10o ano do GEECX – Estudo e difusão do Evangelho

 

10o ano do GEECX – Estudo e difusão do Evangelho

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Em abril de 2024 se iniciou o 10o ano de funcionamento do Grupo de Estudos Espíritas Chico Xavier – GEECX.

O Grupo de Estudos Espíritas Chico Xavier tem como objetivo “promover o estudo, a prática e a difusão do Espiritismo em todos os seus aspectos, com base nas obras da Codificação Allan Kardec”, priorizando “o estudo do Evangelho de Jesus à luz do Espiritismo”, pois, conforme salientou Kardec – na introdução de O evangelho segundo o espiritismo – “Muitos pontos dos Evangelhos, da Bíblia e dos autores sacros em geral só são ininteligíveis, parecendo alguns até irracionais, por falta da chave que faculte se lhes apreenda o verdadeiro sentido. Essa chave está completa no Espiritismo”. Desde o início valoriza as obras do espírito Emmanuel que comentam o Novo Testamento, psicografadas por Chico Xavier.

Integrado por companheiros egressos do antigo Núcleo de Estudos e Pesquisas do Evangelho, da FEB, que funcionou de 2012 a março de 2015, o GEECX foi fundado em 29 de março de 2015, em Brasília (DF), no lar do casal Célia Maria e Antonio Cesar Perri de Carvalho. Realizou algumas reuniões nos lares de Edimilson Nogueira e Marco Rosa, fixando-se durante três anos na sede do Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Estêvão, com apoio da Sociedade Divulgadora do Espiritismo Cristão – SODEC, em Brasília. Nessa sede manteve reuniões semanais de estudo, mantendo contatos a distância com valorosos amigos que se agregaram de alguns Estados, tendo como ponto em comum as experiências e o interesse no estudo do Evangelho à luz do Espiritismo.

Desde o início empregou as redes sociais, com página no Facebook e divulgação semanal de seu Boletim, contendo links para acessos a várias matérias vinculadas aos objetivos do GEECX, com farto subsídio para o estudo do Evangelho à luz do Espiritismo.

No ano de 2018 passou a manter programas presenciais em São Paulo junto ao Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa Espírita Eduardo Carvalho Monteiro, com atuação do casal Célia-Cesar Perri de Carvalho e de Flávio Rey de Carvalho, sobre os livros: Paulo e Estêvão, psicografado por Chico Xavier; Epístolas de Paulo à luz do espiritismo, de Cesar Perri. A partir de 2020, com a pandemia, as reuniões passaram a ser virtuais, com programas de estudos semanais e ocorreram estudos sobre: O evangelho segundo o espiritismo, os programas “pinga-fogo” com Chico Xavier, a literatura psicográfica de Chico Xavier, e agora está sendo desenvolvido sobre o livro Emmanuel, psicografado por Chico Xavier.

Nesse ínterim, manteve programas sobre O evangelho segundo o espiritismo pela web rádio Fraternidade (de Uberlândia), TV Mundo Maior de Guarulhos (SP), Rede Amigo Espírita de TV e pela Rádio e TV Espírita de Maceió; parceria com a Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes.

Como membro do GEECX, elaboramos livros sobre análise do Novo Testamento na ótica espírita e o estímulo ao estudo e prática nos centros e no movimento espírita: Epístolas de Paulo à luz do espiritismo (O Clarim, 2016); Centro espírita. Prática espírita e cristã (USE-SP, 2016); Cristianismo nos séculos iniciais. Aspectos históricos e visão espírita (O Clarim, 2018); Chico Xavier. O homem, a obra e as repercussões (EME/USE-SP, 2019); Emmanuel. Trajetória espiritual e atuação com Chico Xavier (O Clarim, 2020); Paulo de Tarso. A vertente espiritual da montanha (O Clarim, 2023). Ao ensejo dos 160 anos de O Evangelho segundo o Espiritismo, proximamente vem a lume Evangelho com simplicidade (O Clarim).

Em nossa obra Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões (Ed.Cocriação, 2021) encontram-se os relatos sobre a origem do GEECX.

Informações – copie e cole os links:

https://www.facebook.com/gestudoschicoxavier/;

https://www.facebook.com/cocriacaoeditorial;

contato@grupochicoxavier.com.br;

https://ccdpe.org.br/cursos/#:~:text=bit.ly/CCDPE%2DTrajetoria

 

(*) Foi presidente da USE-SP e da FEB; em São Paulo é colaborador do Centro de Cultura e Documentação e Pesquisa do Espiritismo e do Grupo Espírita Casa do Caminho; articulista da Revista Internacional de Espiritismo.

Chico Xavier – as marcas inesquecíveis

Chico Xavier – as marcas inesquecíveis

  

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Há 114 anos atrás, no dia 2 de abril, nascia Chico Xavier, em Pedro Leopoldo (MG).

Leitor de suas obras psicográficas desde a adolescência, tivemos o privilégio de manter amizade e visitas continuadas durante 20 anos. A aprendizagem foi intensa, pelos seus livros psicográficos e pelos exemplos que presenciamos nas suas lides em Uberaba.

Outros privilégios que desfrutamos foram aproveitados em momentos e condições que foram se desenvolvendo no transcorrer de nossa trajetória no movimento espírita e no contexto de proximidades com pessoas animadas pelo objetivo comum de divulgar as obras do marcante médium.

Haja vista os lançamentos dos livros de Chico Xavier traduzidos para o francês em Paris (2005) e para o russo em Minsk (2009), editados pela EDICEI, e que comparecemos representando o Conselho Espírita Internacional.

