AMOR E RENÚNCIA

AMOR E RENÚNCIA

[…] Dando o testemunho real de seus ensinamentos, o Cristo soube ser, em todas as circunstâncias, o amigo fiel e dedicado. Nas elucidações de João, vemo-lo a exclamar: – "Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; tenho-vos chamado amigos, porque vos revelei tudo quanto ouvi de meu Pai!" E, na narrativa de Lucas, ouvimo-lo dizer, antes da hora extrema: – "Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes da minha Paixão."

Ninguém no mundo já conseguiu elevar, à altura em que o Senhor as colocou, a beleza e a amplitude dos elos afetivos, mesmo porque a sua obra inteira é a de reunir, pelo amor, todas as nações e todos os homens, no círculo divino da família universal. Mas, também, por demonstrar que o reino de Deus deve constituir a preocupação primeira das almas, ninguém como ele soube retirar-se das posições, no instante oportuno, em obediência aos desígnios divinos. Depois da magnífica vitória da entrada em Jerusalém, é traído por um dos discípulos amados; negam-no os seus seguidores e companheiros; suas idéias são tidas como perversoras e revolucionárias; é acusado como bandido e feiticeiro; sua morte passa por ser a de um ladrão.

Jesus, entretanto, ensina às criaturas, nessa hora suprema, a excelsa virtude de retirar-se com a solidão dos homens, mas com a proteção de Deus. Ele, que transformara toda a Galiléia numa fonte divina; que se levantara com desassombro contra as hipocrisias do farisaísmo do tempo; que desapontara os cambistas, no próprio templo de Jerusalém, como advogado enérgico e superior de todas as grandes causas da verdade e do bem, passa, no dia do Calvário, em espetáculo para o povo, com a alma num maravilhoso e profundo silêncio. Sem proferir a mais leve acusação, caminha humilde, coroado de espinhos, sustentando nas mãos uma cana imunda à guisa de cetro, vestindo a túnica da ironia, sob as cusparadas dos populares exaltados, de faces sangrentas e passos vacilantes, sob o peso da cruz, vilipendiado, sem articular uma queixa.

No momento do Calvário, Jesus atravessa as ruas de Jerusalém, como se estivesse diante da humanidade inteira, sem queixar-se, ensinando a virtude da renúncia por amor do Reino de Deus, revelando por essa a sua derradeira lição.

Humberto de Campos

Trecho final do capítulo “Amor e Renúncia”, extraído de:

Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Humberto de Campos. Boa nova. Cap.12. FEB.

Casa do Caminho com reuniões de vibrações virtuais

Casa do Caminho com reuniões de vibrações virtuais

No dia 9 de abril, no horário habitual das reuniões mediúnicas, equipe do Grupo Espírita Casa do Caminho realizaram encontro virtual, cada um em seu lar. A equipe IV contou com coordenação de Glória Miranda, comentários evangélicos por Vera e vibrações por Maristela. No comentário foi dada ênfase no cap. XX de “O Evangelho segundo o Espiritismo”: “Os trabalhadores da última hora”. O casal Célia e Cesar Perri integra este Grupo. O grupo II também efetivou reunião similar a distância, dirigido por Marina, houve coordenação de Gláucia; Flávio Rey de Carvalho participa deste Grupo.

Análise – Jesus frente a Pilatos

Análise dos episódios da prisão de Jesus e sua presença frente a Pilatos

O fato deste tema de estudo coincidir com as evocações sobre os últimos dias de Jesus na Terra, o Capítulo 2 de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Meu Reino não é deste Mundo -, chamou atenção na reunião virtual do dia 7 de abril efetivada pelo grupo de estudos do CCDPE de São Paulo, que estuda esta obra de Kardec. Os integrantes do grupo tiveram intensa participação na análise dos episódios da prisão de Jesus e até o momento em que é levado à presença de Pilatos. Evidente que seguindo versículos do evangelista João. Este tema terá prosseguimento na reunião a distância da próxima semana. O grupo de estudo é coordenado por Cesar, Célia e Flávio Carvalho, e, a viabilização da transmissão por Nakano e André Fernandes.

Uma Páscoa diferente

Uma Páscoa diferente

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Em meio ao isolamento social adotado com medida preventiva em tempos de pandemia, têm ocorrido profundas alterações nas relações familiares e sociais em geral. Esse cenário mudou a forma de se comemorar a tradicional Páscoa.

As famílias não puderam realizar grandes reuniões ou refeições comemorativas. Estas ficaram fisicamente circunscritas ao ambiente de cada lar.

Em que pesem os danos para o comércio, a ênfase na troca de presentes, de ovos de Páscoa e do marketing envolvendo o “coelhinho”, provavelmente diminuíram drasticamente.

