aonde ainda impera a dor!

Vem, Senhor, cuida de nós, Tuas ovelhas que o Senhor conhece uma a uma pelo nome!

Vem, Redentor, acalma o nosso coração, tão cansado de sofrer!

Liberta, Jesus, o nosso entendimento daquilo que fica e abre os nossos olhos para o imperecível!

Vem, Jesus, habita o nosso ser, na nossa manjedoura interna, deita e dorme tranquilo, pois já aprendemos a “estar no mundo, sem ser do mundo”.

Nos ilumina, Jesus, faz brilhar em nós o Teu Esplendor!

Dai-nos a Tua benção e faz de nós, elementos úteis, na construção do Seu Reino na Terra!

Sua benção, Senhor Jesus!

Humberto 


(Mensagem recebida por Hélio Ribeiro Loureiro, na reunião mediúnica realizada na Casa de Batuíra, em São Gonçalo, RJ, em 26/11/2016)

Perguntas e respostas

Em Nova Iorque, entre os dois amigos, no banco do “subway”, no longo percurso de Times Square a Essex:

— Qual é a sua opinião sobre o Governo?

— Ah! Penso que todos devemos pedir a Deus pela segurança dos nossos governantes…

— E o prefeito? Que me diz você sobre o prefeito?

— Evidentemente, será um homem de boas intenções.

— Escute, você já ouviu dizer alguma coisa acerca do Peterson?

— Já.

— Sabe que ele é um tubarão?

— Sei que ele é um negociante.

— Mas está informado de que ele é desonesto?

— Isso não sei, por não conhecê-lo na intimidade.

— Você ainda mora perto do Jimmy Davis?

— Moro. — Qual é a sua opinião sobre ele?

— É um bom homem, trabalhador de grande atividade.

— Vive bem com a esposa?

— Parece que sim.

— Que me fala do Crane, seu vizinho de lado?

— Excelente pessoa.

— E do Joe Murray?

— Companheiro boníssimo.

O amigo perguntador fixou o outro admirado e indagou:

— É verdade que você se tomou espírita, segundo o Evangelho?

— Graças a Deus. O interlocutor fez o gesto de quem se despedia e falou em seguida a valente risada:

— Eu logo vi! Com espírita metido a interpretar Jesus-Cristo, não há jeito de se manter nenhuma conversação…

            Hilário Silva

            (Nova Iorque, N.I., EUA, 4 Julho 1965)

 

(Xavier, Francisco Cândido; Vieira, Waldo. Espíritos diversos. Entre irmãos de outras terras. Cap. 13. Rio de Janeiro: FEB)

 

DIRETRIZ

Observa.

Cada manhã é um novo dia.

Renasceste.

Saíste, mais uma vez, da nebulosa.

Deus te renovou o pensamento no cérebro aceso.

Retomaste a presença da luz.

O tempo te pertence.

Podes idear, criar, analisar.

Despertaste, junto dos outros.

Tens o dom de servir.

Aceita a bênção de entender e a felicidade de trabalhar.

Reinicia a tarefa, estampando um sorriso em tuas páginas de bondade.

Coloca otimismo e paz, esperança e alegria em tua lista de doações para hoje.

Age agora para o bem.

Se mágoas de ontem ainda te pesam na alma, procura esquecê-las.

Se ofendeste a alguém, dispõe-te a sanar a falta cometida.

Se alguém te feriu, perdoa sem condições.

Olha os quadros em torno.

A vida te busca.

A oficina da oportunidade te abre as portas.

Escolhe fazer o melhor que puderes.

Sai de ti mesmo.

E, segue adiante para amar, auxiliar, construir e compreender, porque Deus espera por ti.

Meimei

(Xavier, Francisco Cândido. Amizade. Araras: IDE)

LEVANTEMO­-NOS

  “Levantai­-vos, vamo­-nos daqui.” Jesus (JOÃO, 14: 31)

Antes de retirar-­se para as orações supremas no Horto, falou  Jesus aos discípulos longamente, esclarecendo o sentido profundo de sua exemplificação.

Relacionando seus pensamentos sublimes, fez o formoso convite inserto no  Evangelho de João:

— “Levantai-­vos, vamo-­nos daqui.”