Inesquecíveis foram as homenagens por ocasião do Centenário de seu nascimento e na época, como diretor da Federação Espírita Brasileira, tivemos a honra de coordenar em nível nacional o “Projeto Centenário de Chico Xavier”, aprovado pelo Conselho Federativo Nacional da FEB e executado durante o ano de 2010. Com apoio e iniciativas variadas ocorreram mais de 600 comemorações em todo o país. Aí se incluiu a criação do “Espaço Cultural Chico Xavier” na Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo, a terra natal de Chico Xavier, e um Congresso Espírita Brasileiro. Foi marcante a homenagem na terra natal do médium, no dia 02 de abril de 2010, com participação da Banda da Polícia Militar de Minas Gerais e a inauguração do Memorial Chico Xavier, anexo ao Centro Espírita Luiz Gonzaga, que ele fundou em 1927.

Evento histórico aconteceu na sede da Organização das Nações Unidas-ONU, em Nova York, aos 06 de agosto de 2010: o “Tributo a Chico Xavier”, no qual comparecemos juntamente com Nestor João Masotti.

Os reflexos e desdobramentos significativos prosseguem.

Os filmes que levaram ao grande público a mensagem espírita: Chico Xavier”, “Nosso Lar”, “E a vida continua…”, “Nosso Lar 2 – Os mensageiros”; os três últimos baseados em livros psicografados por Chico Xavier.

Em 2012, a TV SBT promoveu uma competição sobre vultos e Chico Xavier foi o vencedor, sendo considerado “O Maior Brasileiro de Todos os Tempos”.

O Governo de Minas Gerais criou a “Comenda da Paz Chico Xavier”. Provavelmente como repercussão das comemorações do Centenário de Chico, fomos agraciados e recebemos a honraria das mãos do governador do Estado Antonio Anastasia, em cerimônia realizada em Uberaba em março de 2013.

O Grupo de Estudos Espíritas Chico Xavier – GEECX, que fundamos em 2015, funcionou com reuniões em Brasília e em São Paulo e, atualmente com ações virtuais principalmente em parceria com o Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo, de São Paulo. Neste último, promoveu programas de estudo sobre: Paulo e Estêvão, Programas Pinga-Fogo de 1971, Literatura psicográfica de Chico Xavier, e, atualmente, sobre o livro Emmanuel.

A “Rede Amigo Espírita” (RAETV) produziu um marco histórico, não apenas para o movimento espírita brasileiro, mas mundial. Contando com parcerias de webTVs e webRádios e concretizou o maior evento on line, em agosto de 2020 -, e com um objetivo nobilíssimo: em homenagem aos 110 anos de nascimento de Chico Xavier e no final do evento havia cerca de 500 mil visualizações.

Em livros de nossa autoria, focalizamos registros sobre episódios e comentários sobre a vida e obra do notável vulto: Chico Xavier – o homem, a obra e as repercussões (USE-SP/EME, 2019); Emmanuel. Trajetória espiritual e atuação com Chico Xavier (O Clarim, 2020) e em Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões (Cocriação Editora, 2021).

A Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes, canal do You Tube gerado em Araçatuba, tem focalizado as obras de Chico Xavier. As marcas inesquecíveis de Chico Xavier prosseguem sendo lembradas pelo exemplo de vida e pelos seus livros psicografados, como um arauto do bem e da paz!

(*) Foi dirigente em Araçatuba, presidente da USE-SP e da FEB e membro do CEI.

As aparições de Jesus e a mediunidade de Chico Xavier

As aparições de Jesus e a mediunidade de Chico Xavier

      

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Neste ano a tradicional de lembranças da aparição de Jesus marcada para algumas religiões como o 3o dia em seguida à crucificação, coincidindo com a Páscoa, ficou próximo ao dia que assinala o nascimento de Chico Xavier.

As onze aparições de Jesus a partir da inicial do 3o dia e até o 40o dia após a crucificação, foram marcantes para consolidar a mensagem de Jesus.

Aliás, a imagem que se deve manter de Jesus, não é aquela do sofrimento e da crucificação, marcada pelos que cultivam complexo de culpa, mas sim a do túmulo vazio e ele aparecendo em espírito.

Dezenove séculos depois de Jesus, um médium simples, dedicado e fiel a Jesus e Kardec – o nosso contemporâneo Chico Xavier – foi intermediário de milhares de espíritos, vários oferecendo provas da imortalidade da alma e todos transmitindo mensagens de consolo, esclarecimento e enlevo espiritual.

Essa foi a missão marcante e histórica de Chico Xavier, que nasceu no dia 02 de abril de 1910, em Pedro Leopoldo (MG). Chico psicografou algumas centenas de livros fundamentados no ensino moral de Jesus. Como pessoa foi exemplo de renúncia, com extrema dedicação ao próximo. No atendimento a filas imensas de pessoas em aflição, ofereceu conforto espiritual, consolo e apoio a um número incontável de pessoas. Chico Xavier teve uma longa existência de exemplificações e podemos afirmar que sempre foi arauto da paz, do amor e da certeza da imortalidade da alma. Jesus sempre esteve presente nos livros, nas ações e falas de Chico Xavier. Embora tendo passado por dificuldades e sofrimentos, Chico superava-os e não exteriorizava sinais de amargura. Chico Xavier foi um exemplo próximo a nós.

Nesses dias se evoca os momentos finais de Jesus, com marcadas encenações e símbolos ligados à crucificação. Destacamos trecho de Emmanuel comentando João (19, 5) “— ‘Eis o Homem!’ – Aparentemente vencido, o Mestre surgia em plena grandeza espiritual, revelando o mais alto padrão de dignidade humana. Rememorando, pois, semelhante passagem, recordemos que somente nas linhas morais do Cristo é que atingiremos a Humanidade Real” (FCX, Fonte viva, cap.127).

