A “carta viva” de Paulo

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

A 2a Epístola aos Coríntios seria a consolidação de várias cartas que teriam sido escritas por Paulo aos companheiros da cidade de Corinto, nos anos 55 e 56 d.C.1,2

Como temas centrais da referida Epístola aparecem como mensagens maiores o conceito de Deus Pai, Jesus como redentor que leva os homens a Deus, Jesus como o Messias de Israel, a superioridade dos ensinos de Jesus com relação à lei de Moisés, e, longas considerações sobre a imortalidade da alma.

Destacamos alguns versículos com recomendações válidas para a atualidade e com base em tradução corrigida e fiel de João Ferreira de Almeida.3

Paulo valoriza os esforços de aproveitamento de potenciais morais e espirituais: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós” (4:7).

Emmanuel interpreta sinteticamente esse versículo:

“Afervora-te no trabalho do bem e recolhe-te à humildade do aprendiz atencioso e vigilante, gastando severidade contigo e benevolência para com os outros, porque qualquer dom da Luz Divina na obscuridade do ser humano, qual se expressa na conceituação apostólica, é um “tesouro em vaso de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.”4

O apóstolo dos gentios comenta reações bem humanas, típicas das pessoas que se encontram em momentos de transição e como iniciantes em alguma crença religiosa, e acrescenta suas orientações: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (4:8-9).

Esse trecho mereceu comentário de Emmanuel: “Mas todos os discípulos fiéis sabem, com Paulo de Tarso, que "em tudo serão atribulados e perplexos", todavia, jamais se entregarão à angústia e ao desânimo. Sabem que o Mestre Divino foi o Grande Atribulado e aprenderam com Ele que da perplexidade, da aflição, do martírio e da morte, transfere-se a alma para a Ressurreição Eterna.”5 

As lutas interiores e externas para os que se introduzem em novos conceitos religiosos devem ter como parâmetro o conceito de novo homem, o que é registrado pelo apóstolo missivista: “Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração” (3:3). 

Emmanuel reforça pela psicografia de Chico Xavier a importância da vivência da mensagem: “Podem surgir muitas contendas em torno das páginas mais célebres e formosas; todavia, perante a alma que se converteu em carta viva do Senhor, quando  não haja vibrações superiores da compreensão, haverá sempre o divino silêncio.”6

Sobre esse assunto, Paulo prossegue em outro versículo: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (5:17).

O processo de renovação interior foi explicitado pelo orientador espiritual de Chico Xavier:

“Se pretendes quebrar as algemas que te agrilhoam à sombra, não bastará te rotules com esse ou aquele título no campo das afirmações exteriores. É imprescindível te transformes por dentro, fazendo luz para o cérebro e luz para o coração.”7

O notável exegeta espiritual considera: “Viver de qualquer modo é de todos, mas viver em paz consigo mesmo é serviço de poucos.”9

Bibliografia:

1. Champlin, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo. Vol. 4. Cap. Segunda Epístola aos Coríntios. São Paulo: Hagnos, 2014.

2. Walker, Peter. Pelos caminhos do apóstolo Paulo. Trad. Mariz, Andréa. Introdução, Cap. 9. São Paulo: Ed.Rosari. 2009.

3. Ryrie, Charles C. A Bíblia de Estudo Anotada/Expandida. Trad. Klassin, Susana. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2007.

4. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel.  Palavras de vida eterna. Cap.21 e 125. Uberaba: CEC. 2010.

5. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Vinha de luz. Cap.26 e 102. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

6. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel.  Caminho, verdade e vida. Cap.7, 114, 115. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

7. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Segue-me. Cap.Renovemo-nos. Matão: Ed.O Clarim, 2011.

8. Kardec, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Noleto, Evandro Bezerra. Introdução. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

9. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte Viva. Cap. 53 e 123. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

(*) Síntese de artigo do mesmo autor, publicado na "Revista Internacional de Espiritismo", Ed.O Clarim, novembro de 2015.

ESPÍRITAS NO EVANGELHO

Comenta o Evangelho, nas tarefas doutrinárias do Espiritismo; entretanto, diligencia exumar as sementes divinas da Verdade, encerradas no cárcere das teologias humanas, para que produzam os frutos da vida eterna no solo da alma.

