BENEFICÊNCIA E PACIÊNCIA

BENEFICÊNCIA E PACIÊNCIA

“A caridade é paciente e benigna…” – Paulo (I CORÍNTIOS, 13:4.)

Beneficência, sim, para com todos:

Prato dividido.

Veste aos nus.

Remédio aos doentes.

Asilo aos que vagueiam sem teto.

Proteção à criança sem teto.

Auxílio ao ancião em desvalimento.

Socorro às viúvas.

Refúgio aos indigentes.

Consolo aos tristes.

Entretanto, é preciso estender a bondade igualmente noutros setores:

Compreensão em família.

Trabalho sem queixa.

Cooperação sem atrito.

Pagamento sem choro.

Atenção a quem fale, ainda mesmo sem qualquer propósito edificante.

Respeito aos problemas dos outros.

Serenidade às provocações.

Tolerância para com as idéias alheias.

Gentileza na rua.

A beneficência pode efetuar prodígios, levantando a generosidade e conquistando a gratidão; contudo, em nome da caridade, toda beneficência, para completar-se, não pode viver sem a paciência.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Palavras de vida eterna. Cap. 94. Uberaba: CEC)

 

CADA DIA

CADA DIA

A pregação não resulta de simples operação verbal.

Nossa vida está “falando sem palavras” em todas as circunstâncias.

Você dá testemunhos do próprio íntimo, em toda parte: Em casa – no seu modo de agir. Junto da multidão – no seu trato com os outros.

No serviço comum – no uso da posição em que se encontra.

Nas manifestações da fé – em seus propósitos.

Na alegria – através da conduta.

No sentimento – na capacidade de resistir.

Na luta – por intermédio da perseverança.

Na dificuldade – no poder de concentrar-se na direção do êxito.

No estudo – no aproveitamento.

No ideal – na aplicação à atividade.

Nas profundezas do coração – pelo autodomínio.

Cada dia é uma oportunidade desvendada à vitória pessoal, em cuja preparação, falamos seguidamente de nós mesmos.

Lembre-se, porém, de que muita gente se vale dos recursos da ação, da habilidade, do encargo, da persistência, da concentração, da cultura intelectual e da relativa independência, pregando o triunfo isolado da inteligência para reinar sobre os interesses da carne, durante alguns dias; os aprendizes de Jesus, entretanto, usam semelhantes poderes, na renovação do próprio espírito, aprendendo com a renúncia, com o trabalho, com a tolerância fraterna e com o sacrifício deles mesmos a governar os impulsos da vida inferior, no trânsito pela Terra, adquirindo a verdadeira luz para a glória real da vida sem fim.

André Luiz

(Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Nosso Livro. Lição nº 06. São Paulo: LAKE)

ANTE A PALAVRA DO CRISTO

ANTE A PALAVRA DO CRISTO

"…As palavras que eu vos disse, são espírito e vida." Jesus (João, 6:63).

Em todos os tempos surgem no mundo grandes Espíritos que manejam a palavra, impressionando multidões; entretanto, falam em âmbito circunscrito, ainda quando se façam ouvidos em vários continentes.

Dante define uma época.

Camões exalta uma raça.

Shakespeare configura as experiências de um povo.

Voltaire exprime determinada transformação social

A palavra de Jesus, no entanto, transcende lavores artísticos, jóias literárias, plataformas políticas, postulados filosóficos, fórmulas estanques.

Dirige-se a todas as criaturas da Terra, com absoluta oportunidade, estejam elas nesse ou naquele campo de evolução.

É por isso que a Doutrina Espírita a reflete, não por mera reforma dos conceitos superficiais do movimento religioso, à maneira de quem desmontasse antigo prédio para dar disposição diferente aos materiais que o integram, em novo edifício destinado a simples efeitos exteriores.

Os ensinamentos do Mestre, nos princípios espíritas-cristãos, constituem sistema renovador, indicação de caminho, roteiro de ação, diretriz no aperfeiçoamento de cada ser.

Quando os manuseies, não te julgues, assim apenas como quem se vê à frente de um espetáculo de beleza, junto do qual devas tão somente chorar, seja nutrindo a fonte da própria emotividade ou penitenciando-te, quanto aos próprios erros.

