Kardec – nascimento, obras e valorização

Kardec – nascimento, obras e valorização

    

Antonio Cesar Perri de Carvalho

O dia 3 de outubro é tradicionalmente recordado no movimento espírita para se evocar a data de nascimento de Allan Kardec, ocorrida no ano de 1804, em Lyon.

É fato sabido que Hipppolyte Léon Denizard Rivail apenas nasceu naquela cidade francesa. Na realidade, nunca lá residiu e foi criado com a família de sua genitora em Bourg en Bresse e Saint Denis les Bourg, duas cidades do Departamento de Ain, próximas a Lyon; depois estudou em Yverdon (Suíça) e atuou como professor em Paris, onde veio a executar seu papel como Codificador do Espiritismo.

Passados mais de um século e meio após a publicação dos livros do Codificador é sempre oportuno e necessário que sejam valorizadas as chamadas obras básicas, de sua autoria, e que representam a base do Espiritismo.

As obras de Kardec contém os princípios do Espiritismo e ele define na Revista espírita de 1866: “Inscrevendo no frontispício do Espiritismo a suprema lei do Cristo, abrimos o caminho para o Espiritismo cristão; assim, dedicamo-nos a desenvolver os seus princípios, bem como os caracteres do verdadeiro espírita sob esse ponto de vista”.1

Há uma importante proposta do Codificador: “A bandeira que desfraldamos bem alto é a do Espiritismo cristão e humanitário, em torno da qual já temos a ventura de ver, em todas as partes do globo, congregados tantos homens, por compreenderem que aí é que está a âncora de salvação, a salvaguarda da ordem pública, o sinal de uma era nova para a humanidade.” 2

Registro significativo de Kardec é seu conceito de que o Espiritismo é uma religião diferente das tradicionais: "Qual é, pois, o laço que deve existir entre os espíritas? Eles não estão unidos entre si por nenhum contrato material, por nenhuma prática obrigatória. Qual o sentimento no qual se deve confundir todos os pensamentos? É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário…"3

Neste ano completa-se 160 anos do lançamento de sua obra Viagem espírita em 1862, importante repositório de informações sobre os pioneiros intercâmbios que Kardec empreendeu com lideranças e interessados em Espiritismo que estavam surgindo em dezenas de cidades francesas, e, também contendo as anotações de seus valorosos pronunciamentos. O tradutor Wallace Rodrigues comenta no seu prefácio que “entretanto tudo começa, não exatamente em 1862, como o título sugere, mas, dois anos antes. O Novo ‘Atos’ se inicia nos derradeiros dias do outono de 1860”.4

A nosso ver, entendemos que com essas viagens e significativos contatos doutrinários, Kardec deu início ao movimento espírita. A leitura dos seus registros de viagem nos enriquecem com anotações da experiência de vida nos albores do trabalho do Codificador. Vale a pena nos dedicarmos ao estudo do conteúdo do livro Viagem espírita em 1862.4

A continuada e necessária propagação das obras de Allan Kardec conta com a cinquentenária “Campanha Comece pelo Começo”. Marco importante implantado pela União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo no ano de 1972, a partir de proposta do publicitário Merhy Seba. Em novembro de 2014, durante nossa presidência, a Campanha foi aprovada pelo Conselho Federativo Nacional da FEB. Portanto há 50 anos, desde a USE-SP, é divulgada a Campanha: “Conheça o Espiritismo através das Obras Básicas da Codificação”.5

É importante o bom senso para se divulgar o Espiritismo com base nas obras de Allan Kardec!

Referências:

1) Kardec, Allan. Trad. Abreu Filho, Júlio. Revista espírita. Ano IX, V.4. Abril de 1866. São Paulo: Edicel.

2) Kardec, Allan. Trad. Ribeiro, Guillon. O livro dos médiuns. Parte 2: Cap. XVII, item 200; Cap. XXIX, itens 220, 331, 332, 348, 350; Cap. XXX. Brasília: FEB.

3) Kardec, Allan. Trad. Abreu Filho, Júlio. Revista espírita. Ano XI. V.12. Dezembro de 1868. São Paulo: Edicel.

4) Kardec, Allan. Trad. Rodrigues, Wallace Leal Valentim. Viagem espírita em 1862. Matão: O Clarim. 128p.

5) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Araçatuba: Cocriação. 2021. 632p.