O apelo é altamente significativo.

Ao toque de erguer-­se, o homem do mundo costuma procurar o movimento  das vitórias fáceis, atirando-­se à luta sequioso de supremacia ou  trocando de domicilio, na expectativa de melhoria efêmera.

Com Jesus, entretanto, ocorreu o contrário. Levantou­-se para ser dilacerado, logo após, pelo gesto de Judas. Distanciou­-se do local em que se achava a fim de alcançar, pouco  depois, a flagelação e a morte.

Naturalmente partiu para o glorioso destino de reencontro com o Pai, mas precisamos destacar as escalas da viagem…

Ergueu-­se e saiu, em busca da glória suprema. As estações de marcha são  eminentemente educativas: — Getsêmani, o Cárcere, o Pretório, a Via Dolorosa, o Calvário, a Cruz constituem pontos de observação muito interessantes, mormente na atualidade, que apresenta inúmeros cristãos aguardando a possibilidade da viagem sobre as almofadas de luxo do menor esforço.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Cap. 84. FEB)

Eles Vivem

Ante os que partiram, precedendo-te na Grande Mudança, não permitas que o desespero te ensombre o coração. 

Eles não morreram. Estão vivos. 

Compartilham-te as aflições, quando te lastimas sem consolo.

Inquietam-se com a tua rendição aos desafios da angústia, quando te afastas da confiança em DEUS. 

Eles sabem igualmente quanto dói a separação. 

Conhecem o pranto da despedida e te recordam as mãos trementes no adeus, conservando na acústica do Espírito as palavras que pronunciaste, quando não mais conseguiam responder às interpelações que articulaste no auge da amargura.

Não admitas estejam eles indiferentes ao teu caminho ou à tua dor. 

Eles percebem quanto te custa a readaptação ao mundo e à existência terrestre sem eles e quase sempre se transformam em cirineus de ternura incessante, amparando-te o trabalho de renovação ou enxugando-te as lágrimas quando tateias a lousa ou lhes enfeita a memória perguntando porque… Pensa neles com saudade convertida em oração.

As tuas preces de amor representam acordes de esperança e devotamento, despertando-os para visões mais altas da vida. 

Quanto puderes, realiza por eles as tarefas em que estimariam prosseguir. 

Se muitos deles são teu refúgio e inspiração nas atividades a que te prendem no mundo, para muitos outros deles és o apoio e o incentivo para a elevação que se lhes faz necessária. 

Quando te disponhas a buscar os entes queridos domiciliados no Mais Além, não te detenhas na terra que lhes resguarda as últimas relíquias da experiência no plano material… Contempla os céus em que mundos inumeráveis nos falam da união sem adeus e ouvirás a voz deles no próprio coração, a dizer-te que não caminharam na direção da noite, mas sim ao encontro de novo despertar. 

 

EMMANUEL

(Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Retornaram contando. Araras: IDE. p.96)

MINHA MISSÃO (*)

Oportunas reflexões em Obras póstumas: orientação espiritual e comentários de Allan Kardec
 

            "[…] a missão dos reformadores é prenhe de escolhos e perigos. Previno-te de que é rude a tua, porquanto se trata de abalar e transformar o mundo inteiro. Não suponhas que te baste publicar um livro, dois livros, dez livros, para em seguida ficares tranqüilamente em casa. Tens que expor a tua pessoa. Suscitarás contra ti ódios terríveis; inimigos encarniçados se conjurarão para tua perda; ver-te-ás a braços com a malevolência, com a calúnia, com a traição mesma dos que te parecerão os mais dedicados; as tuas melhores instruções serão desprezadas e falseadas; por mais de uma vez sucumbirás sob o peso da fadiga; numa palavra: terás de sustentar uma luta quase contínua, com sacrifício de teu repouso, da tua tranqüilidade, da tua saúde e até da tua vida, pois, sem isso, viverias muito mais tempo. Ora bem! não poucos recuam quando, em vez de uma estrada florida, só vêem sob os passos urzes, pedras agudas e serpentes. Para tais missões, não basta a inteligência. Faz-se mister, primeiramente, para agradar a Deus, humildade, modéstia e desinteresse, visto que Ele abate os orgulhosos, os presunçosos e os ambiciosos. Para lutar contra os homens, são indispensáveis coragem, perseverança e inabalável firmeza. Também são de necessidade prudência e tato, a fim de conduzir as coisas de modo conveniente e não lhes comprometer o êxito com palavras ou medidas intempestivas. Exigem-se, por fim, devotamento, abnegação e disposição a todos os sacrifícios.