Assim, mais significativo do que evocar o sofrimento e a morte de Jesus será importante procurarmos marcar a imagem de Jesus de uma forma diferente: não mais a da crucificação, mas de suas aparições. Jesus vive!

Numa época tão conturbada, como a atualmente vivida por todos nós, são necessários exemplos dignificantes e mensagens de alento para a superação de tantas aflições. Com o Espiritismo e especificamente com a vida e obra de Chico Xavier, fortalecemos a convicção na imortalidade da alma.

(*) Foi dirigente em Araçatuba (SP), presidente da USE-SP e da FEB.

Kardec: “o bom senso” e “progredir sem cessar”

Kardec: “o bom senso” e “progredir sem cessar”

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Aos 31 de Março de 1869, desencarnava subitamente Allan Kardec, em Paris, em plena atividade de atendimento de seus compromissos, com a idade de 65 anos.

No dia 02 de abril realizou-se o sepultamento dos despojos no cemitério de Montmartre, com simplicidade, mas com o comparecimento de uma multidão de mais de mil pessoas.

Entre os diversos oradores, discípulos dedicados de Kardec, o Sr. E. Muller, assim se expressou:

“Falo em nome de sua viúva, da qual lhe foi companheira fiel e ditosa durante trinta e sete anos de felicidade sem nuvens nem desgostos, daquela que lhe compartiu as crenças e os trabalhos, as vicissitudes e as alegrias, e que se orgulhava da pureza dos costumes, da honestidade absoluta e do desinteresse sublime do esposo; hoje, sozinha, é ela quem nos dá a todos o exemplo de coragem, de tolerância, do perdão das injúrias e do dever escrupulosamente cumprido.”

O discurso do astrônomo Camille Flammarion foi marcante, assinalando que Rivail ofereceu explicações racionais para acontecimentos, antes tidos como sobrenaturais. Emprega uma das qualificações mais usadas em referência ao homem que codificou o Espiritismo, que ele foi o bom senso encarnado. Eis um trecho:

“Ele era o que eu denominarei simplesmente o bom senso encarnado. Razão reta e judiciosa, aplicava sem cessar à sua obra permanente as indicações íntimas do senso comum. Não era essa uma qualidade somenos, na ordem das coisas com que nos ocupamos. Era, ao contrário, pode-se afirmá-lo, a primeira de todas e a mais preciosa, sem a qual, a obra não teria podido tornar-se popular, nem lançar pelo mundo suas raízes imensas.”

No ano seguinte, atendendo a um projeto do Sr. Sebille, foi construído um dólmen no histórico Cemitério Père Lachaise, constituído de três pedras de granito puro, em posição vertical, sobre as quais se colocou uma quarta pedra, tabular, ligeiramente inclinada, e pesando seis toneladas. Nessa pedra, foi insculpida a frase definida pelos seus amigos: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar esta é a lei". No interior deste dólmen, sobre uma coluna também de pedra, fixou-se um busto em bronze, de Kardec.

Esse monumento foi inaugurado em 31 de Março de 1870, quando houve o translado dos restos mortais de Kardec, e nessa ocasião o Sr. Levent, vice-presidente da “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”, discursou a pedido da viúva, Amélie Boudet, em nome dela e dos amigos.

Algumas nuances do perfil de Allan Kardec passam despercebidas.

Aspectos do educador e pesquisador de fatos precisam ser valorizadas e interconectadas. Kardec não foi um entrevistador de espíritos, um mero intermediário para o registro de informações espirituais ou elaborador de obras com base em teorias. Com preparo intelectual, senso de observação, análise e avaliação, dialogava com seus pares e tinha opiniões próprias. Sempre buscou o contato com realidades e entendemos que com suas viagens, com base nas observações e significativos contatos doutrinários, Kardec deu início ao movimento espírita.

As recentes divulgações de manuscritos oriundos de pelo menos três arquivos históricos provenientes da França, estão enriquecendo com detalhes sobre o trabalho, as lutas e o pensamento de Kardec.

Essas nuances do perfil intelectual consolidado em obras e ações, inserido no contexto de sua época, de atento observador, caracterizando-se como o “bom senso encarnado”, conforme designação de Camille Flammarion, são sugestivas para nossos roteiros de vida e sem dúvida, com a inspirada sugestão registrada em sua lápide: "… progredir sem cessar esta é a lei".

Como o espírita deve ver a sociedade

Como o espírita deve ver a sociedade

Aylton Paiva

A Vida social está em a natureza? – Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outra faculdades necessária à vida de relação.(1)

O espírita não deve ver a sociedade conforme suas opiniões , mas de acordo com os princípios da Filosofa Espiritualista Espírita, contida em O livro dos espíritos, codificado por Allan Kardec, em sua 3ª Parte Das Leis Morais – Da Lei de sociedade.