*

Exalta a glória do Cristo, mas elucida que Ele não transitou, nos caminhos humanos, usufruindo facilidades e, sim, atendendo aos desígnios de Deus, nas disciplinas de humilde servidor.

*

Refere-te ao Céu, mas explica que o Céu é o espaço infinito, em cuja vastidão milhões de mundos obedecem às leis que lhe foram traçadas, a fim de que se erijam em lares e escolas das criaturas mergulhadas na evolução.

*

Menciona os Guias Espirituais mas esclarece que eles não são Inteligências privilegiadas no Universo, mas, sim, Espíritos que adquiriram a sabedoria e a sublimação, à custa de amor e a preço de lágrimas.

*

Reporta-te à redenção, mas observa que a bondade não exclui e que o Espírito culpado é constrangido ao resgate de si próprio, através da reencarnação, tantas vezes quantas sejam necessárias, porquanto, à frente da Lei, cada consciência deve a si mesma a sombra da derrota ou o clarão do triunfo.

Cita profetas e profecias, fenômenos e influências, mas analise os temas da mediunidade, auxiliando o entendimento comum, no intercâmbio entre encarnados e desencarnados, e ofertando adequado remédio aos problemas da obsessão.

*

Salienta os benefícios da fé, mas demonstra que a oração sem as boas-obras assemelha-se a dolosa atitude nos negócios da alma, de vez que, se a prece nos clareia o lugar de trabalho, é preciso apagar o mal para que o mal nos esqueça e fazer o bem para que o bem nos procure.

*

Define a excelência da virtude, mas informe que o crédito moral não é obtido em deserção da luta que nos cabe travar com as tentações acalentadas por nós mesmos, a fim de que a nossa confiança nas Esferas Superiores não seja pura ingenuidade, à distância da experiência.

*

Expõe o Evangelho, mas não faça dele instrumento de hipnose destrutiva das energias espirituais daqueles que te escutem.

Mostra que Jesus não lhe plasmou a grandeza, operando sem amor e sem dor, e nem distraias a atenção dos semelhantes, encobrindo-lhes a responsabilidade de pensar e servir, que a Boa Nova nos traça a todos, de maneira indistinta. O Espiritismo te apóia o raciocínio para que lhe reveles a luz criadora e a alegria contagiante, auxiliando-te a despertar os ouvintes da verdade na compreensão do sofrimento e na felicidade do dever, nos tesouros do bem e nas vitórias da educação.

Emmanuel

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Contesse Diane, “Maximes de la vie”: Le bonheur se donne pas; il s’échange. Notre bonheur vient toujours d’autrui. A felicidade não é coisa que se dê; nós a trocamos. Nossa felicidade procede sempre de outro alguém.

(Xavier, Francisco Cândido, por Emmanuel. Escrínio de Luz. Ed. O Clarim) 

CONFIA SEMPRE – Meimei

 

Confia sempre

ACESSE e escute com a voz de Chico Xavier:

https://www.youtube.com/watch?v=S7fepv6n6QE

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Texto da mensagem "Confia Sempre":

Não percas a tua fé entre as sombras do mundo.

Ainda que os teus pés estejam sangrando, segue para a frente, erguendo-a por luz celeste, acima de ti mesmo.

Crê e trabalha.

Esforça-te no bem e espera com paciência.

Tudo passa e tudo se renova na Terra, mas o que vem do céu permanecerá.

De todos os infelizes, os mais desditosos são os que perderam a confiança em Deus e em si mesmos, porque o maior

infortúnio é sofrer a privação da fé e prosseguir vivendo.

Eleva, pois, o teu olhar e caminha.

Luta e serve. Aprende e adianta-te.

Brilha a alvorada além da noite.

Hoje, é possível que a tempestade te amarfanhe o coração e te atormente o ideal, aguilhoando-te com a aflição ou ameaçando-te com a morte…

Não te esqueças, porém, de que amanhã será outro dia.