            Vês, assim, que a tua missão está subordinada a condições que dependem de ti.

            Espírito Verdade

            12 de junho de 1856 (Em casa do Sr. C…; médium: Srta. Aline C…)

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Comentários de Kardec

            NOTA — Escrevo esta nota a 1º de janeiro de 1867, dez anos e meio depois que me foi dada a comunicação acima e atesto que ela se realizou em todos os pontos, pois experimentei todas as vicissitudes que me foram preditas. Andei em luta com o ódio de inimigos encarniçados, com a injúria, a calúnia, a inveja e o ciúme; libelos infames se publicaram contra mim; as minhas melhores instruções foram falseadas; traíram-me aqueles em quem eu mais confiança depositava, pagaram-me com a ingratidão aqueles a quem prestei serviços. A Sociedade de Paris se constituiu foco de contínuas intrigas urdidas contra mim por aqueles mesmos que se declaravam a meu favor e que, de boa fisionomia na minha presença, pelas costas me golpeavam. Disseram que os que se me conservavam fiéis estavam à minha soldada e que eu lhes pagava com o dinheiro que ganhava do Espiritismo. Nunca mais me foi dado saber o que é o repouso; mais de uma vez sucumbi ao excesso de trabalho, tive abalada a saúde e comprometida a existência.

            Graças, porém, à proteção e assistência dos bons Espíritos que incessantemente me deram manifestas provas de solicitude, tenho a ventura de reconhecer que nunca senti o menor desfalecimento ou desânimo e que prossegui, sempre com o mesmo ardor, no desempenho da minha tarefa, sem me preocupar com a maldade de que era objeto. Segundo a comunicação do Espírito de Verdade, eu tinha de contar com tudo isso e tudo se verificou.

            Mas, também, a par dessas vicissitudes, que de satisfações experimentei, vendo a obra crescer de maneira tão prodigiosa! Com que compensações deliciosas foram pagas as minhas tribulações! Que de bênçãos e de provas de real simpatia recebi da parte de muitos aflitos a quem a Doutrina consolou! Este resultado não mo anunciou o Espírito de Verdade que, sem dúvida intencionalmente, apenas me mostrara as dificuldades do caminho. Qual não seria, pois, a minha ingratidão, se me queixasse! Se dissesse que há uma compensação entre o bem e o mal, não estaria com a verdade, porquanto o bem, refiro-me às satisfações morais, sobrelevaram de muito o mal. Quando me sobrevinha uma decepção, uma contrariedade qualquer, eu me elevava pelo pensamento acima da Humanidade e me colocava antecipadamente na região dos Espíritos e desse ponto culminante, donde divisava o da minha chegada, as misérias da vida deslizavam por sobre mim sem me atingirem. Tão habitual se me tornara esse modo de proceder, que os gritos dos maus jamais me perturbaram.

 

(Kardec, Allan. Trad. Ribeiro, Guillon. Obras póstumas. 2a. parte. Cap. A minha primeira iniciação no Espiritismo. FEB)

 

Meia noite

“Era perto da meia-noite; Paulo e Silas contavam hinos a Deus e os outros presos os escutavam” – Atos, 16.25.

 

Reveste-se de profundo simbolismo aquela atitude de Paulo e Silas nas trevas da prisão, quando numerosos encarcerados ali permaneciam sem esperança, eis que os herdeiros de Jesus, embora dilacerados de açoites, começavam a orar, entoando hinos de confiança.

O mundo atual, na esteira de transições angustiosas e amargas, não parece mergulhado nas sombras que precedem a meia-noite?

Conhecimentos generosos permanecem eclipsados.

Noções de justiça e direito, programas de paz e tratados de assistência mútua são relegados a plano de esquecimento.