As tradicionais comemorações religiosas formais que envolviam a presença de multidões foram suspensas.

Nas novas condições da sociedade, também tem havido apelos variados para orações nos lares e até em sintonia com grupos a distância em horários pré-combinados.

Jesus tem sido lembrado nos mais variados tipos de orações e até de apelos.

Para nós, espíritas, a substituição da tradicional imagem de Jesus crucificado pela evocação de suas aparições seguidas nos quarenta dias após o sacrifício, abre um horizonte completamente diferenciado para a compreensão do Mestre e seus ensinos.

Enfim, nessa Páscoa, valoriza-se o momento da família que pode estar fisicamente junta, e, dos familiares a distância, em contatos on line, mas, sem dúvida, vibratoriamente próximos. A lembrança da figura e dos exemplos de Jesus e o emprego da oração tem sido revigorados.

Entendemos que nessa Páscoa, sem a preponderância da tradição de meras formalidades e do consumismo, está ocorrendo uma comemoração mais voltada à nuance espiritual.

Talvez após a superação dos isolamentos sociais, quarentenas e de todas consequências sociais e econômicas, a pandemia do coronavírus possa vir a ser um marco na história da Humanidade, não necessariamente apenas pelos danos causados, mas, quiçá por induzir a muitas análises e reflexões sobre a sociedade, como revisão de valores e de prioridades de vida.

A certeza da imortalidade da alma fortalece a essência e a praticidade dos ensinos morais de Jesus.

Em momentos tormentosos e com a visão espiritual, podemos refletir mais na profundidade do Sermão da Montanha, sem dúvida, a “carta magna” do Cristianismo, cujo conteúdo poderá influir na elaboração de uma nova proposta para o convívio na sociedade, como parâmetro para uma Nova Era.

Allan Kardec trata sobre os chamados “sinais dos tempos” e sobre a expectativa de uma nova era, no capítulo XVIII de sua última obra – A gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo.

Há inúmeras mensagens espirituais sobre o tema disponíveis na literatura espírita. Transcrevemos apenas um trecho final de manifestação histórica e marcante do espírito Bittencourt Sampaio:

“Espíritas! Com Allan Kardec, retomastes o facho resplendente da Boa-Nova, que jazia eclipsado nas sombras da Idade Média! Compreendamos nossa missão de obreiros da luz, cooperando com o Senhor na construção do mundo novo!… Não ignorais que a civilização de hoje é um grande barco sob a tempestade… Mas, enquanto mastros tombam oscilantes e estalam vigas mestras, aos gritos da equipagem desarvorada, ante a metralha que incendeia a noite moral do mundo, Cristo está no leme! Servindo-o, pois, infatigavelmente, repitamos, confortados e felizes: Cristo ontem, Cristo hoje, Cristo amanhã!…”1

Referência:

Xavier, Francisco Cândido. Por espíritos diversos. Instruções psicofônicas. Cap. 64. Brasília: FEB. 2013.

(*) Foi presidente da FEB e da USE-SP, e membro da Comissão Executiva do CEI.

Jesus e a Páscoa

Jesus e a Páscoa

Capítulo 2 de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" – Meu reino não é deste mundo – significado da sigla INRI; – interpretação do sacrifício de Jesus;

Comentaristas: Antonio Cesar Perri de Carvalho e Flávio Rey de Carvalho

Link:

Reflexões sobre a pandemia, fé e ciência

Reflexões sobre a pandemia, fé e ciência 

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Estamos reunindo algumas informações e transcrições que podem servir de reflexões para os momentos críticos que estamos vivendo.

É verdade que as redes sociais estão divulgando aos borbotões mensagens, transcrições e lives.

Numa época de proliferação de fake news há necessidade de se analisar sobre conteúdos, conferindo-os com os parâmetros da Codificação Espírita. Portanto, deve haver muito cuidado antes de se “compartilhar” as matérias.

De início, lembramos que Allan Kardec conviveu com epidemias e as comentou em Revista Espírita (Novembro de 1865, Edicel), no artigo “O Espiritismo e o Cólera”. Nesse texto, o “bom senso encarnado” pondera que “seria absurdo crer que a fé espírita seja um ‘brevet’ de garantia contra o cólera”, e destaca que o conhecimento espírita “tendente a fortificar o moral é um preservativo”.

Na terrível epidemia da “gripe espanhola” nos anos 1918 e 1919, entre milhões de vítimas no mundo, em nosso país, desencarnou o pioneiro Eurípedes Barsanulfo e o presidente da República Rodrigues Alves.