Meimei

(Extraído do livro “Cartas do Coração” – Francisco Cândido Xavier)

NOVAS VISÕES…

Novas visões

A expressão atual do conceito de religião e espiritualidade na Europa de hoje. Entrevista com Telma Habermann, e com Francisco Habermann. Dia 04/01/16 – segunda feira – 20:00h – Centro Espírita 'Caminho da Luz' – R. N.S.Aparecida, 520 – Botucatu, SP.

CONSIDERAÇÕES

Devemos guardar o evangelho na cabeça?

Sim, porque precisamos orientar o pensamento para o bem…

Cabe-nos a obrigação de imprimir o Evangelho nos olhos?

Sim, porque é indispensável permaneça a nossa visão identificada com o ensinamento divino, que transparece de todos os lugares.

Compete-nos conservar o Evangelho nos ouvidos?

Sim, porque é imprescindível registrar a mensagem de bondade que o Alto nos reserva, em todas as particularidades da senda a percorrer.

É imperioso guardar o Evangelho nas mãos?

Sim, porque nossos braços são os instrumentos com os quais criaremos o mundo de nossas boas-obras, na direção do Paraíso.

Será necessário respeitar o Evangelho com os nossos pés? Sim, porque a reta diretriz é imperativo comum.

Justo, porém, antes de tudo, é situar o Evangelho no coração, para que o ensino de Jesus aplicado em nós mesmos resplandeça através de nossa mente, de nosso olhar, de nossa audição, de nossas mãos e de nossos pés, a fim de que não sejamos aprendizes fragmentários, subestimando o serviço do Divino Mestre.

É imprescindível trazer a Boa-Nova, em todos os nossos pensamentos e aspirações, potências e atividades, salientando-se, contudo, o impositivo da lição de Jesus, no imo dos nossos sentimentos, para que estejamos ligados, primeiramente, ao Senhor, e não ao nosso “eu”, de vez que, segundo as velhas e sempre jovens palavras na Escritura Celeste, onde guardamos o coração aí se encontrará o tesouro de nossa vida.

Evangelho no coração será, portanto, a plenitude do Cristo em nós.

Emmanuel

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Quinto Curcio em “De rebus gesti Alexandri, V”: Fortunati semper pacem quaerunt. Os felizes sempre buscam a paz.

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Escrínio de Luz. Ed. O Clarim)

FELIZ ANO-BOM

            Desde a mais remota antiguidade, o velho Cronos, que guarda a prerrogativa de gerar caminhos e transformar coisas e pessoas, vem sendo saudado, de ciclo a ciclo, como se fora, magicamente, capaz de se fracionar, consoante o homem concebe ao interpretar-lhe o poder intocável mas objetivo sobre tudo.

            Das esferas espirituais, nós, os Espíritos que amamos o Brasil e operamos, consoante nos é possível, em favor da iluminação moral de seu povo, também lamentamos a onda de violência surda que, acima da média habitual, caracterizou este inesquecível 2015 da era cristã.

            Todavia, fazendo valer o entendimento de nossa condição de “libertos da carne”, em grupos imensos de servidores espirituais que enfeixam religiosos de todas as denominações, educadores de valor, políticos conscientes e ardorosos, artistas notáveis, ex-escravos com suas histórias de heroísmo e bondade e também índios que dão corpo ao programa da caridade, nos unimos para louvar o coração de Jesus e agradecer a Ismael por não termos visto, no solo da Pátria do Cruzeiro, as insatisfações e os muitos temores se transfigurando em guerra civil, de lamentáveis consequências…

            No período em que se deu a Abolição da escravatura, os ânimos estiveram tão exaltados quanto agora e temos o dever de reverenciar a Misericórdia do Cristo e enaltecer o símbolo sagrado de seu martírio, estampado no Céu deste gigante americano, pois em mais de quinhentos anos de cultura do Evangelho, em nenhum momento de profundas transformações de nossa história o sangue coletivo jamais foi derramado, cumprindo-nos a intensificação da obra educativa e espiritual mais intensiva, de coração para coração, a fim de alcançarmos, como Nação, como povo convertido ao Cristianismo, a legítima expressão da Fraternidade!