Animais furiosos aproveitam a treva para se evadirem dos recônditos escaninhos da alma humana, onde permaneciam guardados pela cobertura da civilização, e tentam dominar as criaturas empregando o terror, a perseguição, a violência.

Quantos homens jazem no cárcere das desilusões, da amargura, do remorso, do crime?

Através de caminhos desolados, ao longo de campos que as bombas devastaram, dentro de sombras frias, há mães que choram velhos desalentados, crianças perdidas.

Quem poderá contar as angústias da noite dolorosa?

Os aprendizes do Evangelho, igualmente, sofrem perseguições e calúnias e, em quase toda parte, são conduzidos a testemunhos ásperos.

Muitos envolveram-se nas nuvens pesadas, outros esconderam-se fugindo à hora de sofrimentos; mas, os discípulos fiéis, esses suportam ainda açoites e pedradas e, não obstante as trevas insondáveis da meia-noite da civilização oram nos santuários do espírito eterno e cantam cânticos de esperança, alentando os companheiros.

Enquanto raras almas sabem perceber os primeiros rubores da alvorada, em virtude da sombra extensa, recordemos os devotados obreiros do Mestre e busquemos na prece ativa o refúgio consolador.

Se o mundo experimenta a tempestade, procuremos a oração e o trabalho, a fé e o otimismo, porque outro dia abençoado está a nascer e em Jesus Cristo repousa nossa resistência espiritual.

           Emmanuel


(Xavier, Francisco Cândido. Trilha de Luz​. Araras: IDE)

ANTE ALLAN KARDEC

            Perante as rajadas do materialismo a encapelarem o oceano da experiência terrestre, a Obra Kardequiana assemelha-se, incontestavelmente, à embarcação providencial que singra as águas revoltas com segurança.

            Por fora, grandes instituições que pareciam venerandos navios estalam nos alicerces, enquanto esperanças humanas de todos os climas, lembrando barcos de todas as procedências, se entrechocam na fúria dos elementos, multiplicando as aflições e os gritos dos náufragos que bracejam nas trevas.

            De que serviria, no entanto, a construção imponente se estivesse reduzida à condição de recinto dourado para exclusivo entretenimento de alguns viajantes, em tertúlias preciosas, indiferentes ao apelo dos que esmorecem no caos?

            Prevenindo contra semelhante impropriedade, os sábios instrutores que escreveram a introdução de “O Livro dos Espíritos”, disseram claramente a Allan Kardec: “Mas, todos os que tiverem em vista o grande princípio de Jesus se confundirão num só sentimento: o do amor do bem e se unirão por um laço fraterno que prenderá o mundo inteiro”.

            Indubitavelmente, a obra espírita é a embarcação acolhedora, consagrada ao amor do bem.

            Urge, desse modo, que os seus tripulantes felizes não se percam nos conflitos palavrosos ou nas divagações estéreis.

            Trabalhemos, ascendendo fachos de raciocínio para os que se debatem nas sombras. Todos concordamos em que Allan Kardec é o apóstolo da renovação humana, cabendo-nos o dever de dar-lhe expressão funcional aos ensinos com a obrigação de repartir-lhe a mensagem de luz, entre os companheiros de Humanidade.

            Assim sendo, traçamos estes despretensiosos comentários.

            Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Construção do amor. São Paulo: CEU)

Mensagem de Emmanuel sobre Kardec

  Lembrando o Codificador da Doutrina Espírita é imperioso estejamos alerta em nossos deveres fundamentais. Convençamos-nos de que é necessário: 
Sentir Kardec;
Estudar Kardec;
Anotar Kardec;
Meditar Kardec;
Analisar Kardec;
Comentar Kardec;
Interpretar Kardec;
Cultivar Kardec;
Ensinar Kardec e
Divulgar Kardec. 
Que é preciso cristianizar a humanidade é afirmação que não padece dúvida; entretanto, cristianizar, na Doutrina Espírita, é raciocinar com a verdade e construir com o bem de todos, para que, em nome de Jesus, não venhamos a fazer sobre a Terra mais um sistema de fanatismo e de negação. 

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Reformador, março de 1961, FEB)