O ser humano não é um ser perfeito e completo, portando ele precisa da união social a fim de que um possa ajudar o outro, conforme informação dos Mentores Espirituais, acima citado. “Não se justifica o isolamento social, seja por alegado fim religioso( asceta, ermitão, etc.) seja para usufruir os bens materiais sem que tenha de se relacionar com outras pessoas; residir em uma ilha isolada, por exemplo.”(2)

Assim, torna-se evidente que toda pessoa tem um compromisso com a sociedade em que vive. Deve compreender sua função nessa sociedade, dela participando e dando sua contribuição de acordo com suas possibilidades intelectuais, sentimentais e morais. “O espírita, pelo conhecimento que tem da Doutrina Espírita, especialmente Das Leis Morais, 3ª Parte do mencionado O livro dos espíritos tem o dever de participar ativa e conscientemente na sociedade em que vive, agindo para que os valores ético espíritas se realizem na sociedade humana.”(3)

Conforme já citado, os Mentores Espirituais da codificação do Espiritismo alertam firmemente que os seres humanos precisam uns dos outros, daí a necessidade de viver em sociedade. “O homem tem necessidade de progredir, de desenvolver suas potencialidades e isso ele só pode fazer em sociedade e é necessário que a sociedade esteja estruturada a fim de que todos que a compõem tenham tal possibilidade. O progresso do homem, tanto em seu aspecto da vida material quanto da vida espiritual, é uma imposição do Criador à vida. Ele necessita relacionar-se com seu semelhante para criar os bens indispensáveis ao seu aprimoramento. Esse relacionamento social, no entanto, deve ser inspirado pelo amor entre os seres, pela fraternidade que implica no exercício da justiça.”(4).

Para essa convivência o espírita deve, portanto, buscar os valores morais contidos no Evangelho de Jesus, clarificados pela Filosofia Espiritualista Espírita contida na sua obra básica O livro dos espíritos, organizada por Allan Kardec.

Para uma vivência coerente, o espírita precisa compreender e agir, na sociedade, conforme esses valores morais e não de acordo com doutrinas, filosofias e mesmo suas opiniões e palpites pessoais, que confrontam tais valores.

REFLEXÕES:

1. A sociedade é má e não deveríamos viver nela?

2. Viver isoladamente não seria melhor para a evolução do espírito?

3. Por que devemos viver em sociedade?

4. Como viver em sociedade ajuda o espírito a se aperfeiçoar?

5. Quais valores temos para avaliar nossa conduta para com o próximo e para com a sociedade?

Referência bibliográfica:

(1) O livro dos espíritos, de Allan Kardec, editora FEB, edição 87ª.

(2) O Espiritismo e a Política – Contribuições para a evolução do ser e da sociedade. Capítulo 7, pág. 63. 

3) Idem, pág. 63. 

4) Idem, pág. 64.

Extraído de:

Boletim diário de Notícias do Movimento Espírita, 15/03/2024: https://www.noticiasespiritas.com.br/2024/MARCO/15-03-2024.htm

O casal Linda e João – amizade e apoio

O casal Linda e João – amizade e apoio

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Começamos a frequentar as reuniões do Centro Espírita “Amor e Caridade”, de Biriguí, aos 09 anos de idade, no início de 1958, por indicação de Emília Santos, que atuava como médium no local, embora residente em Araçatuba.

Registros interessantes sobre os dirigentes e fundadores do Centro Espírita “Amor e Caridade”:

- Nosso tio-avô Albino Marinelli, juntamente com o Sr. João foi um dos responsáveis pela construção do Lar José Maria Lisboa; amigo de José Geraldi, loja de material de construção. um dos filhos, o Jorge Geraldi, casado com Nilza, filha de Linda e João.

- Nos anos 1940, nosso tio-avô José Perri residiu e atuou como médico em Biriguí, aceitaram o Espiritismo; amigos do casal de Biriguí; a desencarnação de Tércio, ainda criança, filho do casal Antonieta Cavalieri e José Perri, levou-o a momentos de instabilidade emocional, e foi apoiado por dona Linda. A amizade e contatos perduraram.

- A avó Antonieta Perri Cefali, desencarnada em 1935, teria se manifestado e sido consolada pela mediunidade de dona Linda no início dos anos 1950.

- Em São Carlos, esse casal de Biriguí foi contemporâneo de familiares nossos.

- João Dias de Almeida (São Carlos 1901; Biriguí 1984), trabalhava como tipógrafo em jornal que imprimia “O Clarim”, de Cairbar Schutel, tornando-se, simpatizante da Doutrina Espírita. – Em 1926, casou-se com D. Linda Dias de Almeida (Matão, SP, 1908; Biriguí 2004).

- O casal viveu em Olímpia e São Paulo. Com as manifestações mediunidade latente de Linda, João, conhecedor dos princípios espíritas, busca orientação em Centro Espírita em Tucuruvi, bairro de São Paulo, começa a trabalhar como médium e visitando os enfermos do hospital do bairro. Receberam o chamado, sob a orientação do espírito Felício Luchini, para fixarem residência em Biriguí, onde em conjunto com o espírito José Maria Lisboa deveriam cumprir sua missão.

- Em 05 de janeiro de 1940, venderam seus bens em São Paulo e estabeleceram-se no comércio, em Biriguí, e atividade agrícola em uma pequena propriedade, região da Água Limpa; depois área maior de terras, no município de Buritama, bairro do Lajeado.

- D. Linda se tornava conhecida, dons mediúnicos e suas qualidades morais e cristãs; construíram e inauguraram o Centro Espírita Amor e Caridade, na Rua Nilo Peçanha, 485, em 28 de janeiro de 1940.

- 17 de julho de 1943: sob a presidência do Sr. João Dias de Almeida foi lançada a pedra fundamental de dependência do “Amor e Caridade”, no bairro Córrego da Pedra, município de Monte Aprazível, hoje Lourdes.

- 29 de junho de 1945: criado o Departamento “Asilo da Velhice e dos Desamparados”, idosos e crianças sem lar, com 40 internos.