Além das lágrimas, aprendamos igualmente a pensar, a purificar-nos, a reerguer-nos e servir.

A necessidade da alma é semelhante à sede ou à fome, ao desajuste moral ou à moléstia, que são iguais em qualquer clima.

A lição do Cristo é também comparável à fonte e ao pão, ao fator equilibrante e ao medicamento, que são fundamentalmente os mesmos, em toda parte.

No trato, pois, de nós ou dos outros, é forçoso não olvidar que o próprio Senhor nos avisou de que as suas palavras são espírito e vida.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanue. Palavras de vida eterna. Cap. 118. Uberaba: CEC)

 

O arado

O arado

“E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus.” (Lucas, 9:62)

Aqui, vemos Jesus utilizar na edificação do Reino Divino um dos mais belos símbolos.

Efetivamente, se desejasse, o Mestre criaria outras imagens.

Poderia reportar­se às leis do mundo, aos deveres sociais, aos textos da profecia, mas prefere fixar o ensinamento em bases mais simples.

O arado é aparelho de todos os tempos.

É pesado, demanda esforço de colaboração entre o homem e a máquina, provoca suor e cuidado e, sobretudo, fere a terra para que produza.

Constrói o berço das sementeiras e, à sua passagem, o terreno cede para que a chuva, o sol e os adubos sejam convenientemente aproveitados.

É necessário, pois, que o discípulo sincero tome lições com o Divino Cultivador, abraçando­se ao arado da responsabilidade, na luta edificante, sem dele retirar as mãos, de modo a evitar prejuízos graves à “terra de si mesmo”.

Meditemos nas oportunidades perdidas, nas chuvas de misericórdia que caíram sobre nós e que se foram sem qualquer aproveitamento para nosso espírito, no sol de amor que nos vem vivificando há muitos milênios, nos adubos preciosos que temos recusado, por preferirmos a ociosidade e a indiferença.

Examinemos tudo isto e reflitamos no símbolo de Jesus.

Um arado promete serviço, disciplina, aflição e cansaço; no entanto, não se deve esquecer que, depois dele, chegam semeaduras e colheitas, pães no prato e celeiros guarnecidos.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 3. FEB)

MENINOS ESPIRITUAIS

MENINOS ESPIRITUAIS

“Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, pois é menino.” — Paulo (HEBREUS, capítulo 5, versículo 13)

Na apreciação dos companheiros de luta, que nos integram o quadro de trabalho diário, é útil não haja choques, quando, inesperadamente, surgirem falhas e fraquezas.

Antes da emissão de qualquer juízo, é conveniente conhecer o quilate dos valores espirituais em exame. Jamais prescindamos da compreensão ante os que se desviam do caminho reto.

A estrada percorrida pelo homem experiente está cheia de crianças dessa natureza.

Deus cerca os passos do sábio, com as expressões da ignorância, a fim de que a sombra receba luz e para que essa mesma luz seja glorificada.

Nesse intercâmbio substancialmente divino, o ignorante aprende e o sábio cresce.

Os discípulos de boa-vontade necessitam da sincera atitude de observação e tolerância.

É natural que se regozijem com o alimento rico e substancioso com que lhes é dado nutrir a alma; no entanto, não desprezem outros irmãos, cujo organismo espiritual ainda não tolera senão o leite simples dos primeiros conhecimentos.

Toda criança é frágil e ninguém deve condená-la por isso.

Se tua mente pode librar no vôo mais alto, não te esqueças dos que ficaram no ninho onde nasceste e onde estiveste longo tempo, completando a plumagem.

Diante dos teus olhos deslumbrados, alonga-se o infinito.

Eles estarão contigo, um dia, e, porque a união integral esteja tardando, não os abandones ao acaso, nem lhes recuses o leite que amam e de que ainda necessitam.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Caminho, verdade e vida. Cap. 51. FEB)

Couraça da caridade

Couraça da caridade

“Sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e da caridade.” – Paulo. (1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:8.)

Paulo foi infinitamente sábio quando aconselhou a couraça da caridade aos trabalhadores da luz.

