Almir Del Prette – São Carlos/SEOB
Em 1947, um grupo de cientistas reunidos na Universidade de Chicago tomou a decisão de criar uma estratégia para avisar a humanidade sobre o risco de uma guerra nuclear com resultados nefastos para toda a humanidade. Alguns desses cientistas haviam participado do Manhattan Project. Uma espécie de força tarefa incumbida de desenvolver as primeiras armas nucleares, ainda durante a segunda guerra mundial. Todos os cientistas, os chefes militares e uma boa parcela da humanidade sabiam que os artefatos bélicos, recém-desenvolvidos iriam, pouco a pouco, se espalhar por várias nações. O domínio do átomo estava, pelo menos teoricamente, disponível e a construção de artefatos explosivos de grande poder destrutivo era previsível para breve.
A primeira questão que esse grupo se colocou, foi a de que uma estratégia de alerta quanto aos riscos de uma guerra nuclear deveria ser anunciada com urgência. Após muitas reuniões e trocas de informações, o grupo se decidiu pelo uso de uma alegoria, que pudesse funcionar como um aviso, um recurso de alerta da nefasta previsão: o relógio. O relógio há muito tempo é conhecido e usado pela humanidade e poderia ser essa alegoria, tomando-se como ponto central de referência, a “meia noite”, que representa a ausência da claridade do sol. O ponteiro maior seria um indicador de “valor para a meia noite”. O deslocamento (aproximação ou distanciamento), da meia noite, depende dos esforços de amor à paz ou à guerra que os povos cultivam.
Acontecimentos envolvendo nações com posse de armamentos nucleares sinalizam, para o grupo de cientistas, um aumento na probabilidade de conflito de grandes proporções. Quais acontecimentos seriam estes? Podemos supor alguns, por exemplo, um acidente marítimo entre embarcações militares de dois países não alinhados; discurso de algum governante que possa ser considerado ameaçador por outra nação; exercícios militares entendidos como provocação, testes de foguetes destinados a carregar ogivas nucleares etc. Diante desses e outros acontecimentos, o grupo analisa as probabilidades de desdobramentos e faz uma estimativa, movendo o ponteiro em direção à meia noite. Esse esquema não se movimenta com base na certeza, porém faz estimativas probabilísticas, com base nas histórias dos países envolvidos, na concentração do poder em poucas lideranças e na personalidade dos líderes.
Esse relógio, idealizado na década de 1950, recebeu diferentes denominações, tais como: “Apocalipse”, “Juízo final”, “Relógio do fim dos tempos”. Entretanto, ele deve ser entendido em um sentido metafórico que registra um alerta às Nações Unidas e a humanidade. Qual o efeito desse alerta? É difícil de avaliar, contudo aqueles que se empenham nesse empreendimento, o fazem de maneira séria e merecem nosso respeito.
Os momentos em que o ponteiro foi posicionado mais próximo da meia noite podem, agora, ser avaliados, como um risco real? Sim! A primeira vez que isso aconteceu foi em 1953, quando Estados Unidos e a União Soviética fizeram testes em seus países com bombas de hidrogênio. Nessa ocasião, os testes eram seguidos de bravatas de ambos os lados e os ponteiros passaram para 23h58m. Depois disso, ocorreu a chamada distensão e tivemos o relógio marcando 23h43, ou seja, a 17 minutos do ponto crucial.
Considerando guerras atuais periféricas, que distanciam alguns aliados de outros e, considerando, de um lado a presença militar ostensiva de uma nação com extraordinária capacidade bélica no pacífico e, por outro, uma espécie de delírio de poder, de uma nação que vem fazendo experiências com ogivas nucleares, a linha do tempo parece indicar aproximação da meia noite. Tal situação chama a atenção da ONU e de lideranças pacifistas, que se esforçam em busca da paz. O que cada pessoa pode fazer? Pouco, considerando nosso poder individual limitado. Bastante, enquanto membros de uma enorme parcela da humanidade que deseja a paz e crê em Deus.
Entre diversas estratégias da ONU, uma delas volta-se para a disseminação da paz entre todos, por meio de lideranças populares autênticas. Essas lideranças não são membros de partidos ou grupos políticos. Elas têm uma comunicação direta com o povo, trabalhando pela paz, sem buscar retorno político direto ou indireto. Essas pessoas foram denominadas de embaixadores da paz. São pacificadores de verdade, como por exemplo, Divaldo Pereira Franco. O embaixador da paz que se esforça no desenvolvimento do amor é aquele que Jesus denominou pacificador. Nem todo indivíduo pacífico é um pacificador. Contudo, todo pacificador é um amante da paz.
Jesus, o governador da nossa humanidade, há cerca de 2000 anos expôs que a paz não será obtida de maneira permanente por meio de tratados e demonstração de força, com a geração do medo. Disse o Mestre: “Minha paz vos dou, mas não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”(Jo, 14:27. E, no Sermão das Bem-Aventuranças, novamente se refere à paz, especificando bem-aventurança aos pacificadores (Mt, 5:9) que serão chamados filhos de Deus.
(Extraído de Boletim digital Notícias do Movimento Espírita: http://www.noticiasespiritas.com.br/2017/SETEMBRO/12-09-2017.htm)