- 02 de fevereiro de 1947: inaugurado o “Sanatório Felício Luchini”, depois “Hospital Psiquiátrico Felício Luchini”.

- 12 de junho de 1949: inaugurado o Orfanato “José Maria Lisboa”, depois chamado Lar.

- O casal recebeu o título de Cidadão Biriguiense; receberam várias Comendas, e, em 20 de agosto de 1985, a Câmara Municipal criou o Centro Comunitário “João Dias de Almeida”.

- Desde criança, frequentamos o Centro com entrada de arvoredos de murta com flores brancas exalando aroma marcado em nossa lembrança. Na secretaria, o Sr. João simpático, risonho e puxando prosa, geralmente encontrávamos os irmãos Adauto e Adalberto Quirino da Silva. Dentro do salão dona Linda e um conjunto de médiuns.

- Com nossa genitora Bebé e tio Rolandinho estivemos muitas vezes na residência da médium onde era sempre atenciosa. Em férias, o tio Lolo e esposa (do Rio de Janeiro) foram algumas vezes a esse Centro e até proferiu palestra sobre prevenção do câncer.

- Frequentamos as reuniões no “Amor e Caridade” até 1972, quando foi fundado o Centro Espírita Luz e Fraternidade, de Araçatuba.

- Em entrevista (Dirigente Espírita, USE-SP, set-out.1993) ela nos relatou que no início de suas ações eram alvos de perseguições e maledicências, inclusive partindo de religiosos. denunciados junto à Polícia. De tanto serem convocados pelo Delegado de Polícia, um dia reconheceu o trabalho benéfico à comunidade que eles executavam e se interessou pelo Espiritismo.

- Após a desencarnação do casal esse Centro foi sucessivamente dirigido pelas filhas Neide e Nancy.

Residindo em Araçatuba, Brasília e São Paulo, voltamos inúmeras vezes para proferir palestras no "Amor e Caridade", como na recente reunião comemorativa da data de nascimento de D. Linda, no dia 02 de março de 2024.

(Síntese da palestra do dia 02/03/2024, com base em: Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Cap. 1.12. Araçatuba: Cocriação. 2021)

Livraria Espírita de Araçatuba em nova sede

Livraria Espírita de Araçatuba em nova sede

  

Antonio Cesar Perri de Carvalho

A Livraria Espírita Rolando Perri Cefaly, de Araçatuba (SP), conta com nova sede, inaugurada no dia 02 de março de 2024.

Trata-se de dependência vinculada à Instituição Nosso Lar que funciona naquela cidade desde 1961. Essa Instituição, fundada por Rolando Perri Cefaly, Emília Santos e Josefina Perri Cefaly de Carvalho, foi se desdobrando em outras atividades e dependências.

Em novembro de 1972 foi inaugurado o Centro Espírita Luz e Fraternidade, que passou a ser o núcleo doutrinário, implementando reuniões e cursos diversificados. Naquela época éramos um dos integrantes da diretoria de Nosso Lar e responsável pela programação doutrinária do novo Centro.

Com o crescente público que passou a frequentar as suas reuniões, montamos um simples ponto de venda de livros espíritas numa saleta localizada antes do acesso ao salão das reuniões públicas. Tudo muito simples e retirávamos livros com a Rosa Protetti, dirigente do Centro Espírita Bezerra de Menezes que, na época era o único local que comercializava os livros espíritas na cidade.

Como houve interesse, a diretoria do “Luz e Fraternidade” passou a comprar os livros diretamente de Livrarias/editoras. Tio Rolandinho adquiriu uma casa na rua Pereira Barreto e reformou-a para instalar a Livraria. Foi inaugurada no dia 17 de maio de 1980.

Logo depois, o Clube do Livro Espírita da UNIMEA (hoje USE de Araçatuba), passou a utilizar o espaço para depósito e referência. Os sócios do Clube recebiam os livros em casa, mas também podiam retirar o livro do mês na livraria.

Nos 15 anos iniciais de funcionamento, a Livraria funcionava como uma distribuidora e atendia encomendas dos centros da região. Aliás, naquela época era um dos poucos locais públicos para venda de livros espíritas em toda a região noroeste.

Na sequência, Rolandinho conseguiu autorização para montar um stand metálico/banca do livro na praça Rui Barbosa. Foi confeccionada nas oficinas da família Pagan, usando modelo que existia na época para as Bancas do Livro Espírita, divulgada por O Clarim, de Matão. À vista do movimento e interesse do público, Rolandinho obteve autorização, junto à governança municipal, para construir um quiosque na praça Rui Barbosa.

A Livraria que funcionou durante 43 anos na principal avenida de acesso ao centro da cidade, também transformou-se num ponto para diálogos fraternos, momentos de confraternização e de lançamentos de livros.

Agora, face a alterações imobiliárias naquela região, houve a negociação que redundou na mudança para um outro local, à rua Tabajaras, 256. A inauguração da nova sede da Livraria, aconteceu com nossa presença para lançamento de nosso livro Leopoldo Cirne. Vida e propostas por um mundo melhor, edição conjunta da Cocriação (de Araçatuba) e do CCDPE (de São Paulo).

25 ANOS DO CLUBE DA VOVÓ FELIZ DA INSTITUIÇÃO NOSSO LAR

25 ANOS DO CLUBE DA VOVÓ FELIZ DA INSTITUIÇÃO NOSSO LAR

   

Paulo Sérgio Perri de Carvalho (*)

A Instituição Nosso Lar foi fundada em Araçatuba no ano de 1960 com a finalidade de abrigar transitoriamente famílias necessitadas e para centralizar tarefas assistenciais que eram desenvolvidas por D. Emília Santos e Rolando Perri Cefaly (tio Rolandinho).