Em favor do êxito desejável na missão de amor a que nos propomos, em companhia do Cristo, antes de tudo é indispensável preservar o coração.

E se não agasalharmos a fonte do sentimento nas vibrações do ardente amor, servidos por uma compreensão elevada nos círculos da experiência santificante em que nos debatemos na arena terres-tre, é muito difícil vencer na tarefa que o Senhor nos confia.

A irritação permanente, diante da ignorância, adia as vantagens do ensino benéfico.

A indignação excessiva, perante a fraqueza, extermina os germes frágeis da virtude.

A ira freqüente, no campo da luta, pode multiplicar-nos os inimigos sem qualquer proveito para a obra a que nos devotamos.

A severidade demasiada, à frente de pessoas ainda estranhas aos benefícios da disciplina, faz-se acompanhar de efeitos contraproducentes por escassez de educação do meio em que se manifesta.

Compreendendo, assim, que o cristão se acha num verdadeiro estado de luta, em que, por vezes, somos defrontados por sugestões da irritação intemperante, da indignação inoportuna, da ira injustificada ou da severidade destrutiva, o apóstolo dos gentios receitou-nos a couraça da caridade, por sentinela defensiva dos órgãos centrais de expressão da vida.

É indispensável armar o coração de infinito entendimento fraterno para atender ao ministério em que nos empenhamos.

A convicção e o entusiasmo da fé bastam para começar honrosamente, mas para continuar o serviço, e terminá-lo com êxito, ninguém poderá prescindir da caridade paciente, benigna e invencível.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte Viva. Cap. 98. FEB)

Armai­-vos

Armai-­vos

“Portanto tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.”

Paulo (Efésios, 6:13)

O movimento da fé não proporciona consolações tão­somente.

Buscar-­lhe as fontes sublimes para retirar apenas conforto, seria proceder à maneira das crianças que nada enxergam senão guloseimas.

É indispensável tomar as armaduras de Deus nas casas consagradas ao labor divino.

Ilógico aproximar­se o filho adulto da presença paterna com a exclusiva preocupação de receber carinho.

A mente juvenil necessita aceitar a educação construtiva que lhe é oferecida, revestindo­se de poderes benéficos, na ação incessante do bem, a fim de que os progenitores se sintam correspondidos na sua heróica dedicação.

A sede de ternura palpita em todos os seres, contudo, não se deve olvidar o trabalho que enrijece as energias comuns, a responsabilidade que define a posição justa e o esforço próprio que enobrece o caminho.

Em todos os templos do pensamento religioso elevado, o Pai está oferecendo armaduras aos seus filhos.

Os crentes, num impulso louvável, podem entregar­-se naturalmente às melhores expansões afetivas, mas não se esqueçam de que o Senhor lhes oferece instrumentos espirituais para a fortaleza de que necessitam, dentro da luta redentora; somente de posse de semelhantes armaduras pode a alma resistir, nos maus dias da experiência terrestre, sustentando a serenidade própria, nos instantes dolorosos e guardando-­se na couraça da firmeza de Deus.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Vinha de luz. Cap. 115. FEB) 

O VELHO e O NOVO TESTAMENTO

O VELHO e O NOVO TESTAMENTO

Entre o Velho e o Novo Testamento encontram-se diferenças profundas e singulares, que se revelam, muitas vezes, como fortes contrastes ao espírito observador, ansioso pelas equações imediatas da experiência religiosa.

O Velho Testamento é a revelação da Lei.

O Novo Testamento é a revelação do Amor.

O Velho Testamento consubstancia elevadas experiências dos homens de Deus, que procuravam a visão verdadeira do Pai e de sua Casa de infinitas maravilhas.

O Novo Testamento representa a mensagem de Deus a todos os que O buscam no caminho do mundo.

Com o Velho Testamento, o homem bateu à porta da morada paternal, perseguido pelas aflições, que lhe flagelavam a alma, atribulado com os problemas torturantes da vida.

O Evangelho é a porta que se abriu, para que os filhos amorosos fossem recebidos.

No Velho Testamento, a estrada é longa e, vezes sem conta, as criaturas humanas desfaleceram entre os sofrimentos e as perplexidades.