Até a primeira metade do século XX, antes do aparecimento das vacinas Salk e Sabin, o risco de “paralisia infantil” atemorizava as famílias. E surgiram outras epidemias em nosso país tropical, como a febre amarela, cólera, deng…

Particularmente, no seio da família, vivemos antes das vacinas, os cuidados e fugas de surtos de “paralisia infantil”. Vivenciamos as dedetizações maciças nas cidades do interior contra a febre amarela e a deng. As caminhonetes ligadas a serviços de saúde eram conhecidas por produzirem o popularmente chamado “fumacê”.

Em viagens internacionais também surgiram cuidados. Em 1973, não pudemos chegar até ao Sul da Itália, porque havia surto de cólera. Logo depois para viagens a alguns Estados do Brasil, países e Continentes havia a exigência de Atestado de algumas vacinações que eram obrigatórias.

Como profissional da área da saúde, em meados dos anos 1980, convivemos com as contaminações dos vírus da hepatite B e da AIDS. Até chegamos a realizar uma grande campanha de esclarecimento junto a profissionais, ao povo em geral, e publicações especializadas, para se estimular a profilaxia dessas enfermidades.

Agora, estamos frente a uma situação completamente nova, pois o COVID-19 é um vírus ainda não bem conhecido, e, num mundo globalizado tem provocado situações e prejuízos inimagináveis, mas já se tendo a certeza da velocidade e facilidade com que se dissemina e dos riscos enormes, principalmente na faixa etária da chamada 3a idade.

Para nós, espíritas, não há nenhuma dúvida sobre os compromissos que temos com a vida em geral e, especificamente, com nosso organismo, desde as Obras Básicas de Allan Kardec.

Claramente nos alerta André Luiz: “O corpo é o primeiro empréstimo recebido pelo Espírito trazido à carne” (Conduta Espírita, capítulo 34).

Daí a razão para atendermos às orientações e recomendações emanadas das autoridades da área da Saúde.

Como Kardec chamou atenção em nota acima destacada da Revista Espírita de 1865, não é apenas com a fé que resolvemos as questões corpóreas e sociais. Por oportuno, precisamos empregar a “fé raciocinada” e relermos trechos do item “Aliança do Espiritismo com a Ciência” (O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap.1) e os últimos capítulos da derradeira obra de Kardec: A Gênese.

Aliás, no livro citado, o lúcido Codificador desenvolveu uma linha de raciocínio muito inspirada. Destacamos apenas um trecho que pode sugerir reflexões sobre os momentos que a Humanidade está vivendo, quais as razões, os porquês e para onde vamos: “[…] a fraternidade será a pedra angular da nova ordem social, mas não há fraternidade real, sólida e efetiva sem estar apoiada sobre uma base inabalável. Essa base é a fé; não a fé em tais ou quais dogmas particulares que mudam com o tempo e os povos e que se apedrejam mutuamente…” (A Gênese, Cap. XVIII).

Vacinas e tratamentos específicos surgirão, mas o impacto da atual pandemia poderá levar a Humanidade a buscar novos valores, com bases humanitárias, e, quiçá, assentados na “carta magna” do Cristianismo: no Sermão da Montanha.

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“Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” – Paulo (1 Cor. 6, 20).

(*) O autor é ex-presidente da FEB e da USE-SP.

Aprendamos quanto antes

Aprendamos quanto antes

“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele.” Paulo (Colossenses, 2:6)

Entre os que se referem a Jesus Cristo podemos identificar duas grandes correntes diversas entre si: a dos que o conhecem por informações e a dos que lhe receberam os benefícios.

Os primeiros recolheram notícias do Mestre nos livros ou nas alheias exortações, entretanto, caminham para a situação dos segundos, que já lhe receberam as bênçãos.

A estes últimos, com mais propriedade, dever­-se-­á falar do Evangelho.

Como encontramos o Senhor, na passagem pelo mundo?

Às vezes, sua divina presença se manifesta numa solução difícil de problema humano, no restabelecimento da saúde do corpo, no retorno de um ente amado, na espontânea renovação da estrada comum para que nova luz se faça no raciocínio.

Há muita gente informada com respeito a Jesus e inúmeras pessoas que já lhe absorveram a salvadora caridade.

É indispensável, contudo, que os beneficiários do Cristo, tanto quanto experimentam alegria na dádiva, sintam igual prazer no trabalho e no testemunho de fé.

Não bastará fartarmo­nos de bênçãos.

É necessário colaborarmos, por nossa vez, no serviço do Evangelho, atendendo­lhe o programa santificador.

Muitas recapitulações fastidiosas e muita atividade inútil podem ser peculiares aos espíritos meramente informados; todavia, nós, que já recebemos infinitamente da Misericórdia do Senhor, aprendamos, quanto antes, a adaptação pessoal aos seus sublimes desígnios.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 73. FEB)