Desde os seus primórdios, o pensamento de promoção social das pessoas que recorriam à Instituição foi marcante. Assim, além do atendimento às necessidades das famílias, eram desenvolvidas atividades de promoção que iam desde a construção de casinhas em mutirão até, posteriormente, atividades de corte e costura, bordado, artesanato, confecção de enxoval para gestantes sendo estas últimas atividades desenvolvidas durante a semana pelas pessoas assistidas e coordenadas por inúmeras voluntárias.

Destas atividades, as peças confeccionadas eram expostas e vendidas no tradicional Bazar Beneficente. Acompanhando de perto estas atividades, Josefina Perri Cefaly de Carvalho (tia Bebé), Vice-presidente e posteriormente Presidente da Instituição, cria o Clube da Vovó Feliz em fevereiro de 1999 que tinha por objetivo reunir as pessoas idosas em uma tarde da semana para desenvolverem terapias ocupacionais com as atividades de artesanato, pintura e outros trabalhos manuais além de receberem a orientação médica e psicológica quando necessário como também de alfabetização. A ideia da criação desta atividade foi devido a preocupação que Bebé tinha com relação as idosas que frequentavam a Instituição para que elas fossem valorizadas como seres humanos e tivessem uma atenção especial e com isso melhorassem até mesmo sua auto-estima pela possibilidade de aprender e aplicar algo que poderia ser útil para suas vidas.

Todas as atividades do Clube da Vovó Feliz iniciavam-se e ainda são iniciadas com uma palestra sobre os ensinamentos morais do Cristo e é reservada uma data em cada mês para se comemorar os aniversários das avós. Todas as atividades desenvolvidas ao longo destes 25 anos tiveram a participação de pessoas que voluntariamente doaram uma parte de si para que houvesse um pouco de alegria nos corações das vovós. Para não ser traído pela memória, estas pessoas não serão nominadas, mas que todas elas possam receber a gratidão da Instituição Nosso Lar.

A tia Bebé desencarnou em setembro de 2003 e como homenagem a ela por sua dedicação a esta atividade o Clube da Vovó passou a se chamar Clube da Vovó Feliz Josefina Perri Cefaly de Carvalho, tia Bebé.

Parafraseando Camille Flamarion que em maio de 1869 discursou no sepultamento de Allan Kardec, podemos dizer: “Já não existem muitas pessoas que iniciaram o Clube da Vovó em 1999 mas a lembrança do trabalho inicialmente desenvolvido estará sempre com as pessoas que continuam o trabalho que por si será sempre respeitado. Na Terra, a obra substituirá os obreiros de outrora e que continuam a orientar espiritualmente e a dar forças e estímulo para que o trabalho continue!”

(*) Vice-Presidente da Instituição Nosso Lar.

(Publicado em: Folha da Região. Araçatuba, 21/02/2024. P.2)