No Novo Testamento, é a estrela da manhã espiritual, resplandecendo de amor infinito, no céu de uma nova compreensão.

No Velho Testamento, é o esforço humano.

O Evangelho é a resposta Divina.

A Bíblia reúne o trabalho santificador e a coroa da alegria.

O Profeta é o Operário. Jesus é o salário na Revelação Maior.

Eis porque, com o Cristo, se estabeleceu o caminho, depois da procura torturante.

E é por esse caminho que a alma do homem se libertará da Babilônia do mal, que sempre lançou o incêndio no mundo, em todos os tempos.

A Bíblia, desse modo, é o Divino Encontro dos filhos da Terra com o seu Pai.

Suas imagens são profundas e sagradas.

De suas palavras, nem uma só se perderá. Um dia, no cimo do monte da redenção, os homens entregar-se-ão, de braços abertos, ao seu Salvador e a seu Mestre. Então, nessa hora sublime, resplandecerá, para todas as consciências da Terra, a Palavra de Deus.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Coletânea do Além. Lição nº 46. São Paulo: FEESP)

UNIFICAÇÃO DO ESPIRITISMO

UNIFICAÇÃO DO ESPIRITISMO

A unificação espiritualista constitui problema, credor da mais legitima cooperação de quantos colaboram nas obras da verdade e do bem no plano espiritual.

Difícil padronizar a interpretação, de vez que ninguém pode trair o degrau evolutivo que lhe é próprio.

Cada aprendiz da realidade universal verá de acordo com as dimensões de sua janela; ouvirá, segundo a acústica, instalada por si mesmo no santuário interior; e compreenderá, na medida de suas realizações e experiências.

Entretanto, nosso problema de união, ao que parece, não se relaciona com a exegese.

É questão de fraternidade sentida e vivida, portas adentro da organização doutrinaria, para que as obras não se esterilizem, à míngua de fé e para que a fé não pereça sem obras.

Trata-se de avançado cometimento da boa vontade de cada companheiro na construção do edifício coletivo do bem geral.

Serviço de compreensão elevada, em que para unir, em Cristo, não podemos prescindir da renúncia cristã, aprendendo a ceder com proveito, no esforço de todos, com todos e para todos em favor da vida melhor.

Para isso, cremos, não é necessário invocar a interpretação que sempre define "um estado de conhecimento", sem representar a sabedoria, e nem se reclamará o concurso da política humana que constitui "uma expressão transitória de poder", sem consubstanciar a autoridade em si mesma.

Apelaremos, sim, para as qualidades superiores do espírito, recorreremos à zona sublime da consciência, onde os valores religiosos acendem a verdadeira luz.

Razoável que os orientadores encarnados tracem programas construtivos para a feição externa do serviço a fazer.

Em tempo algum, dispensaremos a ordem, o método e a disciplina, no templo da elevação, como forças controladoras da inteligência.

Nós outros, conclamaremos o homem interno e mobilizaremos as energias do ideal, falando ao coração.

Reunamo-nos no campo da fraternidade edificante.

Não teremos Espiritismo unido sem que nos unamos.

Debalde ensinaremos amor sem nos amarmos uns aos outros.

Não elevaremos a doutrina sem nos elevarmos.

Aprendamos a eliminar as arestas próprias, a fim de que o espírito coletivo paire mais alto, ligando-nos à Divina Inspiração.

Unir, para nós, deve ser aprimorar, crescer, iluminar.

Aprimoremos-nos, apresentando mais dócil instrumentalidade aos mensageiros da vida mais alta.

Cresçamos em conhecimento e superioridade sentimental. Iluminemo-nos na esfera individual, penetrando o segredo do sacrifício para enriquecimento da vida imortal.

Em seguida, a união frutificará, em nossos círculos de trabalho qual a espiga substanciosa que premia a sementeira.

Organizemos por fora, aperfeiçoando por dentro.

Então, chegaremos sem atritos mais ásperos à aquisição de nossa unidade com o Cristo, na mesma convicção que lhe engrandeceu o verbo, quando assegurou: "Eu e meu Pai somos um".

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Doutrina e Vida. Lição nº 16. São Paulo: CEU)