            O Ano-Novo é novamente uma promessa e, considerando que neste ano que agoniza, o Brasil das esperanças de Jesus, em movimentos espirituais, conheceu a libertação de milhares de Espíritos viciosos e perversos que, durante todo o ano, de modo ativo, atuaram sobre a sociedade, como instrumentos de aferição dos valores cívicos e morais da família brasileira, sobrevivemos todos, com nossa capacidade de renovar esperanças e exercitar o bem legítimo. E não se diga que isso ocorreu à revelia do Poder Divino, pois embora o mal seja fogo-fátuo, ele queima, arde e ameaça, mas a benefício do amadurecimento de nossas possibilidades individuais e coletivas, no rumo do grande amanhã, para cumprimento da sublime profecia: Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho redentor!

IRMÃO X

(Mensagem psicografada pelo médium Wagner G. Paixão durante reunião pública do Grupo Espírita da Bênção, no dia 28 de dezembro de 2015, em Mário Campos, MG, Brasil) 

Janeiro após janeiro…

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Na passagem do ano anterior, eram outras as perspectivas. Havia ambiente de reconciliação nos cenários internacionais e até nacional. Nos primeiros dias de janeiro o mundo foi sacudido pelos atentados de Paris e, na sequência, veio uma avalanche de episódios chocantes e tristes nas várias esferas, que os noticiários não param de focalizar até nossos dias. No seio do movimento espírita sente-se também focos de arrefecimento, embora o trabalho prossiga firme dentro das casas espíritas.

Como se repete sempre no movimento espírita: " É a transição…"

Num quadro complexo como se vive atualmente e na passagem para um novo ano, além dos compromissos cívicos e espíritas que devem ser mantidos, há necessidade de muita sintonia e confiança no Mundo Espiritual afinizado com os Espíritos Superiores vinculados ao Cristo.

Emmanuel, em algumas mensagens ligadas ao tema – passagem do ano – faz colocações que devem merecer nossa atenção e reflexão:

"Ano Novo é também oportunidade de aprender, trabalhar e servir. O tempo, como paternal amigo, como que se reencarna no corpo do calendário, descerrando-nos horizontes mais claros para necessária ascensão. Lembra-te de que o ano em retorno é novo dia a convocar-te para a execução de velhas promessas que ainda não tivestes a coragem de cumprir."(1)

"Janeiro a Janeiro, renova-se o ano, oferecendo novo ciclo ao trabalho. É como se tudo estivesse a dizer: “Se quiseres, podes recomeçar". Disse, porém, o Divino Amigo que ninguém aproveita remendo novo em pano velho. […] Recomecemos, pois, qualquer esforço com firmeza, lembrando-nos, todavia, de que tudo volta, menos a oportunidade esquecida, que será sempre uma perda real."(2)

Mas, na mensagem "Sede Firmes", Emmanuel faz recomendações para nossos dias, começando por citar Jesus: "E quando ouvirdes de guerras e sedições, não vos assustais" ( Lucas: 21 – 9 ), e prossegue:  

"O aprendiz sincero de Cristo para merecer-lhe a assistência generosa precisa conservar intangível o caráter resoluto. É indispensável que o coração do discípulo se entregue às mãos do Mestre com a firmeza necessária. […]  A vitória do Bem reclama espíritos fortalecidos de coragem e fé, acima de tudo. […] O mundo cheio de sombras do mal não oferece lugar a espectadores. Cada homem deve escarregar-se do trabalho que lhe compete. A guerra de nervos traz ameaças, gritos, terrores, bombas, incêndios, metralhadoras, mas o defensor do Bem traz o caráter firme, solidificada na confiança em Deus e em si mesmo. O discípulo do Senhor não ignora que os cristãos morreram nos circos, de mãos vazias, mas na qualidade de combatentes pelo Bem e pela Verdade. Nestas horas de apreensões justas, recordai as palavras serenas do Mestre: "E quando ouvirdes de guerras e sedições, não vos assustei'."(3)

Cabe-nos o esforço para que efetivamente aconteça novo ano!

Referências:

(1) Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Vida e Caminho. Ed.GEEM.

(2) Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Palavras de Vida Eterna. Lição nº 01. Ed. CEC.