Princípios ético-morais na atualidade

Princípios ético-morais na atualidade

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Os momentos vividos no mundo provocam impactos na sociedade em geral e diversas abordagens têm sido realizadas para se compreender o cenário atual.
As análises com base na ética e na moral são sempre pertinentes. Há muitos estudos acadêmicos que discutem os conceitos e a aplicação da ética e da moral, porém parece-nos oportuna a reflexão fundamentada na concepção espírita e de maneira simples.
Em geral, aceita-se que a ética procura distinguir o bem do mal, o justo do injusto, o certo do errado, o que é permitido e o que é proibido, tendo em vista o conjunto de normas adotadas por uma sociedade; seria mais especulativa. Já a moral se refere às normas ou regras que regem a conduta humana e envolve o dever e prática consciencial. A chamada consciência moral é a capacidade de decidir diante das alternativas possíveis, de distinguir o bem do mal. Portanto, a ética é o fundamento e a moral é a prática. Muitos entendem que ética e moral são inseparáveis.1
Allan Kardec, em suas obras, não empregou a palavra “ética”, mas o conceito e o objeto desta estão implícitos em O livro dos espíritos e O evangelho segundo o espiritismo. No livro inaugural do Espiritismo, o Codificador analisa as “Leis Morais”2, e na Introdução de O evangelho segundo o espiritismo, ele define o ensino moral como o objetivo desta obra.3
A ética cristã está fundamentada nos ensinos do Cristo, sintetizados na “regra de ouro”: "Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós” (Mateus 7, 12).
Em memoráveis Epístolas, Paulo de Tarso definiu diretrizes de ordem comportamental das quais destacamos alguns versículos4:
“Examinai tudo. Retende o bem" (1 Tessalonicenses 5, 21); Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam" (I Coríntios 10, 23); "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem" (Romanos 12, 21); "[…] já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2, 19-20).
O fato de Paulo citar o chavão da época referente à cidade de Corinto – “todas as coisas são lícitas” -, aponta para uma situação que o afligia. Os cristãos dos nascentes grupos de Corinto sofriam influências do contexto perverso daquela cidade. A expressão “viver como um coríntio” referia-se a desregramentos comportamentais, considerados “normais” naquela cidade. A tendência de adoção de práticas aberrantes, motivou a elaboração da 1a Epístola aos Coríntios.4
Paulo desenvolveu o raciocínio de que alguns princípios defendidos naquela sociedade precisavam ser observados através de diretrizes ligadas à conduta cristã, não se restringindo às tradições e normas vigentes.
Respeitadas as diferenças, parece-nos que a colocação de Paulo é adequada aos nossos dias, em que num ambiente de liberdade de pensamento e de legislações liberais, proliferam vários tipos de guerras, dentro dos países ou entre eles, ocorrem questionamentos de valores e facilidades de comunicação, incluindo a indiscriminada disseminação de notícias e análises dúbias ou inverídicas nas redes sociais.
No conjunto – Constituição do país, Leis e normas -, define-se o que é legal, o que é “lícito” no dizer de Paulo de Tarso.
Como ficariam as ideias de conveniência e de edificação que Paulo emprega na citada Epístola para a análise das licitudes? E isso sem se entrar na questão da proliferação de hábitos e ações ilícitos…
A mensagem essencial da Boa Nova fortalece princípios e o cultivo de virtudes. Sobre isso, o Espiritismo traz à tona a ideia do livre-arbítrio dentro dos conceitos que emanam do conhecimento de vida imortal e de reencarnação, e, dos compromissos do ser espiritual consigo mesmo e com a sociedade.
Em O livro dos espíritos há várias abordagens referentes à moral, como as questões abaixo2:
“- A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus.”
“- O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringí-la.”
Em as Leis Morais de O livro dos espíritos, Allan Kardec destaca que a lei divina ou natural, a Lei de Deus, é “a única e verdadeira a conduzir o homem à felicidade e que lhe indica o que ele deve ou não fazer” e que essa “lei está escrita na consciência do homem.”2
A ética espírita baseia-se nas máximas morais do Cristo e na busca o conhecimento da verdade. Está definida no livro inicial de Kardec ao examinar a Lei de Deus no tocante ao bem e o mal e ao apresentá-la subdividida em várias leis. Para Kardec, a justiça, amor e caridade é a lei “mais importante, por ser a que faculta ao homem adiantar-se mais na vida espiritual, visto que resume todas as outras" […] “lei que se funda na certeza do futuro."2
Os valores espirituais e afetivos não podem ser subjugados por valores cognitivos e imediatistas. Emmanuel faz um valioso apontamento sintético: “O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita.”5
Essas colocações espirituais e espíritas oferecem parâmetros para se definir o que é lícito e conveniente, o que atende aos objetivos do bem, ou seja, o que é moralmente compatível com os ensinos do Cristo e os princípios do Espiritismo.
A enfermidade ética e moral tem raízes desde a base da sociedade. E repercutem em várias instâncias das nações.
Haja vista as vigentes manifestações guerreiras e torna-se oportuno recordarmos de comentário de Emmanuel: “[…] A guerra é inevitável nessa civilização que depende exclusivamente do militarismo. Os grandes exércitos são a sua grande ruína,” e aponta: “[…] o afinamento da mentalidade do mundo terrestre no ideal de perfeição e de amor de Jesus Cristo não chegou a se verificar em tempo algum. Apelamos para a cristianização de todos os espíritos e é dentro desse sentido que se guarda o mais alto objetivo de todas as nossas mensagens”.6
As inquietações e até turbulências que advém das dificuldades que a população passa nos momentos de crises mais intensas devem ser encaradas com respeito e serenidade.
Sobre esse cenário, Emmanuel pondera: “[…] no fracasso de todas as tentativas pacíficas, o cristão sincero, na sua feição individual, nunca deverá cair ao nível do agressor, sabendo estabelecer, em todas as circunstâncias, a diferença entre os seus valores morais e os instintos animalizados da violência física.”5
Para concluir, lembramos que as obras de Kardec, em vários trechos comentam a causa principal dos distúrbios ético-morais, que pode ser resumida com a frase: “O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta.”2
Evocamos mais uma vez o apóstolo Paulo com seus marcantes registros. Anota a situação dele e, pode-se dizer de muitos, que adotam princípios ético-morais no contexto de nosso mundo e deixa claro que a consciência tranquila e o dever cumprido são as melhores recompensas espirituais:
“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (2 Timóteo 4, 7)

Referências:
1) Souza, Sonia Maria Ribeiro. Um outro olhar: filosofia. 1.ed. Cap. 10. São Paulo: FTD. 1995.
2) Kardec, Allan. Trad. Ribeiro, Guillon. O livro dos espíritos. 70.ed. 3a Parte, cap. II a XI; questões 629 e 630; Conclusão IV. Rio de Janeiro: FEB. 1989.
3) Kardec, Allan. Trad. Ribeiro, Guillon. O evangelho segundo o espiritismo. 131.e. Cap. XI, item 11. Brasília: FEB. 2013.
4) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Epístolas de Paulo à luz do espiritismo. 1.ed. Cap. 2 e 5. Matão: O Clarim. 2016.
5) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. O consolador. 29.ed. Questões 68, 127, 148, 170, 204, 345, 365. Brasília: FEB. 2013.
6) Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Ação, vida e luz. P. 25-26. São Paulo: CEU. 1991.
DE:
Revista Internacional de Espiritismo. Ano XCIX. N. 1. Fevereiro de 2024. P. 44-45.

Uma reflexão sobre as críticas ao trabalho de Chico Xavier

Uma reflexão sobre as críticas ao trabalho de Chico Xavier

Vladimir Alexei

Leon Denis (1846 – 1927), um dos pensadores mais lúcidos do Espiritismo, disse em uma de suas obras que, conforme for o ideal, assim será o homem.

No ano em que completam 22 anos do seu desencarne, os temas difundidos em torno do nome de Chico Xavier ainda causam muitas reflexões.

Ao mesmo tempo em que se erige pedestais para o endeusamento da figura de Francisco Cândido Xavier, existem sítios dedicados a analisar possíveis plágios em suas obras e de tantos outros escritores, arrolando o médium aos processos de indivíduo fraudulento.

Além, é claro, das celeumas que se instauraram após o seu desencarne em torno de diálogos com extraterrestres e suas possíveis reencarnações.

O que causa espanto, e espécie, é a completa ausência de pudor nas críticas com fundamentações bastante questionáveis, tanto para os que exaltam, quanto para os que tentam denegrir a imagem do Chico Xavier.

O conhecimento é a busca da verdade, ele não é a busca pela certeza, já dizia Sir Karl R. Popper. É relevante refletir sobre isso.

Todo conhecimento humano é falível, portanto, incerto. Errar é humano!

Por isso é oportuno que se faça distinção entre verdade e certeza. Dizer que tem “certeza” que Chico Xavier fraudou, pode não ser “verdade”. De fato, a ciência tem limites, contudo, a humanidade tem se esforçado para superar seus limites e as contribuições podem ser percebidas, se soubermos o que buscar. Uma pesquisa científica não é traduzida em uma escrita comum, popular. Quando se busca dar algum “ar científico” a qualquer texto, é preciso, de fato, que o autor tenha uma ideia de método, do contrário, corre-se o risco de cair na infantilidade que se vê por aí.

Melhor atribuir o que se vê a infantilidade do que maldade, porque, parafraseando Leon Denis, se o ideal dessas pessoas que escrevem sobre o Chico Xavier é desmascará-lo ou endeusá-lo, vê-se que pouco compreenderam da essência do Espiritismo.

Na esteira do espanto, diante de tantas críticas ácidas, deseducadas e porque não injustas, dirigidas ao Chico Xavier, entidades e suas respectivas editoras, que publicam e vendem seus livros, fazem um profundo silêncio diante de tudo que se diz sobre ele. Na hora do bônus, divulgam-se os trabalhos do Chico Xavier. Quando o autor é criticado e arrolado como possível fraude, essas mesmas entidades que editam seus livros, emudecem.

Allan Kardec deixou claro a diferença entre “polêmica e polêmica” na Revista Espírita de 1858. Aquela que visava defender o ponto de vista pessoal, Kardec abria mão. As outras que diziam respeito à defesa do entendimento doutrinário, ele não recuava!

Estão interpretando e analisando errado as obras espíritas e nenhuma instituição que edita seus livros, se levantou para esclarecer e auxiliar no melhor entendimento do que seja um estudo espírita. Servem para o que, então?

As críticas ao trabalho do Chico Xavier, em essência, são críticas à Doutrina Espírita! E o que os dirigentes das entidades espíritas têm feito a esse respeito?

Buscando informações em outros sítios, nos deparamos com um vídeo de um ex-companheiro do Chico Xavier, que abandonou o Espiritismo para se dedicar a outra área do conhecimento, dizendo que as fragrâncias exaladas quando da presença de um Espírito Benfeitor foram encontradas em frascos no armário de uma sala ao lado da sala de tratamentos. Entretanto, apenas o Chico Xavier estava envolvido, segundo o ex-companheiro. Ambos desencarnados.

O que é importante esclarecer: a verdade ou a certeza? Ter certeza que é “mentira”, pode não refletir a verdade. Para dizer que é verdade, é necessário que o conhecimento seja construído com método e mesmo assim, pode-se concluir que ficará o “dito pelo não dito”.

Por outro lado, pode-se aprender com a situação e analisar o contexto para que casos assim sejam tratados com a devida fraternidade que um Espírita desenvolve quando está em busca de melhorar-se.

E continua! Assistimos um desses vídeos curtos de uma rede social dizendo que o Chico Xavier foi um “assassino cruel” em outro planeta. Veio para esse planeta para resgatar suas maldades.

O que estão fazendo com o trabalho do Chico Xavier? O que as casas espíritas tem ensinado sobre o Espiritismo?

Há décadas entidades e seus respectivos dirigentes vem auferindo vantagens em forma de projeção, exposição de imagem, perpetuação de uma ideia, de um ideal, como disse Leon Denis, mas junto com essa semeadura existe a colheita. Os que ficam, o que tem feito para esclarecer a respeito dos equívocos de interpretações doutrinárias? Ou essas entidades acreditam que não são corresponsáveis pelo que está acontecendo?

Há uma profunda distância entre falar-se sobre o conteúdo de uma obra, como o sítio citado, comparando frases, utilizando testemunhos e etc. para identificar “plágios”, e concluir-se que o autor é uma fraude.

Alto lá! Para ser considerado “verdade” é preciso desenvolver um método que seja aceito de forma universal e o que usam é tão frágil quanto o que acusam. Citamos novamente o Popper que diz que, já que errar é humano, isso significa que devemos lutar sem cessar contra o erro, mas também, com todo cuidado, nunca podemos estar totalmente certos de que não estejamos cometendo um erro.

Diante desse cenário, deveras dantesco, o combate às análises apressadas e conclusões inadvertidas, deve ser feito com método, prudência e cautela. Em meio ao cascalho podem existir pedras preciosas, interpretações oportunas, reflexões superiores de perspectivas pouco exploradas.

Contudo, é preciso ser firme diante das críticas a trabalhos longevos, consistentes, coerentes, repleto de exemplos, testados em “verso e prosa”, analisados por diversos ângulos, inclusive acadêmico, antes de se optar pelo veredito da fraude como estão fazendo com o trabalho de Chico Xavier.

Por fim, resta saber o que as entidades farão para defender o trabalho daquele que tanto tem contribuído para suas existências. A conta está chegando.

(O articulista  Vladimir Alexei reside em Belo Horizonte).