(3) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Harmonização. Ed. GEEM.

 

(De: http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/janeiro-apos-janeiro)

VESTIBULAR DA UNESP CITA “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”

Os vestibulandos da primeira fase da UNESP, realizado no mês de novembro, deparam-se com uma questão no mínimo surpreendente.

O enunciado de uma das questões trazia dois textos para explicar as capacidades morais e intelectuais do homem, o conceito filosófico do inatismo, especialmente as habilidades no campo da Música. Um dos textos era do O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. O outro foi extraído de um artigo da Revista Superinteressante.

É preciso destacar a atualidade do pensamento espírita, capaz de confrontar a Ciência Oficial e apresentar respostas para questões complexas. A resposta dos Espíritos, com adaptações ao texto original, foi apresentada da seguinte maneira:

“Não confundais o efeito com a causa. O Espírito tem sempre as capacidades que lhe são próprias; ora, não são os órgãos que produzem as capacidades, mas as capacidades que conduzem ao desenvolvimento dos órgãos. O Espírito, se encarnando, traz certas predisposições, admitindo-se, para cada uma, um órgão correspondente no cérebro.

O desenvolvimento desses órgãos será um efeito e não uma causa. Se as capacidades se originassem nesses órgãos, o homem seria uma máquina sem livre-arbítrio e sem responsabilidade dos seus atos. Seria preciso admitir que os maiores gênios, sábios, poetas, artistas, não são gênios senão porque o acaso lhes deu órgãos especiais”.

Já o artigo da Revista Superinteressante, de autoria de Nelson Jobim, intitulado “Um dom de Gênio”, cita uma pesquisa do neurologista alemão, Helmut Steinmetz, pesquisador da Universidade Henrich Heine, de Düsseldorf, que comparou cérebros de um grupo de 30 músicos com os de outros 30 que não se dedicavam à arte musical.

Na conclusão do cientista, o virtuosismo dos primeiros explicar-se-ia por um acentuado desenvolvimento do lobo temporal esquerdo (região do córtex cerebral onde são processados os sinais sonoros). “Nos músicos, esse tamanho pode ser duas vezes maior”, diz o texto.
 

Resposta do Colégio Objetivo
“No de Kardec, codificador do Espiritismo, religião amplamente professada no Brasil, o Universo é visto como constituído de matéria e espírito. Essa concepção tem ressonância no pensamento de Platão e Descartes, considerados também pensadores dualistas. Assim, o corpo material é plasmado pelo Espírito que o encarna. A alma, entendida por Kardec como o espírito encarnado, é o portador de uma bagagem cultural e moral de existências passadas. conceito semelhante ao inatismo cartesiano e platônico, em que a razão humana é portadora e produtora de conhecimento humano.”

Já em relação ao artigo de Nelson Jobim, a genialidade humana surge como produto de determinação biológica. “Tal concepção se aproximaria mais dos empiristas, para quem toda inteligência nasce como tábula rasa, e nesse caso poderíamos admitir que a genialidade resultaria do acaso. O que, na crítica de Kardec, ‘os maiores gênios, sábios, poetas e artistas não são gênios senão porque o acaso lhes deu órgãos especiais’”.

E a pergunta que se faz é: Como terão reagido os vestibulandos frente a essa questão?

Essa não foi a pergunta a questionar temas filosóficos. O pensamento atualíssimo de Voltaire, o grande mestre do Iluminismo, também foi tema da questão que abordou, de forma implícita, as lutas étnicas e a ação de grupos extremistas. No texto de Voltaire, o pensador apresenta Deus não como uma divindade de um povo, de uma raça ou de uma nação, mas como o criador do Universo e pai de todos os homens. Uma visão, com certeza, coerente e compatível com o ensino trazido pelo Espiritismo.

(Enviado em 18 de dezembro de 2015 | Publicado por Juliana Chagas)
Fonte: USE São Paulo

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Como professor aposentado e ex-pró-reitor da UNESP sinto satisfação pelo fato do vestibular (VUNESP) desta universidade pioneiramente incluir uma questão relacionada com obra de Allan Kardec – Antonio Cesar Perri de